quem amou que nao demorei?
talvez eu esteja recobrando as vontades e os amores
talvez eu só esteja ignorando minhas obrigações
talvez ambostomem vacina!
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— Clara!! — a menina pulou no pescoço dela. — Te achei na Barra!
Sim, bem no início do circuito onde elas estavam comemorando o aniversário de Iara, e dançando, e bebendo, e rindo. Todo mundo junto e grudado: Emily, Nandinha, Layla, Luísa, Eva, Iara, Didinha...
E agora, Mariana com as amigas. Coberta de glitter e vestida de diabinha.
— Mari!! — correspondeu a empolgação, abraçando a fantasiada como já tinha abraçado muita gente, pela placa de abraços grátis.
— Parabéns, meu amor! Aproveita seu dia ao máximo, tudo isso aqui é pra você e você merece! Te amo muito!
— Também te amo muito, Mari. Obrigada por isso e por todo o resto também. Você é foda! — se abraçaram longamente, de novo. Enquanto isso, Eva tentava abstrair da cena e seguir dançando, e todos os outros que sabiam quem eram as três alternavam o olhar de Iara a Eva, temendo que uma situação se formaria. Nada, até que do nada Iara — Olha, aqui, ela é Eva.
Todos se surpreenderam com isso, Layla bateu na testa.
— Ah, é? Oi! — se abraçaram rapidamente.
— Eva, essa é Mariana. — assentiu, sorrindo sem mostrar os dentes.
— É sim...
— Então, você... – Mariana começou a falar, mas Iara puxou ela pra longe antes que fosse puxar papo.
— Mari, aqui as outras meninas. — e apresentou só a outra que ela não conhecia, Luísa.
Eva agradeceu mentalmente enquanto via Iara se afastar, porque não estava com cabeça pra aquilo. Além de tudo o que já sentia, estava tentando com força não demonstrar os ciúmes; e apesar de gostar de Iara, tinha a impressão naquele momento de que ela era capaz de abrir uma ciranda pra todo mundo girar em torno de Mariana com aquele tanto de "te amo" e não sei que mais lá, e isso seria simplesmente insuportável de participar, sem falar que nem se achava no "direito" de ficar puta.
Iara era de boa demais!
E Ivete vindo tava deixando as pessoas loucas! Além do lugar estar ficando mais apertado, porque as cordas abriam espaço pra todos os fardados de abadá do bloco passarem com o trio onde estava a mulher que arrastava multidões onde quer que fosse. Tava apertado, mas tinha lugar pra todo mundo.
"Pra frente, pra frente frente, pra frente..."
Pra frente iam e foram, mas pararam pra comprar cerveja e água no isopor, e por um segundo entre a folia e euforia, Iara de fato olhou pra Eva. E viu tudo o que a menina parecia segurar dentro de si, puxando-a o suficiente para que as outras não se intrometessem, mas quase fazendo-a cair ao se meter na frente dela.
— Iara, calma! Que susto da porra, do nada...
— O que que cê tem?
— Como assim, o que que eu tenho?
— Você não tá bem, eu tô vendo. Não mente pra mim. — Eva nem acreditou que ela realmente tivesse visto, então somente se defendeu.
— Que mentir? Eu não sei de onde você tirou isso, e no meio do caminho. Olhe, a gente tem que parar ou seguir, porque esse tanto de gente que tá vindo aí não é brincadeira. Não quero você trocando empurrão com cordeiro que nem Layla naquela hora.
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Difudê
Storie d'amoreSalvador, Bahia, terra oficial do sagrado, do profano e da farofa com dendê; é um grande palco pros sonhos de Iara, que vê uma oportunidade de fazer arte a cada canto. Quando, numa situação inusitada, conhece a jovem Eva, as duas descobrem um sentim...