Guiada por altas temperaturas

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Uma dor excruciante encheu minha cabeça enquanto uma luz forte atravessava minhas pálpebras fechadas e um cheiro forte de sangue invadia minha respiração.

Abri os olhos lentamente, tentando me acostumar com a luz que invadia o local, e virei a cabeça para observar o lugar, tentando tirar o odor de sangue seco do meu nariz. Eu estava em uma cama com lençóis brancos que se estendiam por minhas pernas, escondendo boa parte dos cortes que estavam por todo o meu corpo. Até que percebi que, na verdade, era uma maca de hospital e o local estava repleto delas por toda parte, algumas vazias e outras não. Médicos e enfermeiras andavam pelo local olhando os pacientes e alguns deles realmente precisavam de máxima atenção. Os médicos eram bem experientes, porém jovens o suficiente para ainda estarem no Ensino Médio. Não usavam roupas brancas como o habitual, mas calças e blusas comuns, contrastando com as luvas e máscaras de hospital. Olhei para o teto de madeira e a luz do Sol que entrava pelas frestas mostrava que já estava no final da manhã. Minha cabeça latejou novamente e todo o meu corpo correspondeu, a dor que se estendia por ele era forte, porém controlável e intensa em alguns pontos. Respirando com dificuldade, olhei rapidamente para meu pulso. A pulseira não estava lá. Tudo não passara de um sonho, o qual eu lembrava vagamente. Havia sido tão real! Até que uma voz conhecida e aliviada soa em meus ouvidos:

- Duda?

- Jerry? Onde eu estou? – perguntei com minha voz parecendo mais fraca do que o normal. Sentei lentamente, ainda sentindo partes do meu corpo arderem e minha respiração falhar.

- Ah, graças aos deuses você está bem! Nós estamos na enfermaria do acampamento. Eu nem acredito que você acordou! – Ele parecia eufórico e aliviado e me abraçou de repente. Não foi um abraço tão forte, mas meu corpo não aprovou muito e eu gemi de dor. – Oh, desculpe.

- Mas o que houve? Porque vim parar aqui? – Tentei arrumar meu cabelo, ignorando a dor em meus braços.

- Além da viagem nas sombras, que já é de acabar com qualquer um, um monstro nos atacou e arranhou seu braço. – ele apontou para o meu braço direito, que tinha um arranhão já cicatrizado estampado no exterior. Porém a dor não estava nada cicatrizada. – O veneno dele entrou no seu corpo e você desmaiou. Se não fosse por Nico você teria ferido muito mais do que só o braço.

- Mas o ferimento já está cicatrizado!- falei mais para mim do que para Jerry. – A quanto tempo eu estou aqui?

- A uma semana.

- UMA SEMANA??!! O QUE???!!

- Você demorou mais do que a maioria dos semideuses, mas é justo! Além do veneno de monstro ainda tem a viagem nas sombras. Não sei como você não passou 1 mês dormindo!

- Ainda bem que não! – Uma semana. Será que o sonho teria durado uma semana também? E logo uma pergunta desnecessária veio em minha mente. – E cadê o Nico?

Jerry olhou para mim com uma sobrancelha arquejada e eu me espanquei mentalmente pela pergunta estúpida. Com um sorriso no canto dos lábios ele me respondeu:

-Ele está na Casa Grande resolvendo alguns assuntos, mas não se preocupe, ele não deixou de visita-la nenhum dia. Estava sempre aqui.

- Me preocupar? Porque me preocuparia? – tentei mostrar desprezo, mas a notícia de que Nico fora me ver acabou com minhas tentativas. – mas ele veio me ver mesmo?

Jerry me olhou como se dissesse "minhas suspeitas estão confirmadas" e depois deu uma risada. Eu corei totalmente e me bati mais ainda pela pergunta feita. Eu realmente sou uma péssima mentirosa.

- Claro que ele veio! Mas porque esse interesse todo no di Angelo, heim? - Jerry segurava o riso enquanto eu tentei responder com indiferença.

- Por nada. Só queria saber se ele estava longe o suficiente. Não quero vê-lo tão cedo possível!

Realidade ImagináriaWhere stories live. Discover now