Capítulo 12: Sorte ou Azar

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- Chegamos.

Vou retomando a consciência.

- Finalmente, Caedes, agora vamos poder andar por aí, com roupas.

Dou uma leve risadinha.

- Deixa de bobagem, Samael, veste isso logo, não quero perder o rastro do que senti quando ainda tava no comando.

- O que encontrou?

- Sangue.

A voz é séria, sem nenhum tom de brincadeira.

- Muito sangue.

Ele aponta nosso braço para a direção de onde sentiu o cheiro.

Na nossa direita, em um distrito aonde é mal frequentado, mafiosos e drogados andam pelas ruas.

Será que encontro Ash Linx aqui?

Merda, por que tô lembrando de Yaoi agora?

Acho que as lembranças da reencarnação da Lauryel naquele corpo masculino europeu me deixou meio atordoado.

Sim, é saudade.

- Precisa se concentrar agora, Samael, deixa esses pensamentos estranhos pra lá.

- Sim.

Sigo pela calçada, a luz é precária, as casas estão caindo aos pedaços, pessoas jogadas para todos os lados, gritaria e som alto.

É um bairro reinado pelas drogas e pessoas ruins.

- Ali.

O lobo aponta para um tipo de fábrica abandonada.

Sem correntes no portão, paredes pixadas e um cheiro de urina com pessoas em decomposição, ainda que vivas.

Subo as escadas sem pressa, andar por andar, olho cada centímetro do local.

- Samael, percebeu que as coisas estão estranhas aqui?

- Sim, apesar dos vagabundos terem remexido tudo, eles não seriam capazes de detonar o lugar assim, parece que ouve uma explosão aqui, por isso o cheiro de sangue que você sentiu.

- Sim, foi o que pensei.

Os equipamentos que talvez estavam aqui, já não estão mais, não tem mais nada, está vazio, o pessoal do bairro levou tudo.

É o que deduzo.

- Samael, sinto algo aqui embaixo.

Olho para baixo de meus pés, concreto e cimento, nenhum vestígio de alguma coisa ali.

Caedes toma o comando parcial do corpo, meu braço direito atinge o chão com força, os dedos alcançam algo por entre o cimento.

Agarro o objeto e puxo o braço para fora.

Um caderno.

- Tá fedendo a sangue!

Ele rosna.

- Calma, vamos ver o que tem escrito.

A capa preta, sem palavras indicando o dono.

Abro na primeira página.

No lugar do título: "Anotações Importantes"

É a única frase possível de se ler, o resto é manchado de bordô seco em cada página, o sangue apagou tudo o que tinha escrito aqui.

- Merda! Viemos aqui pra nada!

- Leva o livro pra Saito-Chan, ela pode dar um jeito de limpar isso aí.

Caedes é calmo, não se altera nem um pouco pela decepção de chegar aqui e não ter nada além de um livro de anotações ilegível idiota.

Samael ImortalOnde histórias criam vida. Descubra agora