50 - grandma's piano classes.

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50 capítulos.... MEU DEUS

Eu senti um susto quando senti meu corpo sendo abraçado por trás durante o meu trabalho. Eu estava prestes a dar uma cotovelada em quem quer que fosse, mas senti o perfume que Harry passa todos os dias e relaxei. "Harry!"

Ainda em seus braços, ele coloca a boca no meu ouvido. "Me dê todo seu amor e carinho e ninguém sai ferido."

Dou risada, tentando não pensar na escolha de palavras dele. Amor?! Ele me ama ou não? Esse homem precisa me dizer isso logo antes que eu enlouqueça. "Eu prometo!"

Ele sorri, me soltando e me virando para olhá-lo. "Como você consegue estar ainda mais linda a cada dia?"

Eu abaixo o olhar, sorrindo levemente. "Para..."

"Você quer que eu pare de te elogiar?" Harry me julga, de bom humor, as mãos na minha cintura. "Você adora ser elogiada. O que foi? Tá triste?"

"Não." Balanço a cabeça, e ele me abraça. "Eu tenho que trabalhar, Harry."

Ele me solta, um sorriso sem graça no rosto. "Foi mal. Você quer ir até o trailer hoje a noite?"

"Eu vou passar um tempo com meus irmãos." Sorrio gentilmente, me virando de costas para ele e trabalhando. Nem eu sei porque estou assim. Acho que a ideia dele não ter dito que me ama — de propósito — me faz mais mal do que eu pensava.

"Quer ajuda?" Harry começa a organizar errado alguns discos em vinil e eu respiro fundo para não corrigi-lo. Harry para o que está fazendo e vira para mim. "Eu coloquei um vinil da Lady Gaga em cima de um do Queen."

"Eu sei." Falo, continuando a arrumar.

"Eu não sei o que eu fiz agora. Por que tá chateada comigo?" Harry está frustrado comigo e eu entendo, mas eu não consigo fingir me sentir feliz quando não estou.

"Não tô chateada com você. Só estou pensando."

"Sobre o quê?" Ele está irritado comigo, mas não fala alto. "Nós? Eu não fiz nada... Não que eu saiba! Está pensando sobre nosso namoro?"

Sim. "É claro que não. Pode me dar licença?"

Eu realmente preciso que ele me dê licença. Estou trabalhando.

"Ray..."

"Harry." Olho em seus olhos, sabendo que estou mentindo como a garota imatura que sou. Mas não consigo evitar, não agora. "A gente tá bem. Eu prometo. Você ouviu o que eu disse no final da ligação de ontem?"

Perguntei demais.

"Quê?" Ele franze o cenho. "Hum, sim? Eu ouvi tudo que você disse. Por quê?"

É por isso que não se deve fazer perguntas que não quer ouvir a resposta.

"Nada não." Sorrio, balançando a cabeça. Querendo chorar. Ele ouviu e não entende porque estou assim. "A gente se fala depois. Eu tenho que trabalhar."

Harry está com as sobrancelhas franzidas, sem entender. Como pode ser tão cínico? "Ok... Me avise quando chegar em casa... Pode ser?"

Afirmo, virada de costas para ele, uma lágrima descendo pelo meu rosto.

"Como está o Harry? Ele não vem aqui há alguns dias." Minha avó me pergunta enquanto eu pinto minhas mãos na mesma mesa onde ela está fazendo tricô.

"Bem." Respondo, seca.

"Vocês estão bem? Discutiram?" Vovó questiona, eu nego com a cabeça. "Então por que parece irritada com ele?"

"Não estou." Borro o esmalte da unha. Vovó arqueia as sobrancelhas como se tivesse ficado feliz com meu pequeno fracasso, por ter sido grosseira com ela. "Desculpe."

"Tudo bem... Quando eu e seu avô brigamos, não falo sobre isso com ninguém também." Ela sorri para me fazer sentir melhor.

"Vó... Por que gosta tanto do Harry? Não pode ser apenas pela simpatia dele." Eu falo de repente. Essa pergunta sempre passou na minha cabeça.

Vovó Audrey para de tricotar, mas suas mãos ainda estão segurando a lã. "Harry... Ele é teve uma vida difícil."

"Como sabe disso?" Harry fez questão de esconder isso de todos... Porque minha avó saberia sobre Penny?

Ela respira fundo, baixando o olhar, o maxilar travado. Ela está me preocupando. "Venha aqui, meu bem."

Me aproximo dela, ainda com cuidado para não borrar minhas unhas. "Fale logo, vó. Está me preocupando."

"Você conhece a prima do Harry, a Jacklyn?" Ela pergunta, e eu afirmo. O que essa garota tem a ver? "Eu costumava dar aulas de piano para ela. Quando ela tinha doze anos. Ela era minha melhor aluna."

"Ok..."

"Ela fazia a aula junto com uma outra menina... Penélope." Ah, meu Deus. Penny. "Desde o primeiro dia... Desde a primeira aula delas, eu percebi alguns olhares de Jacklyn para Penélope."

"Olhares?"

"Paixão." Como é? Jacklyn era apaixonada por Penny?

"Vó, a Penny ficava com o Harry." Falei, achando isso um absurdo. Ela deve ter se confundido.

"Jacklyn fez piano comigo até o dia do acidente de Penny." Vovó disse. "Ela nunca mais voltou e, bem, agora está doida. Jacklyn confiava em mim, ela me contava sobre como sua namorada fingia namorar o primo dela para que elas conseguissem ser vistas em público sem que suas famílias proibissem. Ela dizia que o primo dela estava apaixonado e dava tanta risada. Eu apenas escutava, aconselhava a não fazer, mas como poderia impedir essas meninas de viverem seu amor? Eu não conhecia o primo, não havia necessariamente a maior empatia por ele... Mas havia por elas. Pelas duas."

Ah, meu Deus. Eu odeio a Penny. Odeio ela, odeio ela com todas as minhas forças.

Ela nunca sentiu nada por Harry.

Ela o usou mais do que ele já sabia.

"Vó, por que nunca me disse isso? Tem certeza disso?" Pergunto, indignada. Ela dá de ombros, olhando para o chão, pensativa.

"Eu me lembro da época que Harry entrou na padaria. Sabia que ele era parente de Jacklyn, mas não sabia que era aquele primo que ela falava tanto. Ele comentava com as senhoras que trabalhavam com ele sobre a menina que amava, e todas as coisas românticas que estava planejando. Um dia eu perguntei, me intrometi na conversa. Ele disse o nome de Penélope, e eu me senti tão mal, Very, eu juro. Eu queria dizer para ele, mas não consegui. Eu sabia que se ele terminasse com a Penélope, ela é Jacklyn não poderiam mais estar juntas. Os pais de Jacklyn são tão preconceituosos, e os Penny... Enfim. Eu me senti tão mal por Harry, e me arrependo tanto de não ter dito. Se ele não tivesse continuado com ela, eles não teriam sofrido o acidente e ela não estaria..." Vovó claramente se sente culpada por isso. Não é culpa dela. É de Penny, e de Jacklyn. Eu entendo que elas queriam viver o amor delas, mas fazer isso usando o Harry é simplesmente nojento. E Jacklyn tem coragem de tratar ele mal. Eu odeio ela. Odeio mesmo. Eu estou me sentindo mal por elas, sim, mas minha empatia tem limite. Penny sempre tratou Harry como lixo, e Jacklyn também... E agora descubro que ainda por cima ele servia de brinquedinho pra elas. "Vou entender se quiser contar para ele. É o certo."

"Acha que devo?" Pergunto, insegura.

"Sim. Eu não queria te contar para que não tivesse essa responsabilidade, porque agora você tem que contar ou será tão ruim quanto eu." Ela fala, e eu quero chorar.

"Você não é ruim, vovó."

"Eu não tenho tanta certeza." Ela deixa uma lágrima cair, e depois outra. Eu a abraço, respirando fundo, tentando acalmar a minha avó.

Se eu não a conhecesse bem, diria que ela sabe de mais coisas que quer me poupar de saber.

Sunflower, Vol.6 - HSWhere stories live. Discover now