Capítulo 44 - Por ele

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Durante alguns segundos, com a pulsação à mil, observo o pequeno móvel onde até então Jungkook estava enquanto absorvo o que acaba de acontecer dentro deste armário. Sua história, seus sentimentos e, principalmente, a forma como disse estar disposto a lutar por nós. Tudo veio tão repentinamente e certeiro, que tenho vergonha de lembrar que o julguei sem saber nem um terço da sua verdade.

E, céus, isso me perturba. Imaginar que fiz tantos prejulgamentos estando cega pela ignorância e pela raiva me perturba. Só não perturba mais do que o pensamento de que eu poderia ter tomado a iniciativa e o beijado ao invés de continuar parada como uma completa tonta, do exato jeito que estou agora.

É uma atitude tão patética, que chega a me dar pena.

Sinto o sangue correr outra vez no corpo e, num ímpeto de coragem, abro a porta às pressas. Olho para os dois lados no corredor e nem sinal de Jungkook, apenas o vazio e o som distante dos alunos indo para as suas casas. Suspiro, desapontada. Óbvio que ele não estaria me esperando do lado de fora, justo no lugar onde TODOS os professores e a excelentíssima diretora vivem andando de um lado para o outro.

Ah, claro. Porque ele se daria ao luxo de levantar ainda mais suspeitas desse jeito.

Bato a testa contra a parede, tanto pela frustração de não encontrá-lo como por só agora notar a estupidez que foi abrir a porta sem levar em consideração que alguém poderia estar passando no corredor. Como se fosse super normal estar andando e encontrar uma professora saindo do armário do zelador, sem sequer ter uma razão para isso. Oh, super normal e nada suspeito...

Frustrada, volto para a sala dos professores e nem penso duas vezes em enfiar as atividades para corrigir na bolsa e tomar o rumo de casa. Se eu continuar aqui, tenho certeza de que não vou conseguir me concentrar em absolutamente nada - embora em minha casa possa acontecer exatamente o mesmo. De qualquer forma, prefiro ficar me remoendo na presença da Manuela do que sob os olhares dos outros professores.

Depois de despedir-me dos demais e do dono do armário na saída do estacionamento, com as bochechas nitidamente coradas, pego um táxi na frente do colégio e em minutos estou na frente de casa. Para a minha surpresa, encontro Manuela assim que abro a porta, trabalhando em algo na frente do laptop. Ela olha para trás, me cumprimentando com um sorriso rápido, mas ao notar a expressão de "bocó" que provavelmente eu estou, franze as sobrancelhas e me chama com um gesto.

- O que foi? - pergunta, dando espaço para que eu sente ao seu lado.

Largo a bolsa juntamente com as pastas na poltrona e solto um suspiro ao afundar no sofá. Manuela fecha o laptop e se ajeita para ficar de frente para mim.

- Deixa eu adivinhar, o seu problema começa com Jung e termina com Kook. Certo?!

Faço uma careta involuntária. Odeio quando ela fala desse jeito, me taxando de previsível - ainda que seja verdade. Encaro-a, em dúvida se conto o que ocorreu ou fico calada só por sua tentativa de ser engraçadinha. No fim, decido abrir o jogo.

IrresistívelWhere stories live. Discover now