Capítulo 7: No Acaso

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A partir desse dia, viajei pelo mundo todo, América, Ásia, África, Europa e Oceania.

Andei por muitas as cidades e conheci muitas culturas, além de me aventurar com muitas moças e rapazes, afinal é o prazer que importa.

Por muitos anos estive em negação com o dêmonio, pensando ser amaldiçoado, mas depois daquela visão sobre como foi o passado de Caedes, percebi que o lobo me pertence assim como eu pertenço a ele e agora somos um só, compartilhamos os sentidos, os pensamentos e o prazer principalmente.

Dias presentes...
Osaka - Japão - 2018

- Como você conseguiu deixar aquele verme fugir, Samael? - O lobo rosna dentro de mim.

Ainda meio transformado seguimos pelo beco estreito, dou graças por ser madrugada e a escuridão nos encobrir.

- Ahhhhh, foi mal, é que eu realmente senti aquele golpe no estômago, acho que perfurou algo aqui. - Olho para meu abdômen jorrando sangue.

Pressiono o buraco com força na esperança de que estanque o sangue.

Continuo andando, nú, e com frio, sinto a pele estremecer.

- Não pode dar um jeito nesse frio, Caedes? - Sussurro, sinto que vou perder a consciência.

- Desculpa, estou gastando minha energia demoníaca para curar essa merda de buraco! Ainda quer que cuide do frio? Nem pensar! Não vou arriscar nos matar e perder nosso corpo! - Ele resmunga para mim.

Ouço ao longe barulho de passos, leves e calmos, mas em nossa direção.

- Merda! - Tropeço em alguma coisa no chão.

- Ela está chegando, desculpe, vou sair do controle do corpo, Samael, preciso curar logo esse ferimento. - Sinto a presença do lobo desaparecer do comando.

Uma dor absurda me atinge de repente, ele estava aliviando toda a dor que eu deveria sentir desde o início e ainda curando o buraco na barriga.

Não consigo ficar quieto.

Gemidos de dor saem de minha boca e me falta o ar entrando nos pulmões, ofegante, vejo uma silhueta na minha frente, uma mulher.

Não consigo erguer a cabeça para mirar seus olhos, mas o cheiro que exala de suas madeixas me entorpece, mesmo que eu não veja seu rosto eu sei quem ela é, mesmo que eu fosse cego e surdo eu saberia, por que ela sempre volta para mim, talvez seja um castigo, minha querida.

- Lauryel...

Perco a consciência.

Quanto tempo passou desde que dormi?

Será que adormeci mesmo ou Caedes está no comando agora?

Não... Essa escuridão não parece com a do Caedes, estou perdido aqui... Vagando...

- Ele...

Escuto murmúrios ao longe.

- Acho que está reagindo.

É uma mulher falando.
Alguém está limpando minha testa, com um pano morno.

Ahhh que sensação boa, as mãos de uma mulher me tocando, não.... Espera... Não é qualquer uma...

- Lauryel! - Grito.

- Você deve amá-la muito, não é mesmo? - Ela está ao meu lado sorrindo para mim.

Cabelo escuro escorrido, íris preta como a noite, vestes tradicionais da cultura do país, uma típica e linda japonesa.

- É... Você nem imagina... - Sussurro.

- Por favor, deite-se, você ainda está muito ferido, deve descansar.

Inclino o corpo para trás bem de vagar, a dor é nauseante, faz muitos séculos desde que não nos machucamos assim.

- O que aconteceu com você? - Ela continua a trocar as faixas na minha barriga.

- Bem... Fui roubado e levaram minhas roupas e tudo o que tinha. - Engulo em seco, odeio mentiras, mas não posso contar a verdade, pelo menos não agora. - Esse buraco foi com uma barra de ferro, sabe estávamos perto de uma construção... - Solto uma risadinha descontraída, essa parte não foi mentira.

- Que coisa assustadora! - Ela me encara. - Vamos levar você até o hospital!

- Não! O hospital não! Eles não tratam bem os estrangeiros... - Respondo meio rápido, espero que ela não perceba que são desculpas para não ter contato direto com um hospital, afinal, se descobrirem que posso me regenerar a humanidade iria surtar. - Bom... Quero te agradecer por me ajudar, senhorita...

- Desculpe, ainda não nos apresentamos, eu sou Saito, Iki Saito.

- Muito obrigado, Saito-Chan. Eu sou o Samael Vix.

- O seu japonês é muito bom Vix-Kun, parece ser um nativo.

- É que moro no Japão já faz um tempo... Tenho uma empresa no ramo da tecnologia aqui em Osaka.

- Incrível! Por isso foi roubado, tem que ter cuidado nessas ruas, Vix-Kun, as pessoas estão cada vez mais maldosas... - Observo sua beleza angelical, como pode ser possível tê-la bem aqui ao meu lado mais uma vez? - Prontinho!

Ela se levanta em direção a saída, seu Yukata é lindo, vermelho e branco, pés descalços, apenas meias, afinal estou em uma casa tradicional do Japão.

Essa é a família de algum general?

Escuto barulho de espadas, são Samurais?

- Caedes? Está aí? - sussurro.

Nenhuma resposta.

Ele sempre responde, mesmo adormecido, e agora não sinto sua presença, o ferimento já deveria ter fechado, mas ainda tem um rombo no meu estômago.

Que merda tá acontecendo?

- Onde você está seu merdinha? - Chingo na esperança de que ele retruque.

Nada.

Silêncio.

Aquele demônio lobo não respondeu nada.

- Com licença, Vix-San, trouxe um chá a pedido da Saito-Senpai. - Uma menina jovem aparece com uma xícara de chá no quarto.

- Onde ela está? - Pergunto sem perceber o quão carente estou parecendo.

- Ela está em seu treinamento agora, quando estiver bem poderá ver, ela dança como um anjo, parece uma deusa... - Seus olhos brilham ao falar da sua senpai.

Ela me serve o chá e bebo sem desconfiar.

Sinto o corpo esquentar.

As pálpebras pesam, os músculos relaxam.

Entro em um sono profundo e calmo, algo que não acontece a muito tempo

Talvez seja a tranquilidade de estar perto da minha amada Lauryel de novo, ou talvez seja a calmaria antes da tempestade...

Sinto que logo vou descobrir.

Samael ImortalWo Geschichten leben. Entdecke jetzt