77 - audrey.

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A experiência de ver Oliver no hospital foi tão horrível que eu esqueci a maior parte da primeira noite. Eu sei que vim de Paris a Londres, que cheguei e que ele já estava em cirurgia. Eu sei que isso aconteceu, mas não lembro de nada. Acho que meu cérebro ficou tão estressado que mal conseguiu processar os acontecimentos.

Era a terceira noite que eu não dormia direito. Oliver estava se recuperando, e eu ficava acordada sempre que ele estava dormindo. E quando estava acordado também.

"Amor." Harry entrou no quarto. "Ele está dormindo agora. Dorme um pouco. Eu cuido dele."

"Não... Eu preciso olhar o Oliver." Choramingo. Harry se senta no sofá onde estou e me coloca em seu colo.

"Precisa dormir." Ele fala, a cabeça no meu pescoço. "Está parecendo um zumbi."

"Não fala assim..." Fecho os olhos, me segurando para não chorar.

"Ei, era brincadeira..." Ele me abraça forte. Eu sei que era brincadeira, mas estou muito mal para conseguir rir. "Desculpa, eu te amo. Você é linda. Mas está me matando ver você assim. Ele está bem."

"Ele não está bem." Oliver está se recuperando da cirurgia de uma forma boa, mas ele passa a maior parte do tempo irritado comigo. Ele disse que queria que eu deveria ter estado com ele antes e até mesmo me culpou por isso. Ele é uma criança, e eu sei que deveria ignorar essas palavras, mas não consigo. "Eu preciso estar aqui por ele."

"Você precisa dormir um pouco." Ele fala, mexendo no meu cabelo. "Eu juro pela minha vida que vou ficar aqui o tempo todo, acordado, e que vou te acordar se ele acordar ou se algo acontecer. Pode dormir agora?"

Olho para ele, irritada. "Não me acordou da última vez."

"Por isso estou jurando com a minha vida agora."

"Está bem." Resmungo, me deitando no sofá do hospital, a cabeça em seu colo, tentando relaxar, mas me agito de novo. "Sabe que se o aparelho apitar é pra chamar a enfermeira, não é? E se ele ficar ofegante..."

"Eu sei." Ele coloca a mão na minha cabeça, fazendo carinho. "Dorme. Sua mãe também vai aparecer a qualquer momento, tudo sobre controle."

"Ok." Respiro fundo.

Não consegui dormir. Mas fechei os olhos.

Foi assim pelos próximos dias.

O tempo passava tão devagar.

Haviam momentos que meu corpo não aguentava e dormia, mas eu continuava elétrica. Pensando sobre meu irmão o tempo todo. Ele estava bem, estava melhorando, mas e se isso mudasse? E se seu coração de repente parasse? Eu precisava cuidar dele.

Oliver deixou o hospital depois de sete dias com uma máquina que ainda monitorava seu coração que, de tão frágil, aprendeu a ser forte. Harry sugeriu nos levar de carro até o jardim de girassóis na fazenda de seu avô no dia em que Oliver foi liberado do hospital. Não entendi o motivo.

"Ele precisa ficar de repouso." Resmunguei quando entrei no carro. Oliver estava com sono. Ele estava sempre com sono. Desde o dia que o vi pela primeira vez no hospital.

"Podemos passar a noite lá." Harry falou. "Meu avô está em Londres, ele precisa de alguém que cuide da casa... Depois de dias no hospital, acho que o Oliver precisa de um ar livre. E você também."

Revirei os olhos. Estava mau humorada. Há dias.

Nem ao menos parecia que havia acabado de me casar. Harry contou para minha mãe, em um dia no hospital, ela achou legal, mas estava tão angustiada por Oliver que mal se importou. Minha avó comprou um conjunto de panelas para gente. Vovó não teme pela saúde de Oliver — está tranquila. Eu sei que ele está bem. Que não há o que se preocupar. Mas não consigo parar de me sentir mal.

Sunflower, Vol.6 - HSحيث تعيش القصص. اكتشف الآن