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18. Ferris wheel

Como todo bom advogado, Jimin era um homem que vivia para a rotina. Tudo era sobre horários, prazos, métodos. Sua vida precisava ser organizada e suas horas tinham que ser cronometradas, a fim de que pudesse dar conta de suas obrigações tanto profissionais quanto pessoais. Ele tinha o pensamento rápido para lidar com imprevistos — algo que um advogado de seu nível de excelência precisava ter —, mas isso não significava que gostava de ver sua agenda arruinada por motivo nenhum. Namjoon sabia disso. Quando o convenceu de que necessitava de um dia de folga, tinha pleno conhecimento de que despertaria no parceiro e amigo os sentimentos menos nobres sobre sua pessoa. Estava disposto a lidar com a questão, não seria a primeira vez. Mesmo assim, não conseguia se acostumar ao mau humor de seu advogado em plena manhã. Se estivesse em condições de julgar com clareza, talvez não tivesse atendido a ligação em meio ao próprio despertar, porém foi acordando conforme o celular foi tocando, e tudo o que lhe restou depois de dizer "alô" com a voz pastosa foi escutar os resmungos inflamados de Jimin.

— Uma hora dessa e você ainda tá dormindo?

— Que horas são?

— Seis e meia!

— Ainda é cedo.

— Cedo pra quem? Sabe que tem menos de duas horas pra chegar no escritório, não sabe? Eu espero que você esteja lá! Não me vem com esse papo de novo de que precisa descansar, porra, não tem que descansar caralho nenhum! Foi um inferno convencer o Donghyuk a remarcar a bosta da reunião pra hoje, eu quase tive que implorar de joelhos! De joelhos, Namjoon!

— Perdão.

— Não pede perdão, vai logo se arrumar pra esse cacete, isso sim!

— Eu vou, hyung, não se preocupe. Desculpe pelo transtorno.

— Espero que vá mesmo!

Obviamente, quem desligou a ligação primeiro foi Jimin. Apesar das falas ríspidas, Namjoon não estava chateado, e não estaria ainda que não fosse pelo despertar recente demais. Já eram amigos por tempo demais para que não aguentassem, vez ou outra, esse tipo de situação. Ninguém estava bem o tempo inteiro, e entender que às vezes as pessoas iriam perder a paciência fazia parte de qualquer relação duradoura, fosse da natureza que fosse. Desde que não se tornasse um comportamento frequente e se mantivesse como exceção, era preciso maturidade para compreender. Namjoon sempre tinha sido mais maduro do que a idade que possuía, para ele entender isso não era problema algum.

Com o telefone ainda na orelha e os olhos fechados, deu um longo suspiro após inspirar lentamente. A claridade batia com força em seu rosto, e seu corpo dava os sinais de que a noite tinha sido atípica. Além de dormir ao relento, no meio do mato, tinha sido facilmente convencido por Seokjin de que fazer sexo ao ar livre era uma experiência que ele não poderia passar pela vida sem ter. E, como de costume, Seokjin estava certo. Tinha sido ótimo, e não apenas pela aventura. Tinha sido um sexo diferente, mais intimista, com gracejos e risadas pelo meio, do tipo que Namjoon mais gostava. Sensualidade era importante, porém, conexão era bem mais para ele. Finalmente sentiu um pouco disso naquela madrugada, estando com Seokjin. Fazia um tempo desde a última vez que se sentiu assim com alguém. Desde seu último namoro, para ser mais preciso. Um bocado de tempo atrás.

Pensar em seus momentos íntimos preferidos do passado e no quanto tinha sido intenso estar com Seokjin na última noite o fez perceber que, a despeito de ter adormecido abraçado a seu corpo, não o tinha mais por perto. Abriu os olhos imediatamente, olhando para os lados, encontrando Seokjin adormecido na outra ponta da manta, bem na pontinha, todo enrolado em si mesmo e de costas para si. Vestia a sua camisa, mas não tinha puxado o lençol para se cobrir, dormindo ao relento. A visão era preocupante, mas também fofa, de forma que Namjoon se aproximou dele sorrindo, puxando o lençol consigo. Abraçou-se às suas costas e cobriu a ambos com o tecido, sentindo em sua pele o quanto o corpo de Seokjin estava gelado. Manteve-se abraçado a ele, o aquecendo, deixando beijos suaves em seu pescoço ao chamá-lo baixinho, para o despertar.