Benvenuti a Roma!

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Eu sempre me considerei uma garota bastante corajosa.

Mesmo antes de saber que era semideusa quase nada me causava verdadeiro pavor. Baratas? Elas podem até suportar uma bomba atômica, mas uma boa sapatada acaba com elas em um segundo! Aranhas? Acho que eu sempre tive meio que uma admiração por elas, que Annie não me escute dizendo isto. A forma como constroem suas teias sempre bem estruturadas e que parecem tão frágeis, mas servem de armadilhas perfeitas, belas e mortais. Cobras? Eu brinquei com uma quando eu e mamãe viajamos para a Índia! Resumindo, quase nada me assustava de verdade. Quase nada. Meu ponto fraco, meu calcanhar de Aquiles, eram as criaturas mais asquerosas, perigosas, nojentas e completamente apavorantes que existiam: Escorpiões! Esses bichos pareciam transpirar maldade e eram armas biológicas completas. Pinças afiadas na frente e ferrão mortal atrás. Até mesmo o menor da espécie me fazia gritar e correr feito uma garotinha. Mas depois que entrei no acampamento tinha certeza de que todo esse pavor havia sumido, até porque lutar contra Nico, Leo e Jason possuídos; Chris em toda a sua fúria e um crocodilo gigante duas vezes parecia ser bem mais apavorante do que escorpiões. Em minha mente eu estava livre desse medo.

Até aquele momento na floresta. Eu estava completamente enganada e percebi isso nos poucos segundos que levei para paralisar em frente a criatura que surgiu por entre as árvores. No momento que as pinças gigantescas abriram caminho pelas folhas verdes senti meu sangue gelar e o coração disparar. Me senti uma garotinha novamente e, em comparação ao tamanho daquela coisa, eu parecia mesmo uma garotinha. Mal pude piscar e a criatura saiu do meio das árvores com rapidez e se pôs a minha frente com toda a sua asquerosidade e horripilância. Eu estava seriamente pensando em me beliscar, quem sabe aquilo não era apenas uma grande e tenebroso pesadelo com um escorpião de três metros de altura que adoraria me devorar? Parecia o tipo de pesadelo que eu teria!

- Tudo bem, eu vou acordar a qualquer momento... - Engoli em seco e sussurrei para mim, mesmo tendo uma clara certeza de que tudo ali era bem real. Eu me sentia uma Annabeth na frente de aranhas, perplexa e sem reação. Minha espada parecia frouxa em minha mão e eu apertei os dedos contra ela, o único movimento que consegui fazer sem tremer tanto.

Senti os olhos de Arthur sobre mim, mas não encarei de volta. Minha atenção estava completamente no escorpião gigante a minha frente que abria e fechava as garras com ruídos estrondosos enquanto sua cauda respingava veneno marrom sem parar. Seria muito ruim ou humilhante se eu corresse em pânico naquele momento?

- Por favor, não me diga que tem medo de escorpião! - Arthur debochou ao meu lado, atento tanto aos meus movimentos quanto aos do escorpião o que me fez abortar o plano de fugir. Eu conseguia sentir a presença de todos os semideuses ao meu redor, todos preparados e prontos para lutar. O escorpião parecia do mesmo jeito, como se esperasse que um dos semideuses fizesse o primeiro movimento para a batalha. Receosa, tirei os olhos da criatura por segundos e encarei Arthur com os dentes travados e o suor escorrendo por minha testa. A expressão debochada do garoto deu lugar à preocupação quando ele viu meu rosto branco e assutado, percebendo o quanto meu pavor era real. De relance percebi uma expressão de surpresa em seu rosto, como se houvesse lembrado de algo, mas ele espantou o pensamento e respirou fundo com um olhar solidário para mim. - Oh, droga, você tem pavor de escorpião...

- É, acho que você acertou em cheio... - Suspirei e observei a criatura novamente tentando chamar a garota corajosa que havia em mim e estava escondida em algum lugar. Mas não fui rápida o bastante. Meus olhos se ergueram no exato momento em que uma das pinças mortais do monstro desceu em minha direção em alta velocidade.

- Duda! - Ouvi alguém as minhas costas gritar e senti mãos circundarem minha cintura e me puxarem para longe da garra rapidamente.

Senti o vento da pinça quando esta encontrou o chão onde antes eu estava e o escorpião soltou um guincho de raiva, mas eu já estava longe do lugar para ser o alvo de sua fúria novamente. O chão chegou rápido demais, grama entrou na minha boca enquanto uma dor aguda se espalhou por meu braço quando meu corpo caiu sobre este. As estrelas em minha visão se transformaram em olhos castanhos preocupados e logo todo o rosto de Leo apareceu claramente diante de mim. Lancei-lhe um sorriso débil e ele suspirou me ajudando a levantar do chão.

Realidade ImagináriaWhere stories live. Discover now