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Foram cinco horas e exatamente quinze minutos de voo de São Francisco até Nova York, quando pousei e finalmente consegui encontrar minha mala, procurei pela primeira cafeteria mais vazia do aeroporto e depois de pedir um café, chequei minhas mensagens. Foi como eu imaginei, meu pai estava louco para saber o que achei de tudo e eu ainda nem tinha chegado na NYU. Ainda não conseguia acreditar que estava ali, nunca imaginei que fosse conseguir passar no curso dos meus sonhos e na faculdade com o melhor programa para ele, estudar literatura sempre foi algo que quis, mas o meu pai me ensinou a ter os pés no chão, por isso cresci sem criar muitas expectativas, isso é bom, porque estar naquele lugar me deixava duas vezes mais feliz do que eu estaria se já esperasse por isso. O Uber me deixou em frente ao meu campus e assim que vislumbrei aquela imensidão bem no centro de Nova York, pedi a todos os deuses possíveis para que, caso aquilo fosse um sonho, me deixassem dormir eternamente. Era oficial, uma nova fase da minha vida estava prestes a começar.

Me juntei a um grupo de calouros que estavam sendo recepcionados por veteranos na entrada do campus, eles eram responsáveis por nos apresentar um pouco do nosso programa e nos levar até nossos dormitórios, uma garota de cabelo raspado usava um crachá com o nome Mariah escrito com o que parecia ser canetinha rosa e logo a baixo de seu nome tinha Literatura, me dirigi até o pequeno grupo de calouros que a acompanhava e me atentei ao que ela estava falando.

- Okay, cada um de vocês terão apenas uma cópia da chave de seus respectivos dormitórios, alguns aqui já tem colegas veteranos instalados neles, então não se assustem se encontrarem uma bagunça enorme na cama de vocês também, estamos no início do semestre, os estudantes de da NYU são loucos. Vocês sabem, seus colegas de quarto nem sempre são seus colegas de curso, então sinto muito se alguém aqui for ter um químico como vizinho de cama, no último semestre tivemos alguns problemas com eles. - Ela sorriu depois de notar que conseguiu relaxar os calouros tensos com sua piada.

- Parece engraçado agora, mas é verdade. - Um garoto ao meu lado, falou. - Quero dizer, os estudantes de química tendem a testar algumas "receitas" em seus dormitórios. Um deles foi notícia no jornal local no ultimo semestre, ele conseguiu queimar a cômoda dele e a do colega, foi a maior confusão. A propósito, sou Louis.

Ele tinha um sorriso muito bonito, talvez por conta da barba espeça, a diastema se destacasse de uma forma muito fofa em sua boca, um corte de cabelo bem baixo e olhos de um castanho bem escuros, quase pretos. Usava uma camisa cinza, uma jaqueta preta, jeans, um coturno muito legal e uma mala que mais parecia uma sacola a tira colo. Filho de militar, imaginei. Conheço o tipo até demais. Isso me fez lembrar que eu deveria ligar para o meu pai assim que tivesse tempo quando chegasse em meu quarto. Sorri e estendi minha mão para cumprimentar Louis.

- Anne - disse.

- Então, Anne, por que literatura? - ele perguntou, me olhando nos olhos. Aquilo era bem intimidador.

- Ah... Maya Angelou.

- Uau! - Ele sorriu - Eu esperava Austen, talvez?

- Eu sou negra. - Ergui as sobrancelhas o encarando de volta.

Minha resposta aparentemente o divertiu porque ganhei um sorriso diferente do meu novo colega de curso, de canto, ele também desviou o olhar intimidador.

- É, acho que seria difícil não perceber isso, nós dois somos um grande destaque para a NYU, não somos?

E éramos, estava acostumada a ser uma entre poucas pessoas negras em locais como aquele, por isso não me atentei a esta parte significante da coisa, Louis também era negro, mas, além de nós dois, não tínhamos outros colegas como nós naquela turma de calouros. Parece que meu colega levava essa situação como os outros colegas que tive, de forma sarcástica e ácida, nós dois sabíamos que em determinadas situações, agir dessa forma era bem melhor.

P.S. I Need YouWhere stories live. Discover now