R.I.P. Swan

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- Com quem está falando?

Encarei a mensagem de íris com os olhos arregalados vendo Percy e Nico do outro lado, preocupados e confusos com a voz que rugiu. Antes que pudesse me despedir senti as mãos fortes de meu raptor se prenderem em meu cabelo e minha cabeça ir de encontro a parede com um baque poderoso. Minha visão embaçou e gemi de dor, enquanto a mensagem de íris desaparecia de repente devido toda a turbulência. Pisquei freneticamente, minha cabeça ainda latejando, mas a visão voltando ao normal aos poucos, e encarei o homem que ria debochadamente.

- Não adianta chamar reforços, cria de deuses. – Ele caminhou e se pôs a minha frente com os dentes rangendo em ódio. Ergui os olhos, sustentando seu olhar com meu próprio ódio. – Desta vez você não tem escapatória. Meus monstros já chegaram e logo partiremos para o portal mais próximo, em direção ao mestre.

- Porque todo vilão adora contar seus planos maléficos? – Murmurei comigo mesma e revirei os olhos no exato momento em que um grupo de três harpias superdesenvolvidas entravam na caverna, granindo e batendo as asas, fazendo gotículas de água choverem sobre mim.

Encarei a entrada da caverna e vi a chuva que acabava de começar. Recostei-me contra a parede, sentindo o braço deslocado transmitir a dor por todo meu corpo. Eu já havia avisado a Percy e os outros, mas não poderia me manter parada, no aguardo do resgate. Tinha que agir e fazer o que eu fazia de melhor: falar e irritar o idiota a minha frente.

- Por favor, eu acabei com cinco monstros e um portal sozinha – Debochei e cruzei as pernas, mantendo uma atitude desleixada apesar de estar completamente em desvantagem. – O que acha que vocês quatro podem fazer?

- Não sei se percebeu, mas desta vez está algemada. – O homem, que parecia ter idade para ser meu pai, vociferou com os punhos cerrados enquanto os monstros se postavam a sua volta, ansiosos por suas ordens. – Além disso, da última vez eu não estava aqui.

- Se me lembro bem eu já te derrotei, Gasparzinho diabólico. Quatro vezes. Ou acha que não percebi quem Paolo realmente era? – Respondi com um sorriso libertino enquanto mexia as mãos nas costas. Contive o suspiro aliviado quando senti a pulseira de ondas ainda em meu pulso. Meu sorriso se alargou. – E sobre estar algemada...

Apesar de ainda sentir meu corpo doer como o inferno, o tempo que fiquei desmaiada me ajudou a recuperar um pouco de minhas forças e, aproveitando dos segundos de confusão de meu captor, joguei o corpo para cima e me ergui em um salto enquanto tirava o tridente da pulseira e o lançava ao ar, fazendo-o voltar como minha fiel espada. Estiquei os braços para trás, cerrando os dentes quando a pontada aguda soou em meus ossos, e senti a espada cair exatamente entre meus pulsos cortando a corrente que unia minhas mãos. Puxei os braços a frente do corpo, o metal frio da algema quebrada ainda em contato com meus pulsos agora livres, e peguei a espada do chão no momento que os monstros voaram em minha direção. Ergui a lâmina no momento que uma das harpias acertou sua asa contra meu corpo. Pude ver a lâmina entrar em sua carne causando um ferimento profundo ao mesmo tempo em que sua asa me lançou a metros de distância.

Minha cabeça girou enquanto meu corpo rolava pelo chão de pedras e grama até eu parar do lado de fora da caverna, a chuva forte caindo contra mim e levando o calor restante em meu corpo. Levantei com dificuldade, meu corpo mais lento devido ao veneno que a sombra injetara em mim, e limpei a água que embaçava minha visão. Minhas pernas bambearam quando me ergui completamente, mas respirei fundo e me pus em posição de defesa. Eu estava mal; não tinha condições de atacar e, provavelmente, apenas uns dez por cento de chances de me defender até Percy chegar, mas desistir nem passava por minha cabeça. Apertei os dedos contra o cabo da espada e vi o momento que a sombra deixou o corpo do homem desmaiado no chão da caverna enquanto seguia em minha direção, serpenteando pelo ar. As harpias guincharam e se aproximaram com as garras a mostra, tentando me encurralar contra uma das árvores. Esquivei de um golpe por pouco e ergui a espada no momento que outra harpia atacou, a lâmina afiada partindo uma das garras ao meio. Me pus atrás da árvore no momento que a terceira harpia atacou, escapando de ser decapitada por centímetros. Forcei o ar em meus pulmões apesar da dor. Meu corpo estava desistindo e eu estava pensando seriamente em fazer o mesmo no momento que senti as garras de um dos monstros circundar meu tórax. Gemi devido minhas costelas quebradas enquanto sentia o chão se distanciar de meus pés. Mesmo o monstro não me segurando com força suficiente para me partir ao meio, ele não era assim tão delicado! Resisti bravamente, mas não foi suficiente. Meu corpo me traiu e suspirei derrotada enquanto a harpia me levava em direção à Sombra.

Realidade ImagináriaWhere stories live. Discover now