Dorme agora

34 2 0
                                    

_ Você não vai fazer isso agora, não é? _ o tom de decepção estava na voz do Lui agora.

Pareceu se tratar de um segredo entre eles. Algo que Will queria me contar, mas Lui queria esconder. Se Lui tinha um segredo que Will sabia, não iria querer Will por perto, e muito menos perto de mim. De repente, fazia sentido a sua hesitação sempre que Will aparecia.

_ Não, porque sei que não é o momento. Vamos acabar com o Marcos. Eu trouxe umas armas Van Helsing _ disse levantando _ Estou na cabine ao lado. Me chama depois _ falou para o Lui e piscou pra mim já na porta fechando atrás de si.

_ Armas Van Helsing? _ estranhei.

_ É isso mesmo que você está pensando. Existem armas muito bem fabricadas para matar vampiros.

_ Quem fabrica?

_ Os discípulos de Van Helsing. São vampiros descontentes ,como eu, com a nossa própria espécie. Os seus principais clientes são os caçadores. Os caçadores são assassinos de aluguel que matam humanos ou vampiros.

_ Van Helsing era um vampiro?

_ Van Helsing é um vampiro. Foi transformado como punição, mas acho que ele gostou disso _ suspirou me puxando para o seu colo me observando por um instante e sorriu.

Me beijou explorando a minha boca e mordiscou o meu lábio inferior olhando em meus olhos pra ver se estava no caminho certo. Como ele ainda podia ter alguma dúvida das suas habilidades? Voltou para os meus lábios suas mãos passeavam pelo meu corpo carinhosas, mas despertavam sentimentos de paixão e posse. Queria o seu corpo. Urgente. Sua boca, que passeava pelo meu corpo mordeu meu pescoço e seios.

No meio da paixão lembrei da visão dele mordendo aquela garota e dei um tapa nele, me arrependendo no mesmo instante. Mas o lindo Lui sorriu de um modo muito safado, com os olhos quentes de desejo e me beijou mais ardentemente. Ficou em pé, comigo em seu colo, me encostando na parede da cabine, enquanto rasgava a minha calcinha e me penetrou, me ouvindo gemer. 

_ Ah, Lui _ disse vendo-o olhar meus lábios, bem de perto, me deu um beijo breve.

_ Você é um sonho, Helena _ uma lagrima rolou pelo seu rosto _ Não me deixa acordar _ foi um pedido.

Acordei na cama de armar de cima. Essas cabines sao de pernoite, ja que a viagem dura em media quatorze horas. O Lui não estava. O sol estava à pino e iluminava tudo. Ele não poderia ficar aqui. Desci da cama procurando por ele ou Will. Eles estavam na junção entre os vagões conversando baixo. Hesitei, não queria atrapalhar. Reparei que estava no vagão restaurante, e sentei pedindo um tiramissú e um cappuccino.

_ Escolha interessante _ disse o garçom reparando que os dois tinham gosto de café.

Apenas sorri.

Muitos almoçavam. O restaurante era quase livre de luz externa. Eles não teriam problemas neste vagão. Mas o assunto não devia ser para ouvidos humanos.

Uma criança se aproximou. Loiro com olhos castanhos claros. Sorri pra ele. Parou me olhando e seu brinquedo caiu, se abaixou pra pegar sem parar de me olhar sorrindo, e correu de volta para os pais, de onde me olhava ainda sorrindo.

_ Você gosta de crianças _ a observação veio na voz do Lui.

_ Gosto. Você não? _ soei óbvia. Ora quem não gosta de crianças?

_ Gosto. Elas são deliciosas _ respondeu.

Olhei para o Lui assustada por um segundo, mas ele gargalhou divertido.

_ Isso não teve a menor graça _ disse tentando não sorri.

O olhar da criança parecia preocupada agora, mordia um dedo nos pré-molares. Lui percebeu o meu olhar.

_ Crianças e animais não gostam de mim. É o instinto de preservação.

Will sentou _ Bom dia, Helena _  brilhou ao dizer.

_ Bom dia, Will. Mas deve ser uma ou duas horas da tarde.

_ Detalhes irrelevantes _ balançou a cabeça _ Pra voce é dia, esse é o seu café-da-manhã.

_ Posso te fazer uma pergunta? _ falei para o Lui.

Os dois suspiraram juntos como se já soubessem o que eu ia perguntar.

_ Podemos falar disso depois? _ pediu olhando de mim para o Will, com olhar grave.

_ Depois eu posso estar morta.

Lui e Will odiaram ouvir isso.

_ Pergunta _ decidiu em fim.

_ O que resistiu na sua transformação? _ eles já sabiam qual era minha pergunta antes.

_ Amor, Helena.

Fiquei confusa. Queria uma explicação.

_ Pode ser confuso. Você acredita em reencarnação?

_ Eu não duvido nem creio. Por quê?

_ Amei você no passado. Antes de ser transformado. Foi isso o que resistiu. Meu amor por você.

Olhei para o Will que observava as minhas reações. Seria este o segredo do Lui? Will olhou para Lui divertido com meu pensamento ao que Lui se aborreceu.

_ Já chega de revelações por hoje _ levantou incomodado.

Andou para o bar onde bebeu um drinque do que pareceu ser whisky.

_ Quer saber o que ele está pensando agora? _ Will ofereceu divertido.

Balancei a cabeça.

_ No que será que você está pensando dele? Ele pensa que você o acha estranho, que pode até duvidar que ele te ame realmente. O que pode ser verdade, caso você duvide que viveu no passado em um corpo igual ao seu, mas que não existe mais.

_ Duzentos e dezesseis anos, Will _ olhar confuso do Will me fez continuar _ É o tempo em que o Lui me amou até agora. Penso que ele me ama muito.

_ Foi o que eu pensei que você diria.

_ Mas ainda assim. Porque ele não me transformou no passado?

_ Você nunca foi dele, Helena. Você amava outro. Foram duas vidas antes dessa. Em nenhuma​ delas você o amou. Por isso ele tem medo de perder você, se te transformar  _ trocou um olhar com Lui e se levantou da mesa como se tivesse sido expulso. Mas sorriu pra mim antes de levantar. Estava ao lado do Lui no bar, agora.

Voltei para a cabine. Peguei a escova de dentes e a toalha e fui para o banheiro do trem. Quando estava saindo, algo me pegou entrando no banheiro comigo.

_ Olá serva! _ Marcos demonstrava felicidade pura em cada sílaba dita.

Chamei o Lui em minha mente em pânico, nao tive tempo de falar nada.

_ Dorme agora _ seus olhos me hipnotizando fora a ultima coisa que eu vi.

Numa Noite Sombria Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora