95.Brincando com fogo

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Tentando ao máximo não fazer barulho eu saio do quarto, sem demora caminhei até a porta e sai. Enquanto caminhava pelo corredor do hotel, passei meu olhar pelo relógio que marcava exatas 23:30. Entro em meu carro e sem demora começo a dirigir em direção ao mesmo destino, as ruas de Londres não estavam vazias, nunca estavam.

Esse era o horário da perdição, aonde tudo começava a acontecer, essa cidade nunca dormia. Optei por pegar um atalho, uma rodovia que era mais usada para viagens e o que me fez economizar alguns minutos. Mesmo concentrada no caminho, dentro de mim acontecia uma eterna guerra. O que eu estava prestes a fazer poderia ter grandes consequências, talvez me assombrasse para sempre, mas eu iria fazer.

Meu tio querido, a morte não é estranho para mim, mas não quer dizer que eu queira falar sobre ela. Uma vez por ano no dia da memória, nos pedem pra escrever cartas pra quem amamos e perdemos, nós a assinamos, embrulhamos e espalhamos elas pelo cemitério. Eu não vejo sentido algum nisso, por que escrever pros mortos?

Eu prefiro evitar pensar nisso, mais acontece que a morte insiste em bater na minha porta. Hoje talvez eu faça uma bobagem, uma bobagem tão grande que de você estivesse aqui, estaria muito decepcionado comigo. Eu não sei se sou capaz de aguentar isso.

[...]

Chego então em frente a mansão Cooper, pelo meu conhecimento eu sabia que nenhum empregado estava na casa, todos voltariam de suas folgas amanhã, então apenas os Cooper estava na mansão. Retirei do porta malas um galão de gasolina e o levei comigo até os fundos da casa. O silêncio da noite contagiava e tudo o que de podia ouvir eram os grilos, sem pensar muito comecei a despejar o líquido em algumas partes da casa, até que o galão estivesse completamente vazio.

A grande hora então havia chegado, retirei do bolso uma caixa de fósforos e de maneira certeira acendi um. Encarando a pequena chama em minhas mãos, diante de meus olhos vi um filme se passar. Todos os momentos com o meu tio, tudo o que ele me disse antes de eu vir pra cá...

— Eu vou sentar e assistir essa casa queimar, com o fogo que vocês acenderam em mim. - Falei encarando o fogo. - Mas nenhum de vocês nunca voltaram para perguntar se eu estava bem. - Deixo uma lágrima escorrer.

Jogo então o fósforo em cima do líquido e instantaneamente o fogo começa a tomar forma. Saio então dos fundos da casa e e caminho para o mais próximo do meu carro. De longe começo então a observar o fogo já se alastrando por mais partes da casa.

— Queimem no fogo do inferno Cooper's. - Falo observando a cena, com os olhos marejados de ódio. - Talvez um dia eu os encontre lá também.

O fogo estava cada vez ficando maior, e por incrível que pareça eu não me sentia mal por isso. Só de pensar no que eles tramaram contra um homem que não fazia mal a ninguém, que tudo que fez foi cuidar de mim, eu não sentia remorso algum. Minha atenção então a chamada por uma voz distante, que me chamava com desespero. Assim que olho para trás vejo Ethan correndo até mim.

— HANNA O QUE VOCÊ FEZ! - Ele diz em desespero.

— Você achou mesmo que eu ia deixar eles me destruírem e terem um final feliz? De jeito nenhum. - Falei segurando o choro e olhando para a casa.

— Por Deus Hanna que merda você fez! - Coloca a mão na cabeça.

— ELES MERECEM ETHAN! ELES FUDERAM COM A VIDA DA NOSSA MÃE, FUDERAM COM O NOSSO PSICOLÓGICO E ASSASSINARAM O TIO JAMES! - Grito com a voz falha.

Ao ouvir minhas palavras ele ficou paralisado, ele podia estar chocado, mas não ousou dizer que não concordava comigo.

— Vem vamos sair daqui. - Pega em minha mão e me puxa para o carro.

Meu Eterno Shelby Where stories live. Discover now