Capítulo 20: Em Conjunto

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- Então esse é o "boss" dessa missão?

Caedes faz uma piada estranha envolvendo jogos.

- Acho que sim.

Concordo.

- Vamos logo!

Saito salta sobre o homem, impaciente, a Katana aponta direto para o coração, o homem desvia.

Parece que ele ficou mais rápido, e o corpo parece diminuir  agora que paro para pensar.

- O novo soro que produzi parece que está fazendo efeito.

Ren começa a gargalhar mais uma vez.

Isso está me irritando muito agora, qual o problema desse cara?

A risada se transforma em tosse e depois em um som gutural de evacuação, ele vomita tudo para fora, sangue, tripas e órgãos.

Mas parece satisfeito mesmo que nós três estamos ali parados observando essa cena maldita.

O corpo do homem vai mudando, antes era tudo uma bagunça lamacenta, mas agora está ficando com músculos, com pelos, dentes e garras afiadas, está se tornando mais parecido com a gente.

Isso me assusta, quem mais sabe que é possível se transformar em algo mais com nosso sangue?

E o pior, agora somos dois, ainda não sei se podemos ficar separados, mas é um risco maior, agora temos que proteger um ao outro e ainda tem a  Saito-Chan para cuidar, não que ela não consiga sozinha, muito pelo contrário, ela também possui nosso poder demoníaco correndo em seu corpo, o que será que vai acontecer quando nós três nos tocarmos?

Ren me tira de meus devaneios com sua risada ridícula, ele gargalha como um sociopata maluco.

- Vamos matar!

Saito salta mais uma vez sobre o homem e tenta acertar a lâmina, ele desvia fácil, como eu previa.

O homem acerta o corpo dela com um golpe duro, joga ela para longe, contra uma coluna.

- Estou bem.

Saito grita do outro lado da sala.

- Vamos juntos!

Afirmo.

Caedes assente com a cabeça e partimos.

Ele vai pela direita e eu para a esquerda, corro o mais rápido que posso, farejo, sinto, tudo ao meu redor, Caedes do outro lado faz o mesmo, como se estivesse dividindo os pensamentos, as sensações, do outro lado tudo nele reflete em mim, em sincronia.

Abro a mandíbula e projeto os caninos para frente, sou tão rápido que o homem besta não consegue me acompanhar e nem Caedes, juntos mordemos cada lado do pescoço nojento dessa coisa humanoide.

O gosto é horrível, de coisa podre e embolorado, tenho que me segurar pra não soltar e correr vomitar do outro lado.

Saito ainda atirada do outro lado da sala nos olha sem saber muito o que fazer.

Sinto um golpe forte no estômago, Ren usou o terceiro braço na barriga pra me socar e jogar longe, meus ossos se partem mais uma vez.

Arfo com a dor, e ouço Caedes também gemer, será que ele também sente o que sinto?

Ele está jogado no lado contrário de mim, a distância me traz um certo desconforto para mim, era melhor ele ficar ao meu lado.

Ren não para de gargalhar, seus dentes derramando da gengiva, o sangue escorre da boca como se fosse uma cachoeira.

Sério, acho que nem um psiquiatra da um jeito nisso mais.

- Saito!

Chamo ela.

- Use a espada!

Caedes me completa, é como se pudesse ouvir os meus planos.

Talvez ele sempre pôde ouvir.

Sinto as bochechas esquentarem, tenho certeza que se eu estivesse na forma humana pareceria um pimentão vermelho.

- Certo!

Caedes e eu nos lançamos sobre o homem mais uma vez, um de cada lado, garras prontas para um acerto crítico.

Minha velocidade é incrível, meus dentes rasgam a pele e a carne pútrida do braço do Ren.

Ele solta um gemido profundo, da garganta, um som de dor.

Olho para o outro lado do corpo do homem besta e vejo Caedes fazer o mesmo, as presas dele são enormes, tenho a sensação de que a mordida partiu até mesmo os ossos.

Saito não perde tempo, ela gira graciosa no ar com sua Katana, como um flor desabrochando, e acerta em cheio a cabeça do Ren, ele nem tem tempo de reagir, ela se balança sobre a lâmina e pressiona até embaixo, rasgando desde o crânio até às bolas, os órgãos começam a cair de dentro do corpo, cada parte cai para um lado.

- Mesmo que eu morra, não vai acabar aqui, a Inquisição está em todos os lugares, é só questão de tempo até que vocês percebam isso!

Ele solta uma última gargalhada estranha e um silêncio fica a partir daí.

- Que barulho é esse?

Um tipo de som, como um sino, ou talvez aquele barulho do som de uma contagem regressiva de uma bomba ecoa pela sala.

- Acho que vem dali.

Saito aponta para um armário ao lado dos equipamentos.

Sinto meu corpo voltar para a forma humana, vou até a fonte do barulho estranho e abro a porta.

Uma pontada de pânico corre pelo meu corpo, meu coração dispara.

- É uma bomba!

Saito confirma.

- Somos imortais, não vamos morrer...

Caedes se vangloria.

- Talvez você seja imortal, Caedes, a gente não sabe o que vai acontecer agora que você está em um corpo sozinho, e a Iki que só tem o sangue, não sabemos mais nada sobre nós mesmos!

Começo a surtar.

- Merda! Ainda faltam 10 minutos para explodir, vamos sair daqui, vou levar a Saito na minha garupa.

Caedes aponta para as suas costas, a transformação é meia humanoide agora e nú, assim como eu.

- Afinal por que você está no corpo do Ali Salim e não no Samael?

- Bom, quando o imbecil do Ren me trouxe até o corpo do Ali, eu entrei, mas a consciência que deveria estar aqui já não estava mais, talvez ele tenha batido a cabeça quando caiu, o corpo ainda vivo, mas a alma já tinha partido, eu não consegui mais sair de um corpo sem alma, fiquei preso aqui.

Ele explica enquanto puxa Iki até as costas.

- Então você não pode voltar para mim?

Droga mas o que eu estou falando?

- Mas eu estou aqui pra você.

Ele me encara com um sorriso safado.

- E para Saito-Chan também.

Ela também me encara, as bochechas coradas, sinto que as minhas também estão assim.

- Vamos sair daqui, depois conversamos melhor!

Caedes fala em um tom safado.

Seguimos para a saída.

Samael ImortalWhere stories live. Discover now