só uma volta em Veneza

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Finalmente saímos do quarto para dar uma volta em Veneza. Ao pôr do sol. Passeamos à pé até a Praça de São Marcos onde jantei uma pizza de batata frita e salsicha, por curiosidade. Tudo na Itália é gostoso! Depois fomos de gondola até um clube noturno que ficava ao lado do Grande Canal de Veneza. Um lugar cheio de turistas de todos os lugares.

Um trio de garotas se encantaram com o Lui, como se eu fosse invisível. Comiam ele com os olhos fazendo chame e jogando cabelos. Quanta infantilidade! Aquilo já estava me irritando. Lui percebeu minha paciência já no limite com um sorriso convencido.

_ Pega alguma coisa pra gente beber _ me disse decidido _ Vou resolver isso.

Obedeci. Nem imaginava o que ele ia fazer. Voltei sem encontra-los. Nem ao Lui, nem às garotas. Dei uma volta no lugar, procurando por cantos mais escondidos onde se poderia dar uns “amassos” e, bingo!

Lui havia bebido o sangue de duas até a inconsciência, e se alimentava da ultima. Ele não pararia até que ela morresse. Não sem eu interferir. Coloquei os copos no chão em qualquer lugar. Abracei-o lambendo o seu pescoço e acariciando o seu membro por sobre a calça. Aah! Gemeu soltando o pescoço da quase morta. Lambeu para cicatrizar, mas também, porquê não se desperdiça sangue. Não se você for um vampiro e não na presença de um. Isso é a única coisa capaz de faze-los perder o controle, de vez. Chegam ao ponto de revelar quem são, se um gota de sangue surgir na presença deles.

Ia me beijar, mas parou fitando o meu rosto brava. Tinha ar de culpado, mas com certeza tinha muitas desculpas preparadas.

_ Precisamos sair daqui _ apontei o óbvio. Peguei os copos do chão onde havia colocado e caminhei para fora com o Lui às minhas costas. Larguei os copos no caminho.

Pegamos a mesma gondola por coincidência.

_ Helena _ começou assim que estávamos no meio do canal, mas hesitou.

_ O que deu em você? _ disparei.

_ Sede _ riu óbvio.

_ Hipnotize ele para que não se lembre de nós _ me referi ao gondoleiro.

Lui obedeceu. Assim que nós descêssemos da gondola o rapaz esqueceria de nós.

_ Cada vez que uma mulher der em cima de você vai ser assim? _ continuei com tom de cobrança e ciúmes.

_ Pode me explicar do que, exatamente, você sente ciúmes?

_ Lui, você estava... _ travei lembrando da cena dele grudado naquela... outra.

_ Matando, Helena. Era isso que estava fazendo. Matando ela. Eu a mataria se você não tivesse chegado. Foi assim que eu vivi até agora. É assim que eu ajo sempre que não estou com o Will. É assim que eu ajo mesmo estando com Will, às vezes. Eu sou um monstro. E você está com ciúmes das minhas vítimas. Não devia nem me amar. Eu não mereço _ lamentando desviou o olhar para o lado.

Tudo foi dito numa quietude perturbadora, sem sentimento, nem hesitação. Exceto as três ultimas frases, havia remorso nelas.

_ Eu pensei que... você evitasse matar.

_ Eu evito. Das garotas que eu ataquei, duas sobreviveriam. Mas isso não me faz ser melhor.

Eu ainda sentia ciúmes por ele ter ido com elas. Sabia como elas se sentiam quando ele começou a morde-las. Embora deva ter sido aterrorizante perto de perderem a consciência, mesmo assim.

Descemos da gondola depois de pagar o gondoleiro. E caminhamos de novo por São Marcos. As lojas e os restaurantes estavam fechados. A praça mais parecia um cemitério. Um vento fúnebre me atingiu causando-me um arrepio. Me senti tola por me sentir intimidada com o cenário. Mas o olhar do Lui estava fixo em algo no escuro distante. Algo que eu não conseguia ver. Foi quando paramos de caminhar, esperando algo acontecer.

Numa Noite Sombria Where stories live. Discover now