5. Peekaboo

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Na manhã seguinte Seokjin acordou sozinho, além de um pouco dolorido, em cima de uma cama enorme e tão confortável que levou muitos minutos até que ele conseguisse ficar com os olhos plenamente abertos e a mente desperta. A primeira sensação que o acometeu depois da percepção do quanto aquela cama era gostosa foi de medo. Uma das coisas que as ruas lhe ensinaram era que jamais, em hipótese alguma, se deveria aceitar dormir em companhia de um cliente desconhecido. Passar a noite não tinha problema, desde que se mantivesse acordado até o fim do programa. Contudo, mesmo sabendo disso, Seokjin se deixou adormecer na primeira vez em que fez um pernoite, e por um instante ficou preocupado com o que poderia ter acontecido. Não se lembrava de ter ido para uma cama, as dores em seu corpo poderiam ser algo pior do que imaginava, e talvez tivesse adormecido não por vontade própria, mas pela ação de algum medicamento ou coisa mais grave.

O receio de encarar as possíveis consequências da imprudência de ter dormido o fez se manter deitado com os olhos fechados, e ficar parado até que sua respiração ficasse tranquila e não a pudesse mais escutar. Conforme o tempo foi passando, foi se lembrando de tudo o que tinha acontecido na noite anterior, exceto como tinha ido parar na cama, e foi se tranquilizando. Não tinha bebido nada além da champanhe, nem comido nada além dos morangos. As dores em seu corpo pareciam musculares, provavelmente devido aos locais onde tinha transado com Namjoon; chãos, sofás, mesas e cadeiras não eram lugares propícios para o sexo, afinal.

Convencido de que nada de errado tinha lhe acontecido, Seokjin se permitiu levantar, devagar, sentando na cama, e o tamanho do quarto em que estava o deixou assombrado. Parecia maior que a sala onde tinha ficado na noite anterior, não duvidava que fosse possível abrigar cinco famílias inteiras ali. Inspirou fundo, soltando o ar devagar, e olhando para o lado encontrou suas roupas sobre o lençol clarinho, perfeitamente dobradas, com um pedaço de papel sobre elas. Dando-se conta de que estava totalmente nu ao ver aquilo, se esticou devagar e pegou o papel, que viu se tratar de um pequeno envelope pardo, com aparência de coisa fina. Abriu, encontrando uma folha de papel igualmente pequena dentro, onde se podia ver uma caligrafia rebuscada.

"Precisei sair cedo, sinto muito. Você dormiu no sofá, mas parecia desconfortável então o coloquei na cama e pela manhã você dormia tão profundo que não quis acordar. Juntei suas roupas e dei ordem para que subissem com o café da manhã assim que você solicitasse. Pode ficar até às 10h, quando o serviço de quarto limpa e arruma tudo. Você é ótimo no que faz, sua conversa é ótima, tive uma noite incrível na sua companhia. Obrigado, e mais uma vez, perdão por não poder me despedir pessoalmente."

A breve carta encerrava com a assinatura de Namjoon, e Seokjin teve uma crise de riso ao ler aquilo. Não por achar ridículo ou engraçado, longe disso, mas pela novidade da situação. Namjoon estava se sentindo culpado depois de ter pago tanto dinheiro, ter o carregado para a cama e dobrado suas roupas, só porque não estava presente para se despedir? Se Namjoon soubesse os tipos com que Seokjin tinha que lidar diariamente perceberia o quanto tinha agido como um príncipe encantado. A maioria sequer o olhava no rosto quanto tomava seus serviços, que dirá ter todo esse empenho e consideração.

Ciente de que estava tudo bem, Seokjin pegou a jaqueta e verificou os bolsos, numa atitude quase automática. Seus preservativos e lubrificantes ainda estavam lá, bem como seu celular, seus documentos e a parte do dinheiro que Namjoon lhe pagou. Checou as horas, e vendo que ainda faltava um bocado para as dez da manhã, decidiu tomar um banho na banheira que tinha visto ao ir ao banheiro na noite anterior. Nunca tinha usado uma e aquela era imensa, como se fosse uma piscina. Demorou-se nela cerca de meia hora, e depois do banho se enxugou na frente do espelho, rindo a cada marca avermelhada e de arranhão que achava na pele. Namjoon era um cara curioso: era tímido e fofo até que perdia essa faceta e assumia uma personalidade mais impositiva. E, o que era mais curioso ainda, nas duas jamais perdia as boas maneiras.

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