Samael Imortal

Capítulo 24: Sozinhos

- Onde está Caedes?

Iki acorda na manhã seguinte, um pouco atordoada.

- Ele foi embora, pediu para não seguir.

- Ele o que?

Ela grita em um salto da cama.

- E você não foi atrás dele?

Aceno um negativo com a cabeça, agora me sinto péssimo, ou ainda pior do que quando ele saiu, parece que foi tirado uma parte de mim e eu deixei.

- Puta merda!

Ela anda de um lado para o outro no quarto.

- Deixa eu pentear seu cabelo, meu amor.

Seu olhar me analisa por alguns segundos, senta na beira do colchão, de costas para mim.

- Vamos encontrar ele, de qualquer jeito, não podemos deixar sozinho pelo mundo, ainda mais agora que tem essa coisa da Inquisição, não sabemos o que pode acontecer com ele, ou você, ou com ambos, se ficarem separados, aliás vocês ressoam um com o outro, não consegue sentir ele?

Fala enquanto começo a desembaraçar o cabelo dela.

- Até o amanhecer eu o senti perto, mas agora parece que está muito longe.

Fiquei a noite toda sentindo a presença dele na cidade, isso me fez ficar um pouco tranquilo em relação a isso, mas depois de um cochilo que tirei, ele desapareceu dos meus sentidos, não sinto ele, nem a presença, nem o cheiro, não sinto nada.

- Vamos voltar para o Japão, acho que ele vai voltar para nós, só precisa de um tempo sozinho.

É o que eu quero acreditar também.

Assinto com a cabeça em afirmação.

Depois de nos trocar, vamos até o saguão do hotel, Iki faz uma ligação para seu padrinho Yakuza e depois seguimos até a localização que ele passou para ela.

É no meio do nada, uma pista clandestina, tem um homem estranho esperando com pacotes suspeitos, nem vou me dar o trabalho de perguntar que merda é essa.

Depois de alguns longos minutos esperando, um avião de carga aparece, o piloto desce da cabine, nos encara um pouco, e vai dar uma aliviada na bechiga, entramos na parte de trás, fecham a porta e seguimos rumo Japão, nossa casa.

Muitas horas voando até que paramos no solo, finalmente.

Seguimos para o meu apartamento na cidade, já que ela não quer mais ter contato com o Dojõ.

- Você tem uma casa?

Ela exclama ansiosa ao entrar.

- Eu te disse que eu tinha uma empresa de tecnologia aqui no Japão não é muito grande, mas serve.

Dou de ombros.

- Então você não mentiu sobre a empresa... Bom o apartamento é perfeito para nós três.

Seu olhar cruza com o meu, sinto a sensação de tristeza, não estou feliz sem o Caedes.

- Ele não vai voltar não é?

O tom de voz mudou para algo sem vontade nenhuma, decepção, tristeza, dor.

- Eu não sei.

Falo a verdade, ele não me disse nada, não me explicou nada, nem se importou com o que sentiríamos.

Iki me abraça, me aconchego nos braços fortes dela, no cheiro bom que ela tem, ambos sentindo falta do nosso Caedes.

- Vamos vivendo, uma hora ele vai voltar para nós.

Ela me conforta, sem sucesso para meu coração.

- Sim.

Me esforço, é difícil pensar em viver sem que ele esteja comigo, foram muitos séculos juntos.

Os dias vão passando, observo a estação passar diante de meus olhos pela janela, eu espero que ele volte, espero um dia olhar pra fora e ver o corpo musculoso dele nos esperando, mas isso não acontece e os meses também vão passando, sinto cada vez mais distância entre nós.

1 ano depois:

- Iki!

Chamo a atenção dela.

- Cuidado, Sami! Atrás de você!

Ela salta sobre mim e corta um dos monstros que quase me acertou pelas costas.

- Criaturas nojentas.

O fedor pútrido do sangue negro e rançoso que escorre aos nossos pés me causa repugno.

- Não se esforce demais, Sami.

- Certo!

Eu fico doente com frequência agora que ele está longe, então vivo de cama, quando não estamos caçando Scariots no Japão, mas Iki cuida de mim.

A Inquisição continua manipulando o mundo, criaram vacinas para a doença da nuvem que a própria Inquisição liberou no mundo, eu já desconfiava que eles estavam por trás disso também, tudo para arrecadar milhões de dólares das pessoas, e manipular a população mundial.

Eles já estão infiltrados no governo, deputados e governadores, acha que querem derrubar o presidente da Rússia para começar uma Terceira Guerra Mundial, eles se beneficiariam com tudo destas batalhas, vendendo insumos, armamento e tudo o que mais for necessário.

Eu e Iki estamos erradicando o Japão das garras dessa organização manipuladora, a doença da nuvem que a Inquisição espalhou é brutal, muitos infectados morrem na hora, os que resistem, se transformam em monstros mutantes em poucas horas, o mundo está um caos, o mundo está em epidemia.

- Nosso informante ficou sabendo que um homem muito poderoso está em Moscou, e adivinha?!

Ela acerta mais dois com ambas espadas ao mesmo tempo, o líquido negro espirra pelo rosto.

- Ele tem um segurança o acompanhando, com um cabelo anormalmente branco, tão claro como a luz.

Iki revela.

- É nosso Caedes.

Afirmo convicto.

Iki me encara esperando uma resposta, uma da qual buscamos a muito tempo, saber a exata localização para encontrar.

- Faça as malas, minha dama, vamos para Moscou encontrar nosso Caedes!

- Sim!

Acabamos com o resto dos monstros e nos preparamos, pegamos nossas armas e partimos, sete horas de viagem no jatinho que a Iki arranjou do padrinho.

- Chegamos.

- Foram doze longos meses sem ele, agora o Caedes não escapa mais!

Iki encara a cidade ao longe, o olhar de determinação dela me excita.

Também paro pra olhar os prédios, a arquitetura da cidade, é bem interessante, nada parecido com o humor do Caedes, ele gostaria de lugares mais... Sombrios por assim dizer.

Sinto um sorriso de canto ao pensar nele, sinto outras sensações também, mas isso é pra outra hora.

- Vamos!

- Certo!