Capítulo 37 - Eu nunca

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Petrificada e sentindo a decepção amargando cada vez mais a minha boca, observo os dois garotos se beijando, como se suas bocas fossem muito íntimas. Taehyung, que está entre as pernas de Jungkook, devora-o, enquanto tem a cintura agarrada com a firmeza que tanto conheço. O que só me dá mais certeza de que não é a primeira vez que isso acontece.

Tento não olhar, tento mover o meu corpo para o mais longe possível dessa sala, mas o meu lado masoquista parece me estancar no mesmo lugar. Meu coração, que antes batia feito louco, agora dói de um jeito que não sei explicar. Dói e dói muito. Ao mesmo tempo em que se enche indignação; de raiva, de mágoa, de tristeza... de um misto de emoções que me revira por dentro igual a um furacão.

Definitivamente, ao receber aquela mensagem, eu esperava por tudo. Principalmente que Seo Yun e ele estivesse aos amassos de novo, já que nos últimos dias os vi mais juntos que o habitual. Agora, com Taehyung? Um de seus melhores amigos e alguém que eu considerava uma boa pessoa? Ah, isso eu realmente jamais imaginaria. E talvez tenha sido exatamente por saber que eu seria tola o suficiente para não suspeitar, que tiveram a ousadia de manter esse "caso" bem debaixo do meu nariz.

Enquanto eu acreditava no "conto de fadas", os dois estavam rindo em minhas costas.

Patético!

Sentindo-me a maior idiota do mundo, continuo observando, ainda que meu peito pareça querer se partir em dois a qualquer momento. Covardemente, é o que eu faço. Porém, ao notar as mãos de Taehyung descendo e acariciando o peito de Jungkook por dentro da camisa, não posso mais suportar. Sou dominada pela raiva.

Abro a porta de supetão e os dois garotos se afastam de imediato, com os olhos arregalados e ofegantes. Meu estômago revira só de pensar no porquê de estarem assim, mas, não querendo demonstrar o quanto me afetam, engulo com custo o nó entalado na garganta e mascaro a mágoa com a frieza. Como aprendi há três anos atrás.

De braços cruzados, encaro-os em silêncio e a surpresa é nítida em suas expressões. Especialmente em Jungkook. Seu rosto está tão pálido que eu poderia facilmente confundi-lo com algum parente do Yoongi; percebo seus ombros tensos, assim como o maxilar, e seu peito subindo e descendo depressa. Se eu não o conhecesse como conheço e soubesse que não passa – provavelmente - de mais uma de suas encenações, diria que está prestes a chorar. Como se algo desse tipo fosse possível.

- Professora Clara, nós... – Taehyung balbucia, mas com um gesto meu e ele se cala.

- Eu sei exatamente o que estavam fazendo aqui, senhor Kim. Porque eu vi!

Dito, com a voz mais cortante que uma faca. Nenhum dos garotos se pronuncia. Olho para Jungkook, tentando mostrar o meu mais profundo desprezo, mas os sentimentos que tenho por ele me acertam como um soco, tanto que sinto a máscara da frieza se desfazendo.

Eu sou tão fraca!

Novamente eu os observo, mas ciente de que sou incapaz de levar a situação adiante sem deixar que a Clara professora e a Clara magoada se misturem e causem – mais um - grande problema, vou em direção a porta e falo:

- Saiam daqui...!

Não espero que respondam ou tomem uma atitude, apenas saio da classe e praticamente corro para as escadarias, rumo a sala dos professores para pegar minha bolsa e sumir do colégio. Porém, um aperto repentino ao redor do meu pulso impede que eu prossiga.

Meu tolo coração dispara. Minha respiração se agita.

Esse toque.... Mesmo que eu quisesse, não poderia esquecê-lo e muito menos confundi-lo. E, ainda que contrariada, não posso dizer que não o desejo. Porque, céus, como eu o desejo.

IrresistívelWhere stories live. Discover now