06 - apple struddel.

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"Bom dia." Sorrio quando chego a mesa da cozinha e vovó e vovô estão conversando enquanto meu irmão mais velho, o Damian, ajuda Oliver com o dever de casa.

"Bom dia, flor do dia. O que acha que ir até a padaria hoje? Harry não estará lá, ele não trabalha aos domingos, mas gostaria de te levar." Vovó sugere e eu afirmo, sem entrar na conversa sobre Harry. "O que vocês fizeram? Não sabia que já estavam amigos ao ponto de sair juntos."

"Eu e Harry?" Pergunto, ela afirma.

"Quem é Harry?" Damian pergunta.

"Namorado dela." Oliver responde e eu nego, balançando a cabeça.

"Ele não é meu namorado. Eu apenas assisti sua apresentação no bar no fim da rua, e depois ele me trouxe para casa." Explico para minha avó, poupando maiores detalhes, e ela tem uma expressão esquisita no rosto, como se soubesse de segundas intenções minhas para com ele.

"Ele passou aqui hoje." Vovó diz, e eu franzo o cenho, confusa. "Ele disse que ontem, no bar, você pediu uma porção de batatas fritas e acabou se esquecendo de buscá-la no balcão. Então ele trouxe uma caixa, está naquela sacola, acho que tem batata frita."

"Eu quero!" Oliver pede.

"Não no café da manhã." Meu avô repreende. "O garoto trouxe uma porção da noite passada? As batatas devem estar todas murchas."

"Não é batata frita." Eu falo assim que abro a caixa que havia dentro da sacola de mercado.

A caixa de papelão contém uma mensagem que diz 'Horan disse que o bar está te devendo uma  porção de batata frita. Eu, por coincidência, estava pensando em ir até o bar hoje, à uma hora da tarde, comer um hambúrguer. Talvez você devesse aparecer, Ray. Eu estarei lá. Ah, e eu trouxe um doce para você apenas como desculpa para aparecer aqui e te chamar para sair. Espero que goste de strudel de maçã. — H.'

"E o que é?" Vovó pergunta enquanto tiro o doce do pacote e coloco em um pote. "Este menino é o maior fofo, mandou o melhor doce da padaria para minha neta."

"Ele com certeza leu Coração, Cabeça e Estômago, aquele romance do Camilo Castelo Branco." Meu avô comenta, virando uma página de seu jornal, sem tirar os olhos do papel. "Está tentando conquistar Very com comida."

E está funcionando.

"Isso é tão bom." Fecho os olhos, saboreando o doce, dividindo-o com meu irmão e meus avós e secretamente desejando que eu tivesse mantido este strudel apenas para mim.

Algumas horas se passam e eu estou me arrumando para encontrar Harry no bar — mais uma vez. Riley está assistindo Hannah Montana e eu apenas escuto as falas enquanto minha irmãzinha descreve algumas cenas já que realmente não estou olhando a tela. "Ela beijou o Jake!"

"Ela deveria ter escolhido o Jesse." Bufo, passando rímel. Já sabia que Miley iria optar por Jake, mas todos sabemos o que acontece depois.

"Você deveria usar algo mais sexy." Sophie entra no quarto.

"Usa essas roupas largas, desse jeito o padeiro não vai perceber que você tem um bundão." Ela completa, batendo na minha bunda e atrapalha meu rímel. Eu grito com ela, irritada por ter tido a maquiagem borrada, e ela me trás um demaquilante. Agora tenho que fazer tudo de novo.

"Por mais que eu adore a ideia de ter um garoto olhando para minha bunda como um homem das cavernas," Ironizo para Sophie. Não há nada de errado em querer sensualizar, mas Sophie sempre fez isso para os homens e não por ela, e eu não gosto disso. Ao menos não para mim. O dia que eu me vestir para um homem será o dia em que vou ter certeza que enlouqueci. É claro que quero que ele me ache bonita, mas isso deve ser uma consequência de eu estar vestindo algo me faz me sentir bonita, e não o contrário. "Está frio demais para usar algo muito diferente de três camadas de calça."

"Eu prefiro passar frio." Ela diz, e eu fico calada. Eu não prefiro passar frio, mas se ela sim, o problema é dela. O moletom por cima de duas leggings irá continuar.

Meia hora se passa e estou no bar ao final da rua, Harry está jogando sinuca com seu amigo que estava aqui ontem, o Liam, e abre um sorriso ao me ver. "Verônica!"

"Achei que não pudéssemos chamá-la de Verônica." Niall fala, do balcão.

"Para seu governo, Verônica me autorizou a chamá-la assim todas as vezes que eu me sentir perfeita e completamente feliz." Harry fala, andando até mim e me dando um abraço. "E eu estou me sentindo assim agora que vi que ela realmente veio."

"Mas que papinho barato, hein?" Liam ri, batendo nas costas de Harry e depois me dá um beijo na minha bochecha. "Cai nessa não, Ronnie, Harry fica flertando o dia inteiro."

"Ah, é?" Arqueia as sobrancelhas para o homem de olhos verdes, que nega as afirmações de seu amigo como se estivesse sendo acusado de cometer um assassinato. "Harry, está usando Verônica até demais, não acha? Está banalizando o termo."

"Mas eu estou sempre feliz com você." Ele diz, e eu não caio em sua conversinha, mas ela me faz sorrir de qualquer jeito. "Deveríamos colocar uma cota para o número máximo de vezes que devo te chamar de Verônica?"

"Vamos reduzir a uma vez a cada um milhão de vezes. Agora pode me chamar de Ray de novo?" Gargalho, ele me acompanha.

"Claro, Ray." Harry pisca um dos olhos para mim, colocando a mão sobre minhas costas. "Vamos nos sentar?"

"Sim." Sorrio, andando em direção a uma mesa qualquer. O bar fica mais vazio na hora do almoço.

"Niall, faz a batata da Ray, por favor." Ele pede e o loiro afirma, andando até a cozinha.

"Não vai mais jogar sinuca com Liam?"

"Não, eu só estava jogando por Maya, ela está no banheiro." Ele diz, tirando um de seus casacos. "Esse inverno está de foder. Eu gostaria de poder passar um fim de ano que fosse na praia."

"Parece um sonho." Sorrio, concordando com sua ideia.

"Falou com sua família? Sobre a virada do ano novo lá na praça?" Ele pergunta, e eu nego. "Tem que conversar com eles, estou precisando de alguém para meu beijo da meia noite."

Cara de pau.

"Ah, e você acha que eu serei a pessoa que te dará esse beijo?" O olho de forma a debochar dele.

"Não vai?" Ele pergunta, mordendo o lábio, e eu rio, negando. "Nem um beijinho?"

"Você é mesmo abusado, não é, garoto?" Rio, negando. "Não vou te beijar na virada do ano novo."

"Então quando vai me beijar?" Ele está achando graça de tudo e eu também.

"Quem disse que vou te beijar?" Sorrio, provocativa. É óbvio que vamos nos beijar em algum momento, eu não sou idiota ao ponto de não saber que é isso que ele quer.

"Ah, nós vamos nos beijar." Harry para de falar quando chega minha porção de batata frita.

"Obrigada, Niall." Sorrio e ele afirma, saindo de perto da nossa mesa.

"Pode não ser hoje, pode não ser amanhã." Harry volta a falar, o sorriso no rosto. "Mas eu vou te beijar."

Minha nossa senhora.

Sunflower, Vol.6 - HSOnde as histórias ganham vida. Descobre agora