Amor perfeito

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Lui entrou na casa por uns segundos e voltou, sem parar, pegou a minha mão e corremos rápido para o estacionamento. Me entregou as chaves da moto do Will.

_ Lui! Eu não posso.

_ Por que não?

Me demonstrou para que servia cada comando _ Não cai, okay? _ disse colocando o capacete em mim.

Como não tinha como discutir como o Lui, obedeci. De fato, não era difícil de pilotar. E a velocidade era emocionante. Fomos em direção contraria à cidade, pegamos a rodovia e paramos na praia. 

O por do sol estava no horizonte. Retirei o capacete ainda na moto. Lui apeou primeiro. Apeei também e segui para perto dele. Andamos até as pedras​ de contenção e sentamos lada-a-lado assistindo o pôr do sol. Lui não gostou da nossa posição, me puxou para o meio de suas pernas e me abraçava assim aninhada ao seu peito.

_ Me conta como é viver trezentos anos?

_ É como ser o obelisco de uma praça, o mundo passa ao seu redor, rápido, mudando sempre, constantemente... Mas você permanece imutável, de pé, constantemente. É um estado de alienação. É como estar morto em corpo, e vivo em espirito. Ser um observador.

_ Mesmo quando esteve com Eve?

_ Os dois meses com Eve foi o tempo em que estive vivo. Foi quando o mundo parou, e eu vivi.

_ Parece desesperador.

Achou graça _ Um ser desesperado te visitou naquela noite, Helena. Meu coração e todo o meu corpo estava meio louco com uma mistura de medo, excitação, euforia... Havia te visto na mente daquele homem, mas só´quando te vi passando pela rua diante dos meus olhos aceitei que era real. Eu entrei em sua casa antes de você quando você abriu a porta, e te esperei no quarto _ olhou o horizonte , em um sinal de nervoso seguido por um riso igual, olhou pra mim e expirou ainda com o riso na expressão do seu rosto _ Estava nervoso, minhas mãos e pés suavam frio. Precisava te entender para saber como te persuadir, de qualquer forma. Não podia errar _ riu nervoso olhando o horizonte _ Foi só aí, que eu me toquei que invadir a casa de uma mulher solitária jamais seria o melhor modo de conquista-la _ gargalhou _ Tive sorte de você ter ido direto para o chuveiro. Tive tempo de sobra pra te conhecer através dos seus documentos, livros, musicas, anotações, roupas, perfumes, comidas e seus pensamentos durante o banho. Você se masturbou em baixo do chuveiro.

Fiquei envergonhada. Lui estava na minha mente naquele momento. Tampei meu rosto de vergonha. Lui segurou o meu queixo tirei o  rosto da minha palma, e ele me olhou nos olhos.

_ Você está envergonhada! Imagine como eu estava? Queria entrar naquele banheiro só pra ver o seu rosto de prazer naquele momento. Era tudo o que eu queria. Era só no que pensava. Mas não podia me arriscar em ser visto. Me escondi num canto escuro do seu quarto esperando você me dar uma chance ou que você adormecesse, o que viesse primeiro. Se você adormecesse eu poderia influenciar os seus sonhos e facilitar a nossa conversa no dia seguinte, mas você me deu uma chance perfeita. Envelhecer era um problema pra você.

_ O resto eu já sei, certo?

_ Não sabe, não. Durante a nossa conversa eu tentei parecer bem distante de qualquer romance, mas tudo o que eu queria era dizer que te amava. Pelos livros mais folheados por você percebi que os personagens eram anti-romanticos. Foi daí que tirei a ideia de uma proposta de interesse em vez de um casamento. Sua apreciação a minha beleza, facilitou a nossa proximidade. Depois do beijo te hipinotizei e perguntei como deveria agir para te agradar. Por isso você não sabe o que aconteceu depois disso naquela noite. 

Numa Noite Sombria Onde histórias criam vida. Descubra agora