O que, em nome de Hades estava acontecendo comigo?

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P.O.V Nico

É, essa era a grande pergunta que eu me fazia desde o fatídico dia em que minha vida deu um reviravolta. O que, por coincidência, foi o mesmo dia em que aquela filha de Poseidon apareceu de paraquedas em minha vida. Ok, coincidência não é bem a palavra. Digamos consequência! Sim, porque depois de pôr os olhos nela nada foi igual.

Depois da vitória contra Gaia, todos os sete estavam diferentes, mais adultos, porém mais marcados por todos os sofrimentos que aquela batalha causara. Cada um sofreu da sua forma, buscou uma cura da sua forma e isto acabou por distanciá-los. Eles não eram mais os mesmos e eu também não. Mas, diferente de todos eles, eu mudei para melhor do que era antes. Acabei por tirar um peso das costas e fiquei mais leve, melhor comigo mesmo e resolvi tentar ser um jovem normal, ou o mais normal que um semideus pode ser. Me dediquei mais ao acampamento e admiti que aquele era o meu lar. Fiz alguns amigos, conquistei algumas garotas e me tornei professor de esgrima oficial. Como podem ver tudo parecia perfeitamente bem, mas em mim ainda faltava algo. Sim, isso é bem clichê, mas eu não me sentia completo.

Certo, podem rir... Já acabaram?Bom. Essa é a única forma que posso descrever o vazio que sentia toda vez que uma garota saía do meu quarto soltando beijinhos e prometendo que bastava eu chamar e ela voltaria. O problema era: eu não tinha o mínimo de vontade de chamar nenhuma delas outra vez. Nunca chamei. E esse ciclo continuava sempre e sempre. Elas viam e iam e eu continuava ali achando que aquele buraco no peito permaneceria para sempre.

Bem, até aquele dia...

Era apenas uma simples missão de recrutamento. Entrar no colégio como um aluno normal, vigiar a garota e levá-la para o acampamento na hora certa. Simples e rápido. Uma missão até bem idiota comparada a outras que participei e só concordei por ser a viagem nas sombras o meio mais rápido e seguro da garota chegar ao acampamento já que morava do outro lado do mundo. Não que eu tivesse interesse pessoal nisso, mas Quíron ainda era meu superior e, bem, ordem é ordem. Tudo estava indo como planejado e, admito, até gostei de conhecer novos ares e por um dia ser apenas um "aluno normal", mas minha perspectiva mudou completamente quando esbarrei na garota de olhos verdes-mar. Olhos tão límpidos, tão familiares.... que me fizeram perder o ar por segundos, até sentir a raiva me consumir e eu acabar descontando-a na pessoa errada. Essa é a marca registrada de Nico di Angelo e antes que pudesse ao menos me desculpar a garota apressou-se ate a escada e acabei por também seguir meu rumo. Ela era apenas uma humana e eu estava ali para achar a semideusa, não podia perder tempo.

Mas o destino ainda não tinha feito o trabalho completo, pois acabei por descobrir que a irritadinha de olhos verdes era, nada mais, nada menos, que a tão famigerada semideusa da minha missão. Descobri isso da pior forma ao vê-la correndo ao lado de Jerry enquanto um Manticore saído de lugar nenhum corria atrás dos dois compulsivamente. Mesmo com toda a multidão que gritava e barrava meu caminho, e até uma garota louca que pôs um número de telefone na minha mão, foi fácil achar os dois já que o Manticore não parava de urrar e ao dobrar o corredor perdi o ar pela segunda vez naquele dia. O animal estava a centímetros de distância da garota com as garras em volta de seu pescoço, mas, para minha surpresa, ela não parecia nada abalada. Com a cabeça erguida e os olhos escuros de fúria, ela bradou:"Acabe logo com isso, sua bola de pelos nojenta!", e isso pareceu me despertar de um transe. Em poucos minutos de luta a criatura foi derrotada e, enquanto Jerry gritava comigo, percebi a garota no chão e tentei ajudá-la.

Até ela pronunciar o meu nome...

Nico di Angelo...

E um choque pareceu percorrer meu corpo quando peguei em sua mão e sua voz chegou aos meus ouvidos. Ela sabia meu nome! Mas como? Como poderia? E mais uma vez agi por impulso. Aquela raiva que parecia viver em uma parte de mim, mas acima de tudo aquela garota. Ela me intrigava de uma forma que ninguém nunca havia conseguido. Ela sabia tudo e não parecia temer a nada. O medo a encorajava. E quanto mais eu pensava, mais algo me puxava para ela. Mas, como sempre, minha cabeça dura dizia o contrário. Bem, como disse, minha vida ficou meio confusa ao conhecer a dona daqueles olhos verdes.

Realidade ImagináriaWhere stories live. Discover now