73 - the peak of my existence.

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"Você é o auge da minha existência."
- Jessica Mazin

Sempre que eu escuto alguma coisa absurda, eu começo a rir descontroladamente. Mas eu não ri desta vez. Harry havia acabado de me pedir em casamento — eu acho? — e isso só poderia ser brincadeira porque ele deve saber que não há nenhum cenário em que isso seja possível. "Não foi engraçado."

"Não é brincadeira." Harry fala, e eu não consigo acreditar.

"Harry!" Bato em seu braço. Isso é uma piada de mal gosto.

"Verônica." Ele se derrete em um sorriso. "Casa comigo."

"Não tem graça isso, Harry!" Brigo com ele, balançando seus ombros, indignada.

"Casa comigo." Harry continua com o mesmo sorriso no rosto, inclinando a cabeça para o lado, achando graça da minha reação.

"Não pode estar falando sério." Cubro meu rosto, balançando a cabeça. "Harry, somos crianças."

"Eu tenho vinte e quatro." Argumenta. "Você vai fazer vinte e um daqui um mês."

"Harry, a gente faz um mês de namoro hoje. Você tá doido?" Meu Deus, isso é um ataque do coração? Eu devo estar morrendo. A beira da morte. "A gente não tem dinheiro para um casamento."

"Eu posso vender o meu trailer."

"Não vai vender seu trailer para fazer nosso casamento!" Ele está doido, tenho certeza agora. Como ele pode sugerir vender o lugar onde mora para pagar uma festa de casamento?

"Então vamos no cartório." Ele sugere e eu balanço a cabeça. "Por que não?"

Eu não quero casar no cartório. Sonhei minha vida toda em me casar, e em nenhum cenário isso aconteceu em um cartório. Eu quero me casar com Harry, mas agora? Isso é impossível. Por mais que me pareça a melhor coisa do mundo chamá-lo de marido, eu preciso ser realista. "Eu quero um casamento num lugar bonito, Harry, não em um cartório. Precisamos trabalhar muito pra isso e aí casamos."

Me dói dizer isso, mas preciso ser real.

Os olhos de Harry baixam, e ele afirma. "Não fica chateado comigo, amor. Por favor."

"Eu entendo, é loucura mesmo." Harry fala, o tom de voz baixo enquanto tira uma caixinha de sua mochila. Aí meu Deus, ele preparou isso, não foi no impulso. Ele abre a caixa e tem uma aliança. Ele engole em seco e sorri em seguida, um sorriso quebrado. "Comprei no dia que você me deu o vinil."

"No seu aniversário?" Franzo o cenho. Ele é perfeito. Absolutamente perfeito. "Harry, isso... Você já sabia que queria isso desde aquele dia?"

"Sim." Ele sorri, me olhando nos olhos, e os abaixa de novo.

"Eu realmente sinto muito. Não é por falta de amor, ou de vontade, é só porque sei que não conseguiríamos fazer isso agora..." Sei que ele está muito chateado comigo, e eu odeio isso, mas como poderíamos nos casar da maneira como sonhamos em tantas madrugadas de conversas longas sobre isso, quando eu trabalho em uma loja de discos e ele em uma padaria e em um bar? Olho para a Torre Eiffel e fico pensando em como gostaria de ser uma daquelas mulheres que se casam aqui.

Espera aí...

Eu posso ser uma dessas mulheres.

"Sim." Eu falo no impulso. Harry tira os olhos da garrafa de vinho na grama em que estamos sentados e me olha, confuso.

"Sim?" Pergunta, sem acreditar. "Você quer se casar comigo?"

"Quero." Afirmo umas dez vezes com a cabeça. "Eu sempre quis, sempre. Eu quero. Te dizer o que eu estava dizendo estava doendo tanto porque eu queria o casamento perfeito, numa igreja e tudo isso, numa festa com todo mundo que a gente conhece, mas... Mas eu acabei de perceber que o único casamento perfeito que eu vou ter é o nosso, e pode ser loucura, mas eu acho que... Acho que a gente pode se casar aqui."

Harry me olha como se eu fosse maluca. "Não temos dinheiro para pagar um salão de festas em Holmes Chapel, quem dirá o aluguel da Torre Eiffel."

"Eu sei disso." Rio, mordendo o lábio. "O nosso casamento não precisa de mais ninguém. Só eu e você. Não é? A gente pode se casar aqui. Agora."

O rosto dele se ilumina, eu consigo até mesmo ver meu reflexo por seus olhos verdes. "Quer fazer isso?"

"Quero." Balanço a cabeça positivamente. Harry abre a boca para falar, mas desiste e opta por encher meu rosto de beijos. Um em cada bochecha, um na testa, um no nariz, vários na boca. Eu acabo deitada na grama e a garrafa de vinho está toda caída na grama.

"Ok, vamos lá." Harry se levanta, batendo a grama de sua roupa para se limpar. "Vou me casar agora."

Cubro o rosto com as mãos, sem acreditar que estamos fazendo isso. Essa madrugada começou com uma Ray vendo Clube das Divorciadas, esperando o namorado chegar no hotel, e vai acabar com uma Ray casada com o homem de seus sonhos.

Harry me levanta pela mão, e se ajoelha. Eu rio ao sentir lágrimas descendo pelo meu rosto, estou tão emocionada que estou ficando descontrolada.

"Ray-" Ele fala, emocionado também. Aí meu Deus, como ouvir Harry dizendo coisas bonitas pra mim? Vou ter um infarto. "Tudo que eu tenho... E tudo que eu sou... É seu. Pelo resto dos meus dias, eu quero te amar tanto que você nunca vai se sentir só. Você é o auge da minha existência."

Esse é o auge da minha existência.

"Harry, assim você me quebra, cara." Eu estou chorando sem parar, emocionada como nunca antes. Ele está sorrindo pra mim. Esse momento é real, é lindo e é nosso. Esse é o auge da minha existência. "Eu não consigo dizer a bagunça que isso está causando aqui dentro, se eu falar vou desmoronar ainda mais em lágrimas. Se levanta, vem cá."

Harry se levanta, me abraçando com força, beijando o topo da minha cabeça enquanto me aperto em seu abraço sem parar de chorar por um segundo que seja. Muito tempo depois, estamos neste abraço apertado, e sinto a mão dele alcançando a minha, e o anel sendo colocado em meu dedo. Eu me quebro em um sorriso, levantando a cabeça para beijar sua boca. Em um sorriso, eu finalmente consigo falar. "Esse é o auge da minha existência. Você é o auge da minha existência."

Ele me beija mais uma, duas, três vezes até sorrir mais uma vez e segurar o fôlego. "Então quer dizer que eu posso beijar a noiva?"

Gargalho, afirmando, e o beijando mais uma vez. Harry afasta nossas bocas de novo depois de minutos. "Como vamos oficializar esse casamento?"

"Já é oficial. Eu sou sua esposa, você é meu marido. Não precisamos assinar nenhum papel." Meu marido sorri contra meus lábios quando digo isso, me beijando mais uma vez. E outra. E outra.

Meu marido.

Sunflower, Vol.6 - HSWhere stories live. Discover now