(Jungkook) Capítulo 60 - Onde ele merece

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Veja bem, não estava nos meus planos vir parar aqui. Mas depois de tantas garrafas de cerveja, algumas doses de tequila e uma ansiedade que não cabia em mim, fazer aquela ligação e aparecer na porta de quem eu menos imaginaria soou como uma boa ideia. Só que, depois de ficar sóbrio com o trajeto de quase quarenta minutos e comer as balas que eu encontrei no bolso da jaqueta, já não parece tão boa assim.

Observo a fachada do prédio da classe média por um instante e enfio as mãos nos bolsos, pensativo. Apesar de eu ter planejado essa conversa para acontecer o mais rápido possível, provavelmente ainda amanhã, dar as caras em plena madrugada, às duas da manhã, e praticamente sem aviso agora não foi a coisa mais sensata a se fazer.

Pois bem, se estou aqui de qualquer forma, vamos logo acabar com isso.

Aperto o número no interfone ao lado da entrada e não demoro a ser atendido. A porta se abre e eu vou direto para o elevador, no final do corredor bem iluminado, apesar do horário. Pressiono o botão do quinto andar e me recosto no espelho.

Meus pensamentos trabalham à mil. Eu ainda não sei exatamente o que fazer, só tenho uma vaga noção do que pretendo. Contudo, preciso começar por algum lugar e espero que esse seja realmente o primeiro passo dentro desse tempo limitado.

As portas da caixa de metal se abrem e de imediato encontro-o parado em sua porta, a alguns metros de distância. Ainda com as mãos nos bolsos, começo a caminhar, observando-o com os braços cruzados e me olhando com as sobrancelhas franzidas, como se tentar bancar o "machão" fosse surtir efeito comigo.

Ah, faça-me o favor!

Se não tivéssemos assuntos em comum, eu riria da sua cara.

- Eu não acredito que você está aqui, ainda mais bêbado. - é a primeira coisa que diz, assim que me aproximo.

- Eu não estou bêbado.

- E esse cheiro?

Dou de ombros, parando bem a sua frente.

- Eu disse que não estou bêbado, não que não bebi. - respondo.

- Você tem consciência de que só tem dezenove anos, não é?!

- Já sou maior de idade. Não estou indo contra a lei, professor.

Solto, sem poder conter o meu deboche. Jackson passa a mão no rosto e suspira.

- O que está fazendo aqui, Jungkook? Imagina o susto que eu tomei ao receber a sua ligação?! A propósito, como conseguiu o número do meu celular?

- Primeiro: eu consegui o seu número com um conhecido da classe onde é responsável. Segundo: admito que não foi a melhor das ideias aparecer aqui à essa hora, mas trata-se de algo importante. E antes que pergunte, eu não vim aqui como o seu aluno, eu vim aqui como o homem que sou.

Sua expressão muda com o que digo. Acho que a seriedade em minha voz demonstra que não estou para brincadeiras. E do jeito que me encara, creio que saiba exatamente do que iremos falar.

- Venha. Entre. - ele diz.

Abre espaço ao dar um passo para o lado e eu entro. Como imaginei, seu apartamento é amplo, nem se compara com o lugar onde vivo. O tamanho da sua sala de estar equivale praticamente ao meu sobrado inteiro.

Caminho até o sofá e não me contenho em dar mais uma analisada ao redor. De canto de olho, no entanto, observo Jackson circular e parar do outro lado da mesinha de centro.

- Eu te ofereceria uma bebida, mas só tenho chá e cerveja. Pelo o que presumo, chá não deve ser muito do seu gosto, e com certeza não vou contribuir para que fique bêbado de novo.

IrresistívelWhere stories live. Discover now