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Eu estava nervosa naquela manhã de segunda feira, acordei às cinco da manhã e me obriguei a correr até as seis e meia para afastar a ansiedade. Quando voltei ao quarto, Maddie não estava lá, então parti para o banho fazendo, mentalmente, algumas anotações sobre o dia: Eu precisava enviar uma carta de apresentação para a administração da biblioteca do campus para informar o meu interesse em um trabalho de meio período por lá, também precisava comprar alguns ítens de higiene que faltavam em nosso quarto e, o mais preocupante, precisava pedir de volta o meu exemplar de O sol é para todos que estava com Mason. Chegando no banheiro, fiz questão de escolher um dos ultimos chuveiros para não ser importunada por outras colegas desavisadas, enquanto a água morna caía sobre meus ombros e relaxava os meus músculos tencionados por conta do último pensamento que tive, me perguntei o que Mason queria comigo na noite passada, me lembrei de sua mão machucada e inconscientemente fiz uma careta, ele deveria ser mais cuidadoso, mas isso não era da minha conta. Escutei passos do lado de fora do box e me assustei, ao olhar para baixo vi pés muito pequenos e unhas bem feitas.

- Você sumiu hoje cedo - Maddie falou despreocupada do outro lado da cortina

- Estava ansiosa demais para ficar na cama - murmurei. - Queria que estivessemos na mesma turma.

- Não precisa ficar tão assustada, a faculdade não é o fim do mundo.

Suspirei enquanto, cuidadosamente, enxaguava o corpo, retirando os resquícios de sabão da pele.

- O que Mason queria comigo ontem a noite? - Tentei parecer despreocupada. - Não é possível que ele tenha saído de casa só porque não respondi uma mensagem boba.

Maddie puxou as cortinas me assustando, automaticamente me cobri com as mãos e a encarei assustada, ela tinha comportamentos muito duvidosos as vezes, parecia não ter pudor algum.

- Porra, você é gostosa mesmo - disse com uma expressão divertida. - Ok, eu não faço ideia do que ele quer com você, nunca vi ele agindo assim, mas só o conheço a seis meses, então não tenho como saber.

- Como assim seis meses, ele não está com vocês desde o primeiro semestre?

- Ah... - Maddie me passou a toalha quando notou que meu banho havia terminado, ela esperou pacientemente eu me secar e vestir depois de ter feito o mesmo. - Parece que ele teve um problema no primeiro semestre, deveria ter entrado desde o início do ano passado, mas acabou não fazendo, entrou na segunda metade do ano.

- Entendi.

- É, por isso, se quiser realmente saber por que ele te procurou ontem, vai ter a chance de perguntar em uma das aulas, porque ele ainda vai pegar algumas com os calouros. - Ela me encararou resignada quando viu minha expressão, suspirou e prosseguiu de forma calma. - Anne, você lembra o que te falei sobre não esperar algo do Mason, né?

- Sim e você lembra que eu te disse que realmente não quero nada com ele? - mentirosa , meu subconsciente me traía.

Maddie negou com a cabeça revirando os olhos e me puxou pelo braço, me tirando do banheiro, fomos para o nosso quarto e pegamos nossas coisas, minha amiga me acompanhou até o meu prédio mesmo o dela sendo a dois antes do meu, me deu um abraço, desejou boa sorte e seguiu seu caminho. Subi as escadas e parei na grande entrada, eu sabia que era o prédio mais antigo da universidade, da época em que apenas homens eram considerados dignos de se chamarem escritores, o térreo era como um museu, em estantes de aparência arcaica, designs finos e sutis, haviam, protegidos por uma parede de vidro aparentemente reforçada, manuscritos e primeiras edições de clássicos da literatura americana, era loucura acreditar que estava ali. As paredes eram cobertas por fotos de antigos alunos que se tornaram grandes escritores como os que eu admirava, por um instante me perguntei se um dia seria a minha fotografia em um dos espaços vagos, nunca pensei em cursar literatura para de fato escrever, mas admito que sempre amei fazer isso, criar histórias, fugir da realidade, viver milhares de vidas em cada obra, era divino. É sonhar demais. Lecionar sempre foi a opção consciente e eu sempre pensei na vida com os pés no chão, perder tempo sonhando era privilégio para os que tinham muito, não para pessoas como eu que precisavam conquistar o mínimo. Seria uma profissão de honra, eu ainda teria contato com os livros e, melhor, passaria a diante essa paixão.

P.S. I Need YouWhere stories live. Discover now