Caindo no buraco dos segredos revelados

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"Como é que você sabe que eu sou louca?", disse Alice.

"Você deve ser", disse o Gato, "Senão não teria vindo para cá."

Droga!Droga!Droga!

Foi o que minha mente processou antes do enorme susto que aquela voz grave e familiar me causou. Eu pulei de susto e por pouco não derrubei o pobre Totó no chão, que continuava latindo com o "estranho".

Que de estranho não tinha nada!

A não ser a super habilidade de se esconder melhor que um agente secreto do FBI, ou a capacidade de andar sem fazer um barulho sequer, ou atém mesmo a forma surpreendente de aparecer e matar qualquer um do coração. Mas vocês já me entenderam.

- Di Ângelo! Será que dá pra parar de aparecer assim? - Gritei ofegante e com a mão no peito, tentando acalmar o coração – Vou amarrar um sino no seu pescoço pra eu saber sempre que você estiver chegando! Acho que vai ajudar muita gente a não morrer do coração!

- Nem ouse! - Ele deu alguns passou, saindo de trás de uma árvore que ficava logo após a rocha no meio da clareira. Suas típicas roupas negras se destacavam na pele clara enquanto mantinha sua postura imponente de sempre, mas um leve ar de surpresa ainda estava preso aos seus olhos. Ele me olhou de cima a baixo, parando mais demoradamente nas minhas pernas semi cobertas por conta do vestido curto.

Ele estava olhando descaradamente para minhas pernas!

Pigarrei alto enquanto tentava cobrir o máximo de minhas coxas com a saia do vestido. Ele pareceu despertar de um transe e subiu o olhar para o meu rosto, me encarando sem um pingo de vergonha e com um sorriso de lado que me fez perder o foco. Será que ele não podia da um sorriso normal e não sensual como qualquer semideus normal? Ele se encostou na pedra de forma relaxada e sem parar de me analisar. - Sou apenas cauteloso e silencioso. Muitas garotas tomam como uma qualidade...

- Não sou uma delas... - Revirei os olhos e ajeitei Totó que continuava encarando Nico, mas havia parado de latir.

- Veremos... - Ele desafiou, mas antes que eu pudesse falar algo em minha defesa, ele continuou – Então? Será que dá pra parar de enrolar e explicar logo o que acabou de acontecer?

- Explicar o que? - Tentei me fazer de desentendida. Quem sabe ele não caía nessa?

- Você sabe muito bem o que! Eu vi e ouvi você lendo. E, como se um vestido saído do nada não fosse suficiente, você ainda fez surgir um cachorro! Não me surpreendo com muita coisa, mas ainda não acredito no que vi, nem consigo explicar. Por isso pode ir começando. - Seu tom autoritário, como sempre, fez minha cabeça ferver, mas ele parecia realmente espantado. Bem, da forma "Nico di Ângelo" de se espantar como uma leve quebra no jeito bad boy de ser ou as mãos que passeavam mais constantemente pelo cabelo despenteado. Olhou para Totó em meus braços e desviou para meus olhos. - Até porque não é todo dia que alguém se encontra com a própria Dorothy e seu cãozinho no meio de uma floresta.

Bufei e me encostei na rocha assim como ele. Cada um de um lado. A centímetros de distância. Mas só percebi o quão perto ele estava de mim quando ouvi ele virar e sussurrar em meu ouvido por cima da rocha.

- Estava à procura de Oz?

- Quem sabe? Quanto mais longe de você, melhor. - Debochei e me virei para encará-lo de frente. Mas não calculei muito bem a distância e acabei encostando a testa na dele. Por segundos, já que me afastei o suficiente para ver seu sorrisinho despontar nos lábios. Totó latiu e eu alisei seu pelo, tentando acalmar tanto a ele quanto os meus sentimentos confusos. Mas por fora continuava a mesma - Em Oz seria meio difícil, ou quem sabe impossível, esbarrar em você por aí!

Realidade ImagináriaWhere stories live. Discover now