Meus personagens ganham vida!

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- Ela não parece muito feliz sendo filha de Afrodite.

Leo e eu continuávamos andando em direção a Casa Grande, nos desviando dos campistas com suas espadas e ouvindo os incessantes balidos dos sátiros. E eu não parava de pensar em Lucy. Ela era completamente diferente do estereótipo de filha de Afrodite que eu imaginava. E acredito que ela também pensava assim.

- Lucy sempre foi bastante inteligente. Amava ler diversos tipos de livros e arquitetar estratégias de batalha. Quando chegou aqui tinha a completa certeza de que era filha de Atena e ninguém podia duvidar disso. Então, quando descobriu que era filha de Afrodite, a deusa que, ironicamente, ela mais detestava, ficou completamente revoltada e sem querer acreditar. Para as pessoas, os filhos de Afrodite não passam de patricinhas e mauricinhos que só se importam com a aparência, e o pior é que Lucy sempre os viu dessa formam também. – Leo contava, parecendo aborrecido. – Ver ela simpática como estava hoje é totalmente raro.

- Isso é puro preconceito. Mesmo sendo filha de Afrodite ela pode continuar sendo super inteligente, isso não muda nada. E acho ela bem sortuda. Ganhou uma família de verdade, irmãos e irmãs que gostam dela realmente. Eu só... – Respirei fundo, guardando tudo o que não consegui falar. – Não tenho essa sorte.

Expirei. Olhei para a floresta contendo as lágrimas. Eu só queria alguém que se importasse comigo daquela forma. Todas as pessoas que desempenhavam esse papel na minha vida se foram. Eu precisava de alguém que me amasse realmente. Mas por ser quem eu era isso nunca aconteceria.

Fechei os olhos já esperando pelas mil e uma perguntas que Leo faria e pronta para acabar com todas. Mas ele não fez. Apenas passou o braço, silenciosamente, por meus ombros e me puxou para perto, nossos passos em perfeita sincronia, sua mão quente alisando meu braço enquanto minha cabeça se deslocou lentamente para o seu ombro, ouvindo suas palavras sinceras. E isso era tudo o que eu precisava. Sem julgamentos, apenas aceitação. E as palavras de Leo me transmitiu uma calmaria instantânea.

- Eu entendo o que você passou Duda. Eu também perdi pessoas importantes e sei como isso dói. Não precisa esconder o que sente, não precisa fingir alegria quando está triste. E você não está mais sozinha. Todos aqui são uma grande família, cuidamos uns dos outros. E mesmo se não fossemos nunca se esqueça de uma coisa...

Leo virou lentamente, me fitando com seus olhos vivos e risonhos. Estávamos em frente a uma casa de dois andares, branca, com uma pequena escada que dava para uma varanda pequena e aconchegante, com duas cadeiras vazias e uma mesa de centro com algumas peças espalhadas aleatoriamente. Provavelmente um jogo de tabuleiro. Realmente fazia sentido o nome "Casa Grande". Óbvio, mas com sentido.

Leo tirou lentamente seu braço dos meus ombros, fazendo um frio incomodo percorrer o lugar que a pouco ele estava, e pegou minha mãe firmemente, subindo a escada e indo em direção a porta marfim que dava para a entrada da casa. Sua mão continuava colada a minha e o calor característico dela também. Ele me olhou novamente, sem querer perder nenhum detalhe do meu rosto, e completou:

- Eu sempre, sempre estarei aqui por você!

Nunca pensei que sete palavras poderiam tornar meu dia tão melhor, tão mais feliz, mas Leo conseguiu isso.Um sorriso se espalhou instantaneamente por meu rosto e contagio Leo, fazendo-o sorrir também. Depois de um tempo com sorrisos bobos nos lábios nós entramos, ainda de mãos dadas, na grande sala.

E põe grande nisso! Deveria dar uns cinco do meu antigo apartamento. Era enorme e completamente branca. Daria uma bela sala de hospital se não fossem os diversos móveis e um tapete de leopardo gigante que cobria boa parte do lugar. Tinha dois sofás no canto e uma estante com uma grande televisão no centro e com diversas portinhas de vidro que possuíam de livros antigos a pequenos frascos coloridos que pensei serem poções.

Realidade ImagináriaWhere stories live. Discover now