ME DESPACHEEEEEE!

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a meta é um capítulo por dia até a gente chegar lá, vai
se tudo correr bem

boa leitura, anjo!

O sol nasce na Roma Negra.

Mas antes mesmo que nascesse, ela já estava de pé com o fogo no rabo dela.

"Toooda menina baiana tem um santo, que Deus dá..."

— Cala a boca, Clara!!! Eu quero dormir! — gritou a irmã mais nova, irritada pela cantoria no banheiro ao lado do quarto delas. O cômodo era pequeno, e a porta fechada não fazia um bom trabalho abafando a voz da maior cantora de Axé da Bahia.

E a menos conhecida também. Mas fé, que algum dia alguém vai notar o quanto essa menina é boa. Vamos na torcida, sem nunca perder a esperança.

Igual aos torcedores do Vitória com o título brasileiro.

Oxe, se não acostumou comigo até hoje, não acostuma mais, pensou Iara.

— Vou mudar de música, quer ouvir o que?! — gritou de volta.

— Silêncio, conhece?

Sim, eram quase seis da manhã, e as irmãs já estavam berrando uma com a outra.

Iara saiu do banho gelado refrescada, e, apenas de toalha, voltou ao quarto, encontrando Isabella resmungando, com o travesseiro sobre o rosto. Sorriu, abriu a cortina e, do jeito que estava, pulou sobre a irmã na cama, atacando-a com cócegas.

— Acorde, preguiça!!

— Porra, vei! — a mais velha gargalhou, sentando-se. — Eu não posso nem dormir mais? Sabia que eu, diferente de você e igual qualquer pessoa normal, fico cansada?

— É porque você, Bella, frita demais esses seus miolos. Mas eu não te culpo, já que você ficou com a inteligência toda. — Isabella sorriu. Tirava sim notas melhores que as que Iara um dia tirou na escola, mas sabia que isso não significava que a irmã fosse burra. Sempre reforçava isso.

Mas estava cedo demais pra ser gentil.

— E lhe restou ser doida. — Iara fechou a cara, mas de brincadeira. — Tô falando sério, você não é normal não.

— Quem disse que eu quero ser? — Isabella deu um muxoxo.

— Posso te fazer uma pergunta? De verdade assim, pode me contar...

— O que é?

— Tá metida com droga, Ivana Clara? — riram.

— Você sabe que eu não tenho nem dinheiro pra isso, Isabella.

— Ô. Quer dizer, eu sei lá quanto que é pra usar droga?

— A única droga que eu mexo é com mulher! Viciada... — a mais nova gargalhou.

— Sim, todo mundo sabe que você gosta de xibiu. Eu mesma tô careca de saber. Por que você não faz uma camisa, logo?

— Não preciso de uma camisa e não tenho culpa se mulheres são incríveis, todas elas. Beijos para as mulheres, todas lindas.

— É foda ser sua irmã, namoral. Seis horas da manhã e você já tá assim.

— Eu sou assim! E olhe essa boca, viu? Mainha vai lhe dar o seu se ver você xingando dentro de casa. E painho vai é rir, fique aí achando que é bom quando é você que apanha.

Isabella sabia que era bem verdade, porque já tinha ficado com o pai dando boas risadas de umas broncas que Iara tinha levado. A graça não era ela apanhar, e sim ela correndo da mãe enquanto argumentava sem razão nenhuma.

DifudêWhere stories live. Discover now