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Duas semanas depois.

Meu pai me contava algumas histórias sobre sua infância e adolescência, coisas legais como algumas trapalhadas de criança e outras aventuras da juventude de quando já conhecia minha mãe, que aparentemente sempre foi mais corajosa que ele. Mas o que mais me lembrava de pensar enquanto o escutava era como alguém poderia ter tantas histórias para contar sobre apenas uma vida. Naqueles últimos dias eu havia conseguido parte da resposta daquela pergunta silenciosa, nunca fui alguém que podia se apresentar como destemida, sempre pus a razão a frente de minhas decisões e talvez essa resiliência tenha me ajudado a não colecionar tantas decepções, mas as poucas que podia chamar de minhas naquele exato momento já eram extremamente significativas. Em pouco tempo longe do conforto conhecido do lar aprendi que a vida não deve ser encarada como uma experiência de apenas subida, vão haver quedas bem feias que deixarão cicatrizes, algumas bem visíveis e outras que talvez sejam até esquecidas, mas todas elas nos ensinam muito. Tudo o que aprendi e as pessoas que conheci no meio do próprio caminho que continuo a trilhar fazem parte das histórias que irei contar como uma lembrança no futuro, decidi que assim como o meu pai iria valorizar cada novo desafio que cruzasse meu caminho.
Eu estava passando pelas mesas da biblioteca do campus com o carrinho de apoio e empilhando os livros deixados ali pelos estudantes enquanto refletia sobre como poderia transformar toda minha experiência em aprendizado como o meu pai havia aconselhado, quando ouvi o som do disparo de uma câmera de celular. Já passavam das cinco e meia da tarde então eu deveria estar sozinha ali, era a minha vez de checar os livros que saíram durante o dia e fechar a biblioteca, já havia me acostumado com os olhares e câmeras "disfarçadamente" apontados em minha direção depois dos últimos acontecimentos, mas pessoas curiosas a meu respeito em um local público era diferente de alguém desconhecido tirando fotos minhas em um local fechado. Passei a empurrar o carrinho mais rápido em direção ao balcão próximo à entrada onde minha bolsa com o celular estavam, assim que cheguei lá me apressei a procurá-lo, minhas mãos tremiam e eu podia sentir a respiração pesada fazendo o meu peito subir e descer, ao acender a tela do aparelho vi a notificação de uma nova mensagem de Mason e o desbloqueei para vê-la, eram duas fotos, em uma delas eu estava lendo atentamente o título de um livro e na próxima anotava o nome na prancheta de apoio. Antes que eu pudesse imaginar ele surgiu do lado oposto do balcão me fazendo saltar para trás e tombar no assento onde minha bolsa estava, derrubando-a. Mason ria mas assim que notou minhas feições seu sorriso se desfez e um vinco de preocupação se formou em sua testa perfeita.

- O que aconteceu? - Disse, enquanto praticamente voava para perto de mim e capturava minhas mãos. - Porra, você tá gelada.

- Você! - Praguejei, furiosa.

- Merda, eu te assustei assim?

- Eu... - Respirei fundo e soltei o ar depois de alguns segundos, ele me encarava com aquele olhar de filhotinho irresistível. - Não foi nada, tá tudo bem. Eu só ouvi o som da câmera e... não sei.

- Me desculpe, eu realmente não pensei que fosse... - Mason me puxou para um abraço apertado e descansou seus lábios no alto de minha cabeça por um minuto. Eu já me sentia melhor só por tê-lo ao meu lado, mas quando me abraçava assim era como se não precisasse de mais nada. - Eu sou um idiota.

- É mesmo. - ri, entrelaçando meus braços em volta de sua cintura.
Ele se afastou para me encarar e depois sorriu de forma doce.

- O Joe vai dar um jantar de aniversário na sexta, eu queria saber se quer ir com minha família.

- Ah.. eu não sei se me sentiria confortável. - Murmurei dando de ombros e capturando a bolsa no pé da cadeira.

- Eu sei que é estranho, já que... que não temos nada sério, mas a minha mãe pergunta sobre você o tempo inteiro e-

- Ei - voltei meu olhar para ele novamente - Não precisa se explicar tanto, talvez eu esteja deixando você confuso, tudo bem.

Eu vi a hesitação nos olhos de Mason, sabia que ele estava confuso com o que tínhamos. Nas últimas semanas passamos muito tempo juntos e não podia negar que foram momentos prazerosos, Maddie dormia na fraternidade com Marcus, nós assistimos bons filmes e discutimos sobre muitos livros, mas em nenhum desses momentos me toquei sobre cativar sentimentos mais fortes.

- Eu realmente não me importo. - Ele quebrou seu silêncio enquanto se aproximava lentamente de mim - Acho que mesmo não sabendo o que você sente ou espera de mim, isso aqui é bem melhor do que te assistir de longe sendo indiferente. - Seus braços se entrelaçaram em volta de minha cintura e ele colou nossos corpos.

- Não precisa ser tão dramático - revirei os olhos, disfarçando um sorriso.

Uma de suas mãos subiu devagar, passando por minhas costas e se espalmando em minha nuca, ela se fechou lentamente quando ele puxou de forma suave uma parte de meu cabelo. Era uma das coisas que ele fazia, talvez se fosse outra pessoa, de outra forma, não fosse tão excitante como era com Mason. Todo o meu corpo se acendeu quando, com esse movimento, ele me induziu a elevar o rosto na direção dos seus e cobriu meus lábios com os dele, minha boca se abriu automaticamente, lhe dando espaço para que sua língua acariciasse a minha, assim ele o fez, de forma lenta e torturante enquanto me encostava no balcão. Entre suspiros longos, pude sentir seu membro intumescido roçar em minha barriga e envolvido com o momento, Mason desvencilhou nossos lábios e arrastou os dele pela minha bochecha, parando no ponto do lóbulo de minha orelha, mordiscando suavemente ali e se apressando até as laterais de meu pescoço. Suas mãos se arrastaram para baixo de minha blusa fina e se espalmaram em meus seios, um gemido involuntário escapou de meus lábios, me fazendo despertar quase que imediatamente.

- Mass... - Murmurei, a voz num fio - Mass, acho melhor pararmos por aqui.

Ele protestou baixinho, os beijos seguindo até meu colo, eu sentia a pele queimar contra seus lábios, era tentador a ideia de prosseguir ali mesmo. Quase cedendo, minha cabeça tombou para trás em busca de ar, nesse momento meus olhos focaram nas prateleiras acima do balcão da entrada e pude notar a câmera minúscula ali. Alerta, afastei Mason delicadamente sem tirar os olhos de lá, ele seguiu meu olhar e rapidamente compreendeu meu receio, me puxou para um abraço carinhoso e suspirou em meus cabelos.

- Vamos sair daqui - Disse me puxando pela mão.

P.S. I Need YouOnde histórias criam vida. Descubra agora