É mole?

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Mais cedo, Eva havia falado com a irmã, que garantiu que estava tudo bem em casa, mas que ela não voltasse ainda naquele dia. Pensava sobre onde passaria essa noite, muito provavelmente na casa de Emily, que não tinha dado nenhum retorno sobre ainda, mas não devia demorar de dar. Como Rafaela queria, Eva estava bem, e se permitia não se preocupar. Pelo menos não naquele momento.

Ótimo, porque o bicho tava pegando lá na casa deles.

— Isso não existe!

— Existe sim, e por isso eu vou levar a Eva comigo, Rafaela. Ela destrói a dinâmica da família.

— Nada a ver, velho...

Ela caminhou pela sala, tentando não se estressar demais, seguida pelos olhos dos pais.

— Você acha que está assim por quê? Falando desse jeito e revoltada assim.

— Porque o senhor chegou aqui do nada e acabou com qualquer harmonia que tivesse dentro dessa casa. Tá pesado, tá insuportável ficar aqui. E, claro, não vamos esquecer, você bateu na minha irmã!

— Ela mereceu.

— Ela não mereceu! Eva não fez nada!

— Se não fez nada, tá fugindo por quê? — Rafaela cruzou os braços.

— E quem disse que ela tá fugindo?

— Rafaela, não minta pra mim pra acobertar aquela viciada de merda.

— Não fale assim da Eva! Ela é uma pessoa incrível, inteligente, engajada e determinada. E não graças a você!

— Chega, Rafaela.

— Chega não, minha mãe. Ele tem que ouvir! Ele acha que pode chegar aqui assim, tratar todo mundo mal, machucar Eva e nada acontecer? E se ela denunciar?

— Denunciar o que? Ela tem o que pra denunciar?

— Violência. Lesão corporal. Ela tá toda machucada, lembra?

— Foi isso que ela disse que ia fazer? Ela tem coragem?

— Bom, poder, ela pode.

— Ela não vai fazer isso. — disse a mãe. — Não é, Rafaela? Ela não vai denunciar o pai dela.

— É bom que ela não faça isso.

— Eu não faço a menor ideia do que a Eva vai fazer. Mas ela não vai atrás de você pra onde você quer. Disso eu sei. — dito isso, a mais nova saiu da sala e foi até seu quarto, procurando um de seus cordões para pendurar a chave da gaveta da sua cômoda no pescoço.

Durante a noite, tinha ido ao quarto de Eva e procurado cada coisa que pudessem usar contra ela. E acabou encontrando uma caixa com fotos de Iara e poemas. Levou tudo e escondeu em seu quarto, para que não tivessem mais essa "prova" do relacionamento das duas. Não tinha plano, mesmo. O plano era fazer a poeira baixar o máximo que desse. Se possível, esperar que o pai voltasse à cidade onde trabalhava, para só então ver o que fariam sobre ele. Afinal, ele tinha que voltar. O trabalho dele estava lá.

— Rafa, falando sério agora... onde a Eva tá? Eu não vou falar pra painho, mas tô preocupado também. Ela parecia super mal antes de sair... — disse o irmão, entrando no quarto dela assim que ela terminava de amarrar a chave no pescoço junto com seu inseparável quartzo rosa, presente da irmã.

— Eva tá bem, Rodrigo. Ela tá muito mais segura lá fora do que aqui dentro com ele. Ela é adulta, porra. Não precisa passar por isso. E não fale que ela poderia ser menos ou ser mais qualquer coisa que eu já sei que você vai falar.

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