16. Mistakes

764 109 245
                                    

Namjoon estacionou o carro o mais distante possível da porta de entrada do asilo. Não havia quase nenhum carro naquele imenso estacionamento, e era no mínimo suspeito, para quem olhasse de fora, que um veículo parasse justamente ali. Namjoon, porém, não estava muito interessado em corresponder às expectativas da etiqueta social. Naquele momento seu foco era outro: encontrar forças.

Sem desligar o veículo, ficou encarando o volante de forma incansável, até que a imagem começasse a desfocar-se e se perder. Havia anos que não se encontrava pessoalmente com o avô. A última vez que o viu foi quando saiu da casa dele para nunca mais voltar, no primeiro ano de faculdade. Teria sido antes, se as Forças Armadas o tivessem aceitado, mas ainda assim, um bocado de tempo tinha se passado desde então. Quando finalmente voltou a ouvir sobre ele, algum tempo atrás, já tinha Jimin para cuidar de seus assuntos, razão pela qual não se dispôs a procurar saber coisa alguma sobre ele. Entendia que ele estava bastante doente, mas não sabia muito bem que doença o acometia, e não tinha tido interesse em saber. Ainda não tinha; seus motivos para estar ali eram outros. Talvez imbecis, mas nada tinham a ver com a vontade de saber como o homem estava.

Não desligou o veículo até sentir que era dono da sua frequência respiratória de novo. Segurando o ímpeto de mais uma vez ignorar o homem e seguir sua vida, saiu do automóvel, fechou tudo e se dirigiu à recepção em passos lentos. Lá chegando, se apresentou e aguardou pela profissional que cuidava pessoalmente de seu avô.

— Não deseja se sentar, senhor? — A jovem da recepção, educada, perguntou após cinco minutos de espera. — Podemos conseguir algo para que beba enquanto aguarda confortável na poltrona.

— Grato, mas estou bem de pé — respondeu sem sair de sua posição: parado próximo à ponta da mesa, com as mãos nos bolsos. — Agradeço pelas bebidas também, mas dispenso.

A moça fez uma referência e voltou a se ocupar de seus afazeres, e menos de três minutos depois uma mulher de jaleco branco apareceu na recepção. Apresentou-se como a médica que tinha pedido para que entrassem em contato direto com Namjoon, e ao conhecê-lo, o encaminhou para o seu consultório. Com ambos acomodados, ela passou a lhe contar um resumo sobre o estado de saúde de seu avô, de uma forma didática, que permitiria a qualquer um a compreensão. Aliado a isso, ela tinha um sorriso confortador e um semblante muito sereno, que fazia a sua narração parecer leve, quando na verdade não era. Namjoon deixou que ela falasse, porque tentar explicar que não se importava com os detalhes da diabetes avançada, da cirrose brutal, do último acidente vascular cerebral e das duas paradas cardiorrespiratórias seria mais penoso do que apenas ficar calado e escutar. Algumas palavras pareciam pesadas: amputação, fígado em estado de liquefação, perda da capacidade plena de mastigação e de respiração, entre outros. Mesmo assim, mantinha-se com o máximo de indiferença porque esse era o sentimento que seu avô lhe inspirava na maior parte do tempo. Os outros sentimentos eram bem piores, e preferia deixá-los quietos. Ser indiferente em relação ao avô era o melhor para ambos.

— Espero que eu tenha conseguido fazê-lo compreender em que ponto estamos, senhor Kim, e por que eu insisti que fosse pessoalmente solicitado quando tomei conhecimento de que estava na cidade. — Novamente, um sorriso confortador. — Sei que temos ordens muito específicas para contatar apenas o seu advogado, mas torço para que possa perdoar minha ousadia. Seu avô está num estado muito delicado, e... — Fez uma pequena pausa. — Podemos perdê-lo a qualquer momento. Pensei que como único parente conhecido dele, fosse uma boa ideia vir vê-lo.

— Compreendo perfeitamente, doutora. Entendo tanto a situação quanto sua atitude. — Ia falando sério, mas educadamente. — Ressalto que não me agradou a ideia de ter sido incomodado quando a ordem é justamente o oposto, mas entendo seu posicionamento.

For SaleNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ