A casa dos sonhos

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_ Isso... é... _ respirei fundo tentando controlar o que sentia para me expressar o melhor possível. Comecei a andar de um lado pra outro nervosa sobre o que fazer _ Sabia que prendem pessoas por fazerem isso que você fez? 

_ Isso o que? O que eu fiz? _ de novo aquele tom de reflexão para mim.

_ Você me vigiou de um modo muito intimo, Uriel. Isso é...

_ Errado? _ sugeriu.

_ Isso é errado. Muito, muito, mas muito... errado. É como...

_ Viver através de você? _ sugeriu de novo e seu tom estava triste.

Desta vez eu parei de me focar em mim, e parei de andar de um lado para o outro. Me virei para o Uriel ali parado me observando, tão certo do que eu pensava, de como eu me sentia e, sabendo exatamente como essa conversa iria acabar. Que era em um “não”, seguido de um clima estranho entre nós. Sei que ele se arrependia de ter trazido aquela caixa e de ter se revelado tanto assim para mim. Para uma criança. Para o julgamento de alguém que não o entende. Eu não queria ser assim. Nao quando ele me deu o beneficio da dúvida.

_ Vamos pular logo para o “eu aceito” _ disse o encarando.

_ É o que? _ tomou um susto com minhas palavras inesperadas.

_ É isso o que este presente representa, não é? Um pedido de casamento?

_ Sim _ disse com cara de assombro, pegou as minhas mãos e puxou por sobre os seus ombros onde as deixou para agarrar a minha cintura _ Mas cheguei tarde. Eu não acho que caiba um casamento dentro de um “faz de conta”.

_ Você me conhece bem, não é? _ sentei no seu colo como uma criança que conversa com o pai.

_ Acho que sim.

_ Então, me responde o que pode acontecer se eu aceitar me casar com você?

_ Você pode ser muito feliz, por muito tempo. Não consigo imaginar o contrário. Eu nunca permitiria que fosse o contrário _ tinha emoção no que dizia.

_ Sim, eu aceito casar com você, Uriel.

Examinou a minha expressão longamente antes de abrir um sorriso feliz.

_ Você quer ser minha esposa e minha companheira até que a morte nos separe?

_ Sim.

Expirou surpreendido e se demorou me olhando _ Se isso for um sonho, nunca mais me acorde.

_  Não é sonho não.

_ Vem comigo. Tenho que resolver uma coisa rapida e depois a gente pode ficar juntos. Diga sim _ imitou minha frase sorrindo.

_ Sim _ respondi.

Saímos de carro com duas motos nos seguindo. Tive certeza na segunda curva feita.

_ Estão nos seguindo.

Olhou no retrovisor _ São só os guarda-costas. São lobisomens do nosso clã.

_ Nosso?

_ Todos os vampiros que criei, e os vampiros que eles criaram, são meus. Pertencem ao meu clã. Preciso me proteger, por que me matar é o jeito mais fácil de se tomar conta do território. Se um morre todos sentem temos uma ligação. A ligação é mais forte com o criador. O sangue nos liga mais do que podemos entender ou controlar, sorriu.

_ Como conseguiu me observar cercado por guarda-costas?

_ Eu não preciso deles o tempo todo. Só quando estou cumprindo uma agenda. Outros sabem onde eu vou estar, e isso é o que pega.

Numa Noite Sombria Where stories live. Discover now