Numa Noite Sombria

Relaxa

Tomávamos café, quando o meu celular tocou. Atendi no quarto, onde ele estava, e voltei para a mesa sem o celular.

O Chris me olhava com o olhar tranquilo. Mas era como o mar calmo embaixo d'água, durante a tempestade.

_ Você vai trabalhar hoje? _ eu quis saber, bebi mais um gole da minha caneca.

_ Não, se você não for.

_ Vai faltar no trabalho?

_ Tenho um bom motivo _ sorriu.

_ Neste caso, você pode me ajudar com o uns detalhes na minha casa?

_ Te ajudar é sempre um prazer.

Chegamos na minha casa, perto do Túnel de arbustos Um lugar calmo, cercado de verde. Uma casa grande e espaçosa no meio do nada, sem vizinhos, feita de madeira rústica.

_ Bem vindo à sua segunda casa _ abri a porta para ele _ Quando escolhi essa casa pensei em você, não sei porquê. 

_ Eu sempre achei essa casa bonita _ confessou olhando-a por dentro com curiosidade _ Mas é muito grande para um cara sozinho.

_ Que bom que a comprei.

_ Você a comprou?

_ Sim, usei as minhas economias. Era uma boa quantia. Estava na poupança, e rendeu bastante neste tempo todo. Eu não trouxe nada dos meus relacionamentos. Acho que é melhor assim.

Sorri pra ele. Andei até o centro de aquecimento da casa com o Chris atrás de mim.

_ O aquecimento não funciona. Só tenho água congelada nos encanamentos. Me diz que você pode consertar?

_ Se você me ajudar?

Assenti. Trabalhamos nisso.

Já havia conseguido fazer funcionar quando me olhou nos olhos e me deu um abraço.

_ Agora me explica como você voltou para o seu trabalho, comprou e mobilhou uma casa, e fez só Deus sabe mais o que, e eu só te vi agora, depois de tudo resolvido?

_ A Mama me ajudou a manter isso em segredo. Ela cuidou de tudo. eu acabei de chegar na Romenia. Voce foi o primeiro a me ver.  

_ Moraria aqui, mesmo se eu não estivesse te esperando?

_ Tenho uma família aqui, sr. Anghel. Eu tentaria, sim. Se não fossemos namorados seríamos irmãos de alcatéia. Mas eu sabia que você estava me esperando. Além de falar com a Mama, por telefone eu também tenho uma ligação com você e com a alcateia.

Ficou calado ao ouvir isso e sorriu largamente. Ouvimos a água correr pelos encanamentos.

_ Agora vem a parte chata _ disse pra mim _ Vamos fechar as torneiras e ver se tem vazamentos.

Cada um de nós foi para um lado. Ao terminar o procurei encontrando-o na cozinha. Ligava o fogão para aquecer a chaleira. Sorriu pra mim ao me ver. Caminhei e o abracei agradecendo.

_ Vamos criar nossos filhos aqui _ disse me aninhando no seu peito _ Consegue imaginar esse lugar cheio de risos e reclamações das nossas crianças?

_ E um cachorro _ completei.

_ E um cachorro gigante _ riu _ Você precisa de um carro, se vai morar no meio do nada sozinha _ falou voltando ao presente.

_ Vamos comprar um pela manhã?

_ Sim. Mas por que não hoje?

_ Hoje eu só quero ficar com você.

A chaleira apitou. O Chris foi fazer o café enquanto eu fui até a geladeira.