Capítulo 4: Da Morte Surge a Morte

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Perco a noção das horas alisando o rosto da minha linda Lauryel, minha cabeça lateja forte e parece pesar cada vez mais, esgotei todo o líquido do meu corpo chorando sobre o corpo dela.

Me levanto, ainda atônito e corro os olhos pela caverna banhada em sangue.

Vejo o corpo sem vida da minha Lauryel atirada ao chão, nunca a deixaria para trás, mas não há escolha, meus instintos me dizem para sair daqui.

Nas minhas costas, por uma fenda estreita passa uma brisa com um cheiro que eu reconheço, é a neve caindo lá fora.

Ainda nú, me aproximo da saída, estremeço com o frio repentino.

Não sinto minhas mãos, meus dedos são garras, arregalo os olhos assustado.

Corro em disparada na direção da cidade.

É noite, talvez madrugada e a neve para de cair, mas o vento é gélido e em meu corpo o suor escorre frio por tanto correr.

Chego no final da floresta, paro a alguns metros para ver se ninguém está fora de casa e que poderia me ver .

Vou para meu quarto assim que tenhi chance, mas ainda sinto que algo está errado.

Me ajoelho no chão do banheiro, os olhos inchados e doloridos por tanto chorar, lembro do que vi e desabo em lágrimas mais uma vez, minha pequena morreu e ainda não caiu a ficha.

Ela morreu...

Meu corpo todo ensanguentado e sujo.

Adentro a enorme banheira com água já preparada para um banho.

Esfrego braços até ficar em carne viva, é como se eu quisesse tirar a morte dela de meus ombros, quero que tudo isso acabe e que eu acorde amanhã com ela ao meu lado, em meus braços.

Talvez isso tudo seja um sonho, não, não apenas um sonho, um pesadelo horrível e perturbador que vai passar assim que acordar.

Saio da banheira, os corpo ainda treme pela angústia.

Minhas pernas travam na frente do espelho.

- Olhe para mim! - Falo irritado.

Mas não sou eu que falo, minha boca se move mas eu não quis dizer isso.

Minha expressão fica maliciosa e meus olhos me encaram pelo espelho.

- O que você quer? - Peço sustentando meu próprio olhar pelo espelho.

Meu reflexo começa a rir.

- Quero você! - Aponta para mim. - E vou matar todos que você ama e destruir sua vida, seu Scariot nojento!

Meu corpo vai adquirindo pêlos compridos, uma dor insuportável me atinge, sinto os ossos se romper por dentro da carne, meu rosto muda para a imagem de um lobo, com dentes afiados e olhos azuis, como uma besta demoníaca.

O ar fica pesado.

Fecho os olhos, balançando a cabeça na tentativa de afastar essa loucura de meus pensamentos.

- Olhe para mim!

Abro meus próprios olhos, é como se alguém puxasse minhas pálpebras a força.

Meu coração parece que vai sair a qualquer momento pela boca.

- Já que não está sendo um bom garoto, você vai ficar ai quietinho enquanto eu saio e devoro todos desta maldita cidade para você!

Meu reflexo fala para mim.

Sou transportado para aquele local escuro e denso dentro de mim mesmo

Largado e esquecido.

- Não! - Grito já me encolhendo em um canto.

Samael ImortalWhere stories live. Discover now