64 - jeremy (the cactus).

796 78 67
                                    

"Qual deve ser o nome dele?" Eu perguntei assim que Harry pagou pelo pequeno vaso branco com cactos pequenininhos.

"Hum..." Ele segurava o cacto com uma mão e me puxou pela outra mão para lhe abraçar no meio da rua. Estamos no meio da estrada para Sandbach, uma cidade perto de Holmes Chapel onde iremos encontrar o antigo padrasto de Harry. Estamos adiantados então paramos na estrada para pegar nosso cactozinho. "Harry."

"Harry?" Franzo o cenho. "Isso é tão narcisista! Por que não Verônica, então?"

Ele ri, negando. "Não Harry, Rarry! Tipo Ray e Harry."

Fico boquiaberta, sorrindo por fim. "É muito ruim."

"Não é."

"Soa igual seu nome, amor. Temos que pensar em outro..." Eu penso em uma junção dos nossos nomes enquanto me abraço cada vez mais aconchegada nele, que mexe no meu cabelo com sua mão livre. "Hay!"

"Soa como Ray."

"Merda." Suspiro, e ele está achando isso engraçado. Harry segura meu rosto e sorri pra mim enquanto eu continuo pensando em nomes. "Verônica mais Harry... Verry."

"Não é esse seu apelido? Que sua avó de teu?" Ele questiona, sorrindo mais ainda da situação.

"É Very, não Verry. Very é mais uma vibe norte americana, agora Verry soa como um francês falando."

"Só se for um francês querendo limpar a garganta cheia de ranho." Harry estraga o termo para mim e eu gargalho, tombando a cabeça para trás e ele me aperta em seu abraço.

"Amor!" Bato em sua bunda, o único lugar que minhas mãos alcançam agora que estamos abraçando um ao outro e eu não vou soltar. "Estragou o nome perfeito para o cacto. Como a gente vai fazer um nome de casal?"

"Herônica." Ele dá de ombros, e eu franzo o nariz. "É o único que funciona, bebê."

"É feio. Parece hemorroida."

"Não parece." Ele defende e eu insisto que parece. "Bem, a gente vai ter que chamar esse cacto de Jeremy."

"Jeremy?" Rio. "De onde você tirou isso?"

"Um funcionário lá dentro da loja de plantas chamava Jeremy. A esposa dele tava falando: 'Jeremy, eu vou te trocar pelo Steve se você não for para a academia.' Você não viu?"

"Não."

"Isso é por que você só ficou no celular enquanto a gente comprava nosso cacto." Ele tenta me fazer me sentir mal, e eu reviro os olhos. "Nosso filho, Ray."

Reviro os olhos mais uma vez e pego o vaso com o cacto. "Eu amo nosso filho. O Jeremy é o cacto mais bonito de todos. É isso que mães falam. Sendo que na verdade você deveria ter escolhido aquele cacto que eu falei porque era mais bonito que esse e-"

Ele me ataca com cócegas, e quando percebo, o vaso do cacto está voando para fora da minha mão, caindo no chão e quebrando o vaso branco e espalhando terra.

"Jeremy morreu?" Harry está com as mãos cobrindo a sua boca. Eu olho para ele, preocupada, e ele se abaixa para recolher os cacos do vaso e o pequeno cacto. "Nope. Ainda vivo."

Harry entra de novo na loja e volta com um vaso novo, o mesmo cacto mas em um vaso novo. Ele estica a mão para me entregar o pequeno vaso e eu noto uma pequena marca em seu pulso, uma manchinha discreta. "Você se queimou? Que marca é essa no seu pulso?"

"Marca de nascença." Ele confere o que estou me referindo antes de responder, depois estica a mão para mim e entrelaça nossos dedos. "Será que nossos filhos vão ter isso também?"

"Filhos?" Dou risada, andando com ele até o carro. "Achei que tínhamos estabelecido um contrato que nossos filhos são esse cacto, um cachorro e um peixinho."

Eu também quero ter filhos. Humanos. Não agora, é claro, mas não sei como reagir de outra forma ao Harry dizendo isso. O braço dele passa pelos meus ombros e ele beija minha bochecha. "Acho que daqui alguns anos podemos mudar as cláusulas desse contrato."

~

"Eu não quero entrar ali." Harry fala, nervoso em se encontrar com o padrasto depois de quatro anos sem conversar com ele. "Olha ele... Observando os brinquedos do Mc Lanche Feliz. Patético."

"Não fala assim dele..." Falo, secretamente curiosa para saber qual é o brinde dessa semana. "Vai ser legal, Harry."

"Não vai ser legal." Ele suspira. "Vem, vamos logo acabar com isso. Meia horinha e vamos embora."

Respiro fundo, deixando o carro e pegando na sua mão. "Tenha calma. Você que convidou ele..."

"É, mas ele..." Ele começa a querer falar mal do Robin de novo e eu me coloco na sua frente, minhas mãos em seu rosto, fazendo com que olhe para mim.

"Ei..." Meu polegar acaricia sua bochecha. "Confia em mim. Vai ser bom."

"Você não tem como saber disso."

"É McDonald's, Harry, é um lugar feliz. Não tem como ser ruim." Brinco, e ele revira os olhos, evitando um sorriso. "Vai, me dá um beijinho e vamos entrar."

Harry se inclina para baixo e me beija delicadamente, respirando fundo no final. Eu o abraço com força, sabendo que é um momento importante para ele, grata por ele me escolher para estar ao seu lado. "Eu te amo, e estou aqui por você. Ok?"

Ele toca sua mão na minha e sorri finalmente, suspirando. "Ok."

Nós entramos no McDonald's  e o padrasto de Harry está esperando na fila. Harry aperta minha mão e eu solto da dele apenas para colocar minha mão em suas costas, acariciando para ele se acalmar. O seu braço passa por trás da minha cintura e eu dou um beijinho em seu ombro antes de nos aproximarmos de Robin. "Ei! Tudo bem? Eu estou na fila para todos nós, o lugar está lotado."

"Oi, Robin." Harry não o cumprimenta fisicamente, apenas dizendo isso. "Valeu pela fila. Essa é a minha namorada, Verônica."

"Muito prazer, Verônica." O padrasto simpático de Harry estica a mão para eu apertar,  eu quase sinto minha pressão descendo quando seguro sua mão e vejo uma manchinha em seu pulso. Igual a do Harry.

Senhor, eu devo estar vendo coisas, não é possível. Maldita Maya por colocar essa teoria na minha cabeça e maldito Harry por não perceber o óbvio. A merda do óbvio!

Robin é seu pai.

Sunflower, Vol.6 - HSTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang