História de uma vida passada: Lauryel Imortal pt.1

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E se Lauryel reencarnasse em um corpo masculino, Samael ainda a amaria ou rejeitaria a alma que tanto ama?

Essa é uma das centenas de histórias de uma das milhares de vidas que a alma dela reencarnou.

Nesta vida ele foi um Marquês muito influente da Europa, sofisticado, casado e completamente apaixonado pelo Samael.

Eles se conheceram em uma noite, durante uma viagem do Marquês, seu nome era...

- Senhor Marcos, não está seguro continuar assim! - O cocheiro grita para mim do lado de fora, empurro as cortinas e observo a tempestade do lado de fora, é um aguaceiro enorme, e esta noite e frio, agradeço por ter decidido vir sozinho e não trazer Anabeta junto, ela iria reclamar e surtar com tudo o que está acontecendo.

- Pare um pouco, Polo, preciso esticar as pernas e usar o banheiro! - Grito para ele.

- Nesta chuva, senhor?

- Não despreze o chamado da natureza, Polo, pare aí mesmo. - Ordeno.

O movimento para, me seguro na porta e abro, desço os degraus com cuidado para não resbalar e cair.

- Deixe-me te ajudar, senhor Marquês!

- Não é necessário, me espere aqui.

Ordeno para ele, preciso esvaziar a bechiga e não quero ele me olhando.

Sigo floresta a dentro, não me importo com toda aquela lama e água despencando em mim, só preciso de um tempo.

Logo vou chegar nos domínios de minha mãe e não vou conseguir me livrar dela tão cedo.

Solto um suspiro cansado, tenho um vida muito chata, gostaria de um pouco de perigo...

Encontro um árvore estranha, abro o botão da calça e coloco meu pau para fora, me concentro e começo a urinar.

Um estrondo repentino me deixa congelado, um raio atinge o tronco ao meu lado, a árvore pesada começa a envergar para o meu lado, o barulho e a sensação aterradora sob meus pés me faz ficar atônito, não consigo fazer nada além de olhar aquilo cair em cima de mim e esperar pela morte.

Tudo passa em segundos, um lobo enorme e branco salta sobre mim, ele me agarra e puxa para o outro lado, meus olhos ainda doem pela luminosidade do raio que vi a alguns segundos, minhas pernas tremem e meu coração parece querer sair pela boca.

Posso jurar ter visto um lobo branco, mas agora vejo apenas um homem nú, caído em cima de mim, ele me encara, meio perturbado e confuso.

Ele também viu o raio?
Está machucado? Porque eu estou, minhas costas ardem, acho que acertei uma pedra com a coluna.

- Lauryel?

Ele murmura para mim.

- Quem?

Pergunto curioso, acho que me confundiu com alguma outra pessoa.

- Quem é você?

Ele ainda está confuso, será que bateu a cabeça antes de pular e me salvar?

- Não conhece o seu Marquês? - Polo aparece por entre as árvores e a chuva. - Está tudo bem aqui, senhor Marcos? - Ele da um olhar enojado ao homem sobre mim.

O olhar do homem selvagem vai para entre minhas pernas, acabei esquecendo que estava com a calça desabotoada.

Ele se remexe sobre mim, se faz ciente da minha dureza, ele me atiçou, um homem selvagem me deixou excitado, isso só pode ser por causa da minha quase morte, sim, é isso mesmo, não estou pensando nesse homem musculoso aqui em cima.

Droga! Sinto minhas bochechas corar.

- Não seja estúpido, Polo! Nos ajude a levantar, está vendo aquela árvore? - aponto para o tronco caído ao nosso lado, enorme e pesado, iria me matar mesmo. - Este homem salvou minha vida! Eu devo tudo a ele.

O homem selvagem vai se afastando, Polo estende a mão e me puxa de pé.

- Qual é o seu nome, selvagem? Meu senhor quer agradecer a sua gentileza! - Polo segue o homem com o olhar.

- Samael Vix, não sou selvagem!

Ele parece irritado, mas a voz rouca dele me causa arrepios de excitação.

Merda!

- Bom... Você está correndo nú pela floresta, altas horas da noite, nessa tempestade, para mim parece selvagem... - Polo continua.

- Cale a boca, Polo, vá para a carruagem e espere com os cavalos!

Ordeno e o vejo partir com um olhar irritado.

- Sinto muito... - Solto um suspiro. - Polo é um cocheiro idiota...

- Tudo bem.

- Bom, quero te agradecer por ter salvo minha vida, agora tenho um dívida com você, o que acha de se tornar meu guarda pessoal? - Espero uma reação dele, mas não diz nada, então continuo. - Estamos indo para os domínios de minha mãe, a Marquesa Ellie, vou te dar comida, abrigo e roupas, depois de alguns dias, vamos voltar para minha mansão e esposa.

- Você tem uma companheira?

A pergunta me deixa surpreso, é com isso que ele está preocupado?

- Sim, casamento arranjado, se chama, casei com ela para aumentar meus domínios, por que a pergunta?

- Arranjado? Então você não a ama?

Outro susto.

- Bem... - Não sei como responder. - Ela  é uma boa mulher, nos casamos recentemente e ainda preciso conhecê-la melhor...

Não sou muito claro, por que diabos ele quer saber isso?

A menos que esteja interessado em.... Mim?

Merda!

- Então... Você vai aceitar o emprego? - Tento mudar de assunto.

- Sim.

Samael responde rápido, sem hesitar.

Começo a andar e ele me segue até a carruagem, entro e faço sinal para entrar também.

O veículo começa a se mover, Polo resmunga do outro lado da cabine, mas nem me importo.

- Quanto tempo até chegar no lugar que você falou?

Samael encara as paredes estreitas e observa tudo ao redor.

- Mais algumas horas pela estrada, Samael. - Digo bocejando.

Não consigo desviar o olhar do corpo do homem bem na minha frente, está coberto de terra molhada e os fios de cabelo ate o ombro pingam no peito largo e definido dele.

Merda!

Pare de encarar seu novo guarda pessoal, eu já reprimi alguns sentimentos assim no passado e vou reprimir de novo agora.

Uma enorme mão toca minha coxa, dou um pulo com o susto e tento me afastar.

- Está tudo bem, Senhor Marquês?

- É.... S-sim... - Gaguejo com o nervosismo. - Pode me chamar de Marcos, vamos ficar muito tempo juntos agora, não quero que tenhamos formalidades entre nós.

- Entendo. - Samael me encara.

Os olhos são escuros e profundos, quase hipnotizantes e avassaladores.

Merda!

Sinto minhas bochechas corar de novo.

Que merda tá acontecendo?

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Observações importantes: esse conto curto se passa na Europa, no século 19, Marcos era um Marquês que não podia sujar a sua reputação.
Caedes e Samael estavam em um bom momento, tinham decidido tirar umas "férias" de toda a loucura da Inquisição, por isso é mais voltado ao romance do que a ação.

Samael ImortalWhere stories live. Discover now