8. Ah! Ya! Seoul...

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Namjoon era um homem bastante coreano. Amava sua cultura, sua culinária, tudo o que envolvia ser coreano. Nem se quisesse negar conseguiria, suas feições eram prova de sua origem, e a bem da verdade, ele nunca teve problema com sua nacionalidade, pelo contrário. Contudo, não podia negar igualmente o quanto preferia estar em Londres do que em Seul, ou na província em que nasceu e foi criado. O agito daquela cidade, a forma como viam o mundo e como viviam combinavam de uma maneira quase surreal com as filosofias pessoais de Namjoon. Ao menos era como ele pensava, e se pensar assim era o que lhe fazia dormir melhor pela noite, continuaria pensando.

A Coreia do Sul, assim como qualquer outra parte do mundo diferente de Londres, para Namjoon era sempre um ponto de negócios, um local para rever amigos, e nunca nada além disso. Muito embora Londres também fosse para ele um local de trabalho e de boas amizades, para além disso, era onde enxergava seu lar. Quando estava nela não costumava pensar em partir, ainda que soubesse que, em algum momento, teria que viajar e deixar Londres um tanto para trás. Londres era a casa que aprendera a amar, o lugar que lhe despertava a sensação de pertencimento. Quando partia era pensando em voltar logo, e longe, pensava sempre no dia em que poderia regressar. Com todos os seus problemas, era em Londres que gostava de estar.

Idas e vindas eram normais, e por mais que não as preferisse, as superava porque, em média, não aconteciam com muita rapidez. Namjoon não esperava, porém, que naquele mês seria diferente. Não esperava estar de volta a Seul tão cedo, mas a vida tinha seus próprios planos. Poucas semanas depois de estar em Seul pela última vez estava ele ali, com um prato de torradas amanteigadas com geleia na mão e o notebook no colo, pesquisando passagens de avião que o permitissem regressar à sua terra natal o mais breve possível, bem como locais bonitos e confortáveis onde pudesse se hospedar na capital sul coreana por tempo indeterminado.

Comendo devagar suas torradas adocicadas e engorduradas, digitava palavras nos campos de busca dos sites e lia os resultados através das lentes de seus óculos, tentando achar a melhor oferta que atendesse seus critérios. Somente ele sabia o quanto não queria voltar logo para lá, contudo, o que tinha surgido o forçava a largar tudo e ir correndo para o Extremo Oriente. Finalmente teria a chance de uma vida inteira nas mãos desde que iniciara sua carreira como investidor: poder comprar a gigante nacional de Oh Sanghun. E se queria que desse certo, precisava ir para lá para se planejar e fazer a aquisição.

As torradas acabaram pouco antes de Namjoon comprar uma passagem somente de ida para Seul e alugar um charmoso hanok moderno numa área nobre na cidade. Suspirando, fechou a tampa do notebook, retirou os óculos e pôs o aparelho ao lado do prato, que repousava sobre o colchão, e logo após deu aos óculos um repouso sobre a mesinha. Diligentemente se levantou, pegou a louça e a levou para a cozinha, arrastando a pantufa marrom pela madeira do assoalho até chegar à lavadora de louça e depositar o prato lá. Em seus pijamas de seda foi para o lado de fora do amplo apartamento que mantinha na capital inglesa, para uma varanda que saía de sua sala, local onde Namjoon construiu um belo jardim. Com um irrigador em mãos, silencioso e absorto em seus pensamentos, passou a molhar suas plantas e flores, pulando as suculentas e continuando a irrigar seus bonsais, tudo de acordo com o tipo de planta, respeitando a necessidade de água e horário de irrigação de cada um.

Pacientemente devolveu o irrigador para seu lugar, voltando para as plantas, a fim de retirar de algumas delas folhas e galhos secos. Com o cuidado de um cirurgião fez o trabalho, colocando o que retirara num recipiente para que depois fossem descartadas corretamente. Por fim, parou diante de seu bonsai de laranjeira, que tinha dado frutos pela primeira vez, e recolheu as laranjinhas maduras sorrindo todas as vezes que colocava uma no seu pequeno cesto de colheita. Levou um dos sete frutos à boca, rompendo a casca com os dentes e liberando o sumo. Era doce, como tinham lhe prometido que seriam quando adquiriu a pequena árvore.

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