Como em Tróia

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_ Hora de acordar, Alone!!
Ouvi do fundo da minha inconsciência, mas um chute forte dado na minha cama me trouxe para realidade bruscamente. Abri os olhos assustada e levantei subitamente. Uma linda mulher muito loira me encarou brava. 
Continuou _ Levanta bela adormecida, é minha vez de dormir. Cuide de tudo!
Acenei com a cabeça embora ainda não estivesse acordada de fato. 
Minha rotina é sempre a mesma, mais um dia.
Aquela noite, tomava banho e pensava na missa, no padre Marcos. Parecia que algo havia mudado em camadas nos meus sentimentos ao pensar no padre. Era por causa do perigoso e intenso Lui. 
O Lui era pura paixão furiosa em uma fina contenção de ética moral. Essa fina contenção causava dor. Sentia sua dor e sua paixão quando pensava nele. 
Um gemido me escapou e notei que o meu corpo ardia como se minha pele queimasse em brasas, era bom, mas estranho. Nunca havia sentido algo tão forte. Mesmo quando corava entre pensamentos sobre o proibidos padre Marcos, não era nada parecido.
Ouvi o ranger da portinhola que fechava o banheiro externo da minha casa e lancei o olhar para a fresta. Naquele momento eu soube que olhos verdes-selvagens me obsevavam, como nos meus sonhos e não tive medo.
Tudo correu igual, mas eu esperava pela sua visita, pois sabia que aconteceria e aconteceu. 
Marta me chamou e apontou a mesa onde o Lui estava me esperando, agora.
_ Você bebe?
Meu olhar reveu os traços do seu rosto e aquele olhar rebelde que escondia tanta dor e paixão que eu nem compreendia. 
_ Não. 
_ Meu nome é Lui Garret quero te conhecer melhor... conversar.
Sorri, acariciando o cachorro que sentou ao meu lado _ Você pode me encontrar na missa amanhã. 
Seu olhar se perdeu no meu sorriso e depois foi para a curva do meu pescoço e caiu sobre suas mãos juntas sobre a mesa, o olhar estava constrangido. 
Pensou em me beber.
Seu olhar subiu rapidamente para o meu, com surpresa.
Será que ouviu o que eu pensei?
Ele afirmou e eu sorri.
Sonhei com você vampiro.
A preocupação foi disfarçada por inércia de reação. 
Os olhares e ouvidos atentos ao nosso redor só permitiam uma frase ser dita.
_ Nos vemos na missa amanhã _ cumprimentou-me com um curvar da fronte e saiu da taberna. 
Voltando para os meus afazeres, me deparei com o Lui dentro do pequeno armário de vassouras. Reaji ao susto que me deu aos risos. Saí varrendo a casa com o rapaz me seguindo, estava preocupado.
_ Isso é muito errado, Lui. 
_ Eu sei, mas... Como você sabe o que sou?
_ Já disse, sonhei com você por noites seguidas.
_ O que você sonhou? 
_ Sonhei com o que você viveu ontem _ fiquei séria _ Eu sinto muito pela sua mãe. 
_ Obrigado. 
_ Sonhei com essa visita que você acabou de me fazer e com o que acontecerá amanhã no nosso encontro. 
_ Você é uma bruxa?
_ Deus me livre e guarde! _ me benzi por costume, mas as palavras dele me ofenderam mesmo.
_ Desculpa. É que não entendo nada disso. 
_ Não acho que devemos mexer com o destino. É melhor que eu não te conte _ continuei varrendo. 
_ Penso o contrário. Se você sonhou com o futuro é exatamente por que ele pode e deve ser mudado. O que mais você viu?
_ Existem mais dois vampiros que, como você, me amam.
Lui ficou interessado no que eu pensava sobre este sentimento, mas esperou que eu dissesse, o que não fiz.
Continuei _ Concordo com você que a nossa vida será um inferno se tivérmos que viver à três. 
Baixou o olhar pensativo e elevou de novo _ Não há o que fazer sobre isso. 
_ Nós dois podemos sair do país. 
O entendimento fez a sua respiração mudar _ Nós dois? Você viria comigo?
_ Foi isso que eu disse. 
_ Por que você faria isso?
_ Não é óbvio?
_ Não é não.
Lembrei de como me senti sobre ele um pouco antes de notar que ele me espiava. Meus pensamentos foram entendidos.
_ O que acha de partir amanhã durante a missa? _ propôs. 
Afirmei.
Um sorriso iluminou o seu rosto e ele pegou a minha mão e beijou, como eu não o rejeitei avançou para os meus lábios, mas o meu irmão mais velho entre os mais novos apareceu e o Lui desapareceu no ar. 
Foi muito estranho!
Cheguei cedo, mas não fui me confessar. Fiquei rezando para que tudo desse certo, que nós dois encotrassemos a felicidade juntos. Para que não fosse uma grande loucura como eu pensava que era.
O Lui sentou ao meu lado, notei sua presença e abri meus olhos interrompendo as preces. Olhei para o seu rosto e calculei suas emoções e pensamentos. 
_ É bom que você saiba que eu te amo muito mesmo _ ressaltou.
_ É só por ver o seu coração que eu te amo também _ confessei e ganhei o beijo que fora interrompido outrora.
Seguimos para o Porto e embarcamos numa nau. Sequer olhei para trás. Algo me dizia que não havia nada para mim ali. Minha vida seria com o Lui ou não seria mais. 
Ganhei um novo nome.
_ Helena?
_ Como Helena de Tróia. 
_ Não sou tão bonita. 
_ É ainda mais. Só precisamos torcer para ficar longe de guerras.
_ Uma guerra por minha causa _ gargalhei divertindo-me.
_ Não é impossível. Por você eu moveria Terra e céus, outros também fariam. Vamos ter que te esconder muito bem.
Fiquei um pouco preocupada com essa revelação. Não queria uma guerra por minha causa.
A lua estava cheia, os marujos cantavam canções alegres e bebiam sem preocupações. 
_ Eles parecem estar festejando. Hoje é algum dia especial que eu não conheço?
Foi quando vi o Lui preocupado com algo no seu bolso. Tirou um anel e testou no meu anelar. Simultaneamente o capitão apareceu no alto próximo ao timão e começou um sermão de casamento. 
_ Por favor, diga sim? _ pediu.
Fiquei animada com a surpresa e o beijei. O Lui deu uma travada, não reagiu por um segundo. Notei que era a sua sede sendo provocada a cada estímulo da minha afeição por ele.
Logo, me conduziu para diante do capitão e a cerimônia se desenrolava entre brindes e participação dos marujos. Foi o casamento mais animado que eu já vi.
No momento do "vos declaro marido e esposa" foi citado o meu nome real e o novo.
_ Agora está feito. Você é minha para sempre. Algum arrependimento?
_ Você demorou muito.
Sorriu e me beijou.
Haviam comidas de festa à vontade e bebida idem. O tempo estava bom, por isso ninguém pensava que talvez uma tempestade fosse um problema com todos os marinheiros embriagados. Mas quando comentei isso com Lui, entendi a despreocupação. 
_ Vampiros controlam o clima também. 
_ Você é o todo poderoso senhor dos mares _ brinquei.
A realidade era que apenas o meu coração me guiava, pois se minha razão fosse ativa neste assunto, eu não chegaria perto deste lindo moço irresistível. Ficaria com o padre, a batina e seria queimada como herege se alguém desconfiasse das minhas ilusões com um homem santo. Bruxa.
Mas algo me guiava além de tudo o que eu sabia e entendia.

Quando a festa desanimava nos afastamos pelo convés. O Lui me pegou em uma dança secreta, escondida de todos, pois naquele lugar éramos só nós. Durante a dança a melodia e o cenário mudaram. Era uma noite sombria, mas eu via bem, como se tudo fosse luz e cores surreais. Uma sensação de poder me dominava, sentia que o Lui era tudo o que completava a minha alma e eu não precisava de mais nada.
_ O que é isso que eu estou sentindo?
_ É como me sinto por você. 
_ Você vai me transformar?
_ Ainda não. 
Na verdade, apesar das muitas histórias antigas que eu ouvia, não sabia que era realmente possível fazer um vampiro. Fiquei alegre, mas apreensiva. Será que era tão difícil dominar a sede?
_ Não é impossível _ respondeu aos meus  pensamentos. Você é a primeira pessoa que compartilha seus pensamentos comigo, Sabia?
_ Você é meu marido _ parei a dança, me aproximando dele até encostar _ Sabe o que você provoca em mim? Um vampiro consegue lidar com esses desejos humanos?
Expirou desejo, notei. Elevou o meu queixo com as pontas dos dedos e roçou os meus lábios com os seus, provocando. 
_ Você tem alguma dúvida sobre isso? Desejos é o que eu mais sei.
O cenário voltou a ser como eu o via.
Entramos na nossa cabine quarto, Lui se concentrou em abrir os laços e botões do meu vestido enquanto olhava em meu rosto, parecia mais fácil para ele do que era para mim. 
Logo tirou, me deixando de espartilho e calçola sua boca estava sobre a parte exposta dos meus seios, beijando. Subia pelo meu pescoço, as vezes e  me abraçou de costas para ele beijando minha nuca e pescoço, me olhando pelo espelho que só agora eu notei à frente, na parede. 
Puxou os laços do meu espartilho com as duas mãos e expôs meus seios diante  dos nossos olhos. Desprezou a peça que caiu no chão e apalpou meus seios explorando e me causando luxúria. Sua língua correu a curva do meu pescoço subindo e mordiscou minha orelha quando a alcançou com a boca.
_ Você é tão linda! _ sussurrou à minha orelha, me causando um leve arrepio.
Virou-me de frente e me levou para a cama em seu colo.
_ Você é forte!
_ Sou muito forte.
Sentou-me na cama e me fez deitar. Assisti ele tirar minha calçola e colocar os meus pés em cima da cama, com minhas pernas abertas de par em par. Senti tanta vergonha que se não fosse suas mãos acariciando as minhas coxas, fecharia de uma vez.
O mais chocante foi quando a sua língua correu por todo o meu sexo, hora com beijos, hora com chupões.  O meu corpo estremeceu, foi delicioso.
Só então começou a se despir devagar, mas de repente estava nu. 
Lui você é tão bonito!
Sentou-me e se inclinou me beijando. Puxou o meu corpo até ficar em pé e me virou de costas, elevou meu pé, apoiando sobre a cama e deslizou uma mão para o meu sexo tocando e dedilhando, beijou o meu pescoço e ajeitou o seu pênis no encaixe da minha vagina empurrando levemente. Sua mão agora livre foi para o meu seio e apertava e beliscava o bico.
O que seu membro fazia em meu sexo causou um desconforto que sumiu e o prazer tornou-se molhado e quente. Meu corpo explodia em ondas de prazer. Ouvi o Lui gemer, antes de sentir seus dentes em meu pescoço, entrando em minha garganta. 
Vou morrer dentro deste orgasmo.
Meu pensamento o fez parar instantaneamente. Foi rápido a forma como ele rasgou o seu pulso e colocou a ferida sangrenta entre meus lábios. 
_ Bebe rápido, já está cicatrizando _ ordenou.
Bebi, sugando, como senti que o Lui havia feito em meu pescoço. Engoli sentindo que bebia vida, quente agradável fluída. Tomou conta do meu corpo inteiro e eu sonhava com luz, muita luz quando acordei e voltei a ver o seu rosto lindo.
_ Desculpa por quase te matar. Não vai voltar a acontecer. 
_ O que você fez comigo?
_ Te fiz sangue do meu sangue. Agora é só beber de um humano para ser assim para sempre. Para sempre minha.
Gostei de como soava. Parecia simples. Ainda sentia aquele poder e o mesmo  amor que o Lui me mostrou quando compartilhou sua mente.

Numa Noite Sombria Onde histórias criam vida. Descubra agora