Na sala estavam simplesmente todos os seus amigos, alguns parentes, várias comidas na mesa, e o mais importante: o pai, vivo e bem. Todos aplaudiam, gritavam, sorriam... e agora queriam rir da cara de Iara.
— Vei... o que é isso, man?
— Surpresa, boba! Feliz aniversário, Clara. — sorriu Isabella, mas queria mesmo era gargalhar da cara de Iara.
— Se fuder, Isabella... — abraçou a irmã com força, já chorando. — Eu não acredito que você fez isso comigo... — uma porcentagem considerável do povo dava muita risada.
Layla veio de fora e abraçou Iara também, que soltou a irmã e abraçou a melhor amiga.
— Isabella é foda, viu? — discretamente, sem a aniversariante perceber, Isabella bateu na mão estendida de Layla. — Precisava isso? — fingiu que não ria também.
— Ela me fez acreditar que painho tava passando mal, vei. Porra... — limpou as lágrimas, mas sem muita serventia porque já estava chorando de novo quando foi cumprimentar os convidados. — Valeu gente...
Fez isso com pessoa por pessoa, que a mãe tinha dado educação pra ela, abraçou todo mundo, agradeceu todas as felicitações, e bateu o parabéns pra todo mundo comer e quem quisesse ir embora ir logo. E o pagodão rolando no quintal dela do jeito que tem que ser.
— Eu vou conseguir sua fantasia, viu? Vai ser meu presente pra você ir cantar amanhã. — disse dona Sônia. — Seu pai já deu um jeito, não vai usar a roupa de Isabella não.
— E eu vou de que?
— De pirata, não é do que você quer ir?
— Sim!!! — abraçou a mãe. — Você é tudo, te amo!!
— Rum. — murmurou.
— Mainha, falando sério, você conseguiu fazer isso que horas? Essa comida toda, essa festa toda...
— Ivana, você ficou dois dias fora de casa. — Iara riu com o exagero, mas realmente tinha dormido fora e passado a tarde toda sem vir pra casa. — Fiz porque você merece, meu amor. — e abraçou a filha, que quase que chora de novo. Tava emotiva! — Eu e seu pai conversamos com Layla e Conceição pra fazer uma festinha pra você antes, só que você inventou de fazer encontrão no carnaval, inventando moda...
— E eu encontrei todo mundo! Pelo menos todo mundo que eu queria, né...
— Fale isso baixo, viu? — Iara riu. — Mas eu não quis cancelar principalmente depois de você passar na televisão. Morri de orgulho. — ela ficou envergonhada. — Eu só mudei o dia, que ia ser ontem e deixei o povo vir quem quisesse, mesmo sendo segunda, amanhã é feriado mesmo. E falei com a Layla pra chamar seus amigos todos.
— Eu te amo, mainha. Brigada, viu?
— Também te amo, minha filha. Sucesso sempre.
— Mas brigue com Isabella que metade do meu choro ali quando eu entrei foi por causa dela que me mandou entrar correndo que painho não tava bem e não sei que lá.
— E foi mesmo? Mas tava todo mundo aqui esperando no escuro e você lá fora parada parecendo uma doida, minha filha.
— Tava agradecendo, mainha. Muita benção de uma vez só, sabia?
— Sabia, graças ao meu bom Deus te criei direito. E você é abençoada mesmo. Mas venha cá, cadê sua namorada?
— Que namorada, minha mãe?
— A sua namorada que você tá agora.
— Você fala parecendo que cada dia eu tô com uma mulher nova e óbvio que não é isso.
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Difudê
Storie d'amoreSalvador, Bahia, terra oficial do sagrado, do profano e da farofa com dendê; é um grande palco pros sonhos de Iara, que vê uma oportunidade de fazer arte a cada canto. Quando, numa situação inusitada, conhece a jovem Eva, as duas descobrem um sentim...