Não posso deixa-lo ir

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_ Junte-se ao pessoal mais velho _ a voz do Uriel soou amistosa, ele indicou o sofá para o Chris sentar ao meu lado.
O olhar do Louie e o do Will estavam fixado no Chris de um jeito que pareciam em expectativa. Excitados como se vissem um jogo prestes a virar.
O Chris não cairia nessa de confraternizar com o inimigo. Não, se eu não fosse a isca.
O Chris sentou ao meu lado. Will o serviu do drink que havia preparado. Trocaram um olhar que me preocupou. Houve olhos nos olhos com uma seriedade ímpar. Fitei o Chris preocupada, mas ele se concentrou em beber evitando o meu olhar.
O olhar do Louie sobre mim, lia a minha preocupação e com certeza, ele sabia o que estavam me escondendo.
_ Como vai, Christian? _ começou Uriel.
_ Muito bem. Sobre o que está fazendo, agradeço _ referiu-se ao fato do Uriel tomar o controle sobre os vampiros e lobisomens.
_ Já estava na hora, não é mesmo?
_ Não o culpo por hesitar. Tomar as rédeas da situação, requer que suje as mãos para fazer justiça.
_ O que você está achando da ideia de passar toda a sua vida ao lado da Helena?
_ É ótimo _ sorriu achando que a resposta era tão óbvia que a pergunta foi engraçada.
_ E se fosse pela eternidade? _ o Louie entrou na conversa, olhava a própria mão quando perguntou, mas fitou Chris nos olhos enquanto esperava a resposta.
_ Eu não sou eterno _ ficou sério ao dizer.
_ Por quê não? _ o Will estava igualmente sério ao dizer _ Aceita ser imortal e nós aceitamos você entre nós.
_ Por quê vocês querem isso? _ a voz do Chris soou desconfiança _ Não é mais fácil, se eu não existir mais, quando a Helena voltar para vocês?
_ Porque a Helena vai sofrer _ o Uriel falou _ É mais fácil lidar com o amor dela por você, enquanto você está vivo. Se você morrer, será impossível te tolerar enquanto ela sofre por você.
O olhar do Chris veio para mim. Que me sentia estranha vendo eles falando de mim como se eu não estivesse presente.
_ Você sabe que a Helena vai te amar para sempre, não sabe? _ foi o Louie quem falou.
O olhar do Louie sobre o Chris, deixava claro que ele não gostava do Chris, particularmente. Mas o Chris não ligava para ele, mantinha o seu olhar sobre mim.
_ Vamos pra casa, lobo? _ sorri para o Chris.
_ Sim.
Levantei do sofá _ Foi divertido _ falei para os outros três que também, me imitaram _ Vamos repetir.
A casa do Uriel era perto da minha casa, mas nós fomos para a casa do Chris.
Enquanto o Chris guardava a moto, subi as escadas, entrei no apartamento. Caminhei para o sofá. Sentei relembrando o que aconteceu na sala do Uriel. Aquilo foi uma emboscada. Foi muito bem feita, e não era para mim, mas para o Chris. Aquele olhar trocado entre o Will e o Chris... O que eles sabiam? O que o Chris estava me escondendo?
Achei que o Chris estava demorando e levantei indo até a porta. Ele estava terminando de subir as escadas. Tinha sangue no canto da boca enquanto sorria pra mim, disfarçando algo.
_ Eu te amo, Christian Anghel.
_ Por que está dizendo isso? _ desconfiou.
_ Porque eu quero que você beba isso _ rasguei o meu pulso ofereci em sua boca.
Hesitou, mas bebeu ainda confuso.
_ Mais, bebe mais _ induzo.
Vejo os olhos do Chris brilhar como o do lobo dentro dele, em seguida ele geme. Retiro o meu pulso dos seus lábios. Beijo-o acalmando.
_ O que você está fazendo comigo? _ disse ao recobrar o controle.
_ Fortalecendo você. Por quê não me disse que está doente?
_ Como você soube? _ se preocupou.
_ Desde quando, você está assim?
_ Adoeci quando voltei. Depois de uns exames descobri que é irreversível.
_ E o cigarro é só pra apressar as coisas, não é mesmo?
Uma vizinha abriu a porta da sua casa e passou por nós para descer as escadas. O Christian caminhou para dentro de casa e eu o segui fechando a porta atrás de mim. Entrou no banheiro trancando a porta e ligou o chuveiro. Abri a porta com a minha mente e entrei, vendo o seu olhar cansado sobre mim. Estava vestido enquanto a água caia dos seus cabelos e sobre o seu corpo.
Caminhei para o Christian e o beijei prendendo ele contra a parede. Hesitou em me abraçar, mas se rendeu em seguida. Me levantou encaixando as minhas pernas ao redor do seu corpo me molhando também. Nos beijamos muito com paixão.
As roupas molhadas foram sumindo do nossos corpos durante os beijos. Nos amamos. Christian chorou depois do prazer. Chorei junto com ele.
Estávamos deitados sem roupa, na cama.
_ Você teve muita coragem de me prometer tantas coisas quando está prestes a me deixar _ falei zangada.
_ Eu só te amo demais para ser capaz de te negar algo. Eu não pude dizer, Helena.
_ Me deixa te criar _ falei deitada sobre seu corpo olhando os seus olhos bem de perto. Seu olhar hesitava sobre o meu _ Eu te imploro. Por favor, me deixa te criar.
_ Eu não quero _ falou sinceramente.
Chorei sem desviar o meu olhar do dele. Eu via em seu olhar. Ele tinha medo da morte, mas parecia ter ainda mais medo de ser meu híbrido. De perder a sua autonomia. Minhas lágrimas não o fez hesitar sobre isso. Deitei sobre o seu peito ainda em pranto. Me abraçou me ouvindo chorar por ter recebido o seu não.
E foi chorando que eu o mordi contra a sua vontade. Ele não entendeu o que estava acontecendo há principio. Mas lutou comigo quando lembrou que o meu sangue já estava no seu organismo. Me transformei para resistir a toda a sua força. O Christian se rendeu.
 Me lançou um olhar de raiva quando eu o olhei nos olhos, ainda chorando.
_ O que você fez? _ se sentiu traído.
_ Eu não posso te deixar ir, me desculpa.
Depois disto o Chris adormeceu. Iria se transformar. 
Entrei em desespero chorando sobre o seu peito. O Chris sobreviveria, mas será que ele iria me perdoar por não ter te dado uma escolha?
As horas seguintes foram as mais longas da minha vida. 
O suspense, a expectativa da reação do meu amado. O temor de ser rejeitada. 
Aquele olhar de raiva não saia da minha cabeça. Sentia que iria enlouquecer andando de um lado para outro.
Por fim,  me deitei sobre o seu peito. Se aquela era a ultima vez que deitava com o Chris na mesma cama, eu iria curtir. Pelo menos o calor do seu corpo me acalmava.
Me perdi nas lembranças das juras de amor que trocamos. Dizíamos que tudo era perdoavel. Seria mesmo?
Enterrei os dedos nos seus cabelos lisos deslizando pela sua cabeça. Fitei  a pequena  cicatriz em seu rosto. 
Não me arrependi do que fiz. Faria de novo. Mesmo que o Chris me odiasse. Mesmo sem nunca mais contemplar o seu rosto de novo. Ele estaria vivo. Eu ficaria bem. Mas é claro que só seria feliz com o seu perdão.  Com o seu amor. Mas acho que o perdi.
O tempo passava entre lento e rápido. Se aquelas eram as últimas horas com o Chris, eram muito rápido. Se eu tinha uma chance, o tempo me torturava lentamente. 
Adormeci em meio ao estresse. Embora lutasse para não  dormir. Acordei  com o toque da mão do Chris sobre o meu cabelo. 
Em um movimento involuntário ele me tocou enquanto estava acordando. Me  apoiei  nos braços  observando o seu despertar. Seu olhar de raiva sobre mim. Fez que não com a cabeça e levantou se olhando no espelho. 
Olhou com repulsa para a sua imagem esmurrou o espelho e veio em minha  direção.
- Os meus pais foram mortos por  vampiros, Helena. Olha só para mim. 
- Você não é um vampiro. É um híbrido.
- Eu devia ser um lobisomem. 
- Você morreria - explodo e falo mais  alto. 
- Você parece ter um grande problema com a morte. Eu não  tinha - me encarou de perto - O quê que eu faço com essa raiva que eu sinto de você? 
- Eu vou embora - digo de cabeça  baixa.



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