Difudê

Com vocês é só venha nós e a vosso reino nada...

Aquela festa durou muito mais do que tanto Eva quanto Iara acharam que duraria. Pra pirata, inclusive, tava muito melhor do que imaginou, se vendo agora numa conversa animada e regada a álcool entre ela, sua melhor amiga, a mulher mais bonita que já tinha visto – vulgo Luísa; Eva e Manu, dona da festa.

Quer dizer, em que mundo aquelas cinco estariam juntas, se divertindo daquele jeito?

Salvador – e uns drinks, e uma festa – tornavam tudo facilmente possível. Tudo mesmo.

— Real, eu acho que Iara tem uma grande chance. Eu apostaria nela. Aposto nela. — disse Luísa.

— Nunca duvidei nem por um segundo, sou fã de carteirinha! — disse Layla.

— Se você quiser, eu procuro e arranjo pra você abrir uns shows pra uns artistas, boto você em umas apresentações como quem não quer nada...

— Em dois tempos todo mundo vai conhecer minha neguinha... — abraçou a tal neguinha, segurando seu queixo, quase no colo dela. O sorriso de Iara era o maior possível.

— Pode fazer isso mesmo?

— Ah, com certeza, Iara. — Manu confirmou, piscando.

— Meteu de rajadão agora. — disse Layla, fazendo Luísa rir.

— Ahn... Manu, de boa, eu não quero que pareça que me aproximei de você por interesse, sempre gostei de você e... — assim que ouviram isso, as outras quatro gritaram quase em uníssono pra interromper Iara.

— Oxente vei, cale a boca!

— Iara, shh!!!

— Nada a ver com nada, é cachaça isso aí.

— Pelo amor de Deus!! — riu Manu. — Mila,  foi Luísa me mostrou você, eu literalmente te dei a ideia e te empurrei pra fazer mais vídeos, trouxe você pra cá... a gente acredita em você, não entendeu ainda?

— É vei, parece que é tapada. 

E Iara com o olho cheio de lágrima?

— Neguinha, você tá chorando? — perguntou quando ela escondeu o rosto nas mãos, fazendo o chapéu de pirata cair da cabeça. Eva pegou.

— É porque... eu amo vocês!!! — e tava chorando mesmo. Um coro em comoção se fez, e logo as outras quatro estavam envolvendo Iara num grande abraço.

Cachaça.

E amor também, por que não?

— Vamos ser amigas, vei. Sério, amigas mesmo... — completou, limpando as lágrimas.

— Meu Deus, eu vou chorar também. — disse Eva, contagiada pela emoção.

— Já somos amigas, Iara! — Manu acariciou o rosto dela e beijou sua testa em seguida. — Certo que parece que aqui eu vou ficar um pouco de vela, talvez muito... — riram. — Mas não me importo. Vocês são perfeitas. E sabe de mais uma? São de verdade. Cada uma de vocês. Não são nada como esse bando de puxa-sacos atrás de mim, lambendo o chão onde vou pisar e me pedindo favor. E é por isso que eu quero dar tudo a Iara. Ela merece. — dessa vez, beijou o rosto.

— Ela merece!! — disse Eva, abraçando-a. E puxando seu corpo para mais perto. — Tá vendo, Iara? Você tem quatro mulheres alteradas que acreditam em você com toda a força.

— E uma que esteve com você desde o início, não esquece! — Layla completou, dando um tapinha no ombro de Iara.

— Ninguém nunca na história vai tomar o seu lugar, Lay. Somos irmãs. Eu te amo pra sempre.