24. The things you do

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Oir! Como prometido, att! ;)

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O primeiro beijo de Namjoon foi um tanto quanto estranho. O beijo em si foi bom, guardava a lembrança com certo carinho. Não tanto quanto o evento merecia, porque tinha sido com alguém que o machucara bastante no decorrer da relação. Ainda assim, tinha sido interessante. A estranheza se dava por conta de não saber muito bem o que estava fazendo. Namjoon ficou inerte demais, deixando que seu professor conduzisse todo o ato sem retribuir. Acabou com os lábios mordidos, os arredores da boca inteiramente babados e uma sensação esquisita na língua, como se tivesse tomado anestesia para um procedimento dentário. Depois dele, muitos se seguiram. Foi tomando o jeito da coisa, aperfeiçoando a prática, e com o passar do tempo, elegeu o beijo como uma das carícias mais gostosas que poderia se trocar com alguém. Beijo era algo muito bom, quando era inteiramente desejado. Fosse por conta de uma paixão, do amor romântico, da cumplicidade, ou resultado do mais puro tesão, não importava. Beijo para ele sempre seria algo ímpar, sem comparação. Havia outros tipos de carícias tão boas quanto, das mais inocentes às mais explosivas. Nenhuma, contudo, era superior ao roçar de lábios, pequenas mordidas, línguas se tocando, se esfregando. Às vezes alguns detalhes deixavam o beijo menos encantador. O sabor de algum alimento, resíduo forte demais de pasta de dente, ou uma higiene bucal não tão eficaz. Mas podia superar essas questões quando o beijo era tudo o que mais queria, exatamente o que precisava. Desde que não fosse absurdamente desagradável, conseguia deixar para lá e aproveitar a totalidade do momento.

Praticamente desde o primeiro dia, seu desejo de beijar Seokjin era uma realidade. Na primeira noite que ficaram juntos quis muito poder beijá-lo de verdade. Conseguiu tocar seus lábios rapidamente, mas apenas isso não era o suficiente. Seokjin tinha lábios extremamente beijáveis, foi a primeira conclusão que teve quando prestou mais atenção à sua boca. Eram lábios levemente avermelhados, volumosos, de aspecto macio. Assemelhavam-se, em sua percepção, a cerejas. E cerejas eram frutas muito saborosas. Vermelhas como devia ser a cor da sedução, doces como uma paixão de verão, suaves como a brisa do outono, belas como uma canção sobre o amor nascendo. Quis beijá-lo com a liberdade de um homem rendido, pronto para embarcar no prazer mais intenso. Mas Seokjin disse que não. Deixou muito claro que beijos assim não eram permitidos. A contragosto, teve que se segurar.

A princípio achou a regra um tanto tola para um garoto de programa. Para alguém como Namjoon, que nunca tinha entrado em contato com tal tipo de serviço, era espantosa a liberalidade com que Seokjin oferecia o próprio corpo para ser usado das mais diversas formas, mas não permitia a quem o "comprava" um ato tão simples e inofensivo quanto um beijo. Não fazia sentido em sua cabeça que se doasse até a sevícias, mas não trocasse um beijo. Não contestou, contudo. Não entendeu, mas aceitou. Era justo que ele impusesse suas regras. Era seu corpo, o seu trabalho. Não cabia a Namjoon lhe dizer o que deveria oferecer. Era Seokjin o único capaz de compreender seus próprios limites.

A vontade de o beijar, entretanto, nunca o abandonou. Chegou ao extremo de quase forçar a situação, e teria se arrependido muito se o tivesse feito. A total bagunça emocional em que se encontrava na noite em que, infelizmente, visitou o avô, não mudava o fato de que esteve prestes a quebrar a regra mais importante daquele relacionamento, ou fosse o nome que pudesse dar ao que tinha com Seokjin. Desde aquele momento prometeu que não daria mais nenhum passo nessa direção. Queria muito, queria demais poder beijar Seokjin um dia. Imaginava bastante como seria, mas não queria que isso fosse resultado de uma obrigação. Achava até que, se insistisse um pouco, Seokjin cederia. Se pedisse com alguma determinação, teria a permissão para o beijar do jeito que tanto queria, não soava como algo impossível. Mas Seokjin tinha lhe dito que seu beijo não era vendido por ser algo somente seu, e não era justo tomar dele o direito de escolha. Se fosse beijar Seokjin, tinha que ser porque o jovem desejava isso, e não por um ardil ou por força das circunstâncias. O beijo tinha que partir de Seokjin. Somente assim seria um beijo aceitável.

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