Tridente e Ondas: A combinação perfeita!

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 - Eu nunca mais viajo nas sombras! Nunca, nunca, jamais!

Cerrei os olhos, com a tontura embaralhando meus pensamentos e me apoiei em uma árvore ao meu lado. Respirei fundo e abri os olhos, as árvores e mesas voltando ao normal em minha visão. Nico nós levou para próximo da floresta, entre alguns carvalhos altos rodeados pelas sombras. Ao longe pude ouvir os sons de música e conversa que vinham do Pavilhão, e percebi que estávamos a poucos metros de lá. Pisquei um pouco, e olhei para a grande construção de mármore, digna da Grécia antiga, e vi que poucos semideuses ainda comiam ou conversavam em volta da fogueira, muitos já estavam no chalé o que me fez perguntar como não vi o tempo passar. Me voltei para Nico que tinha parte do rosto coberto pelas sombras das árvores, o sorriso como uma linha fina sobre o rosto pálido.

- Tão dramática... - Revirou os olhos se encostando no grande tronco onde antes eu me apoiava. - Não foi tão ruim quanto da última vez, foi?

- É verdade... já que da última vez nos viajamos para países diferentes! - Gritei e comecei a andar de um lado a outro. - Como não me preocupei com isso antes? Você podia ter parado no meio do mar e a gente ter morrido, ninguém nem saberia!

- Hey isso não acontece comigo! - Encarei-o com a sobrancelha erguida e ele cruzou os braços como uma criança birrenta. - Não mais, pelo menos... E primeiro, sentiriam minha falta sim. Segundo, não deveria se preocupar tanto, seu papai te salvaria e eu pegava uma carona no resgate caso algo completamente absurdo como isso acontecesse.

- Eu não teria tanta certeza quanto ao salvamento... - Olhei para o céu com os braços envolta do corpo, a lua cheia lançando sua luz sobre as folhas dos carvalho dando um ar fantasmagórico ao lugar. Suspirei. - Depois de me deixar conscientemente nas mãos de quem eu mais odiava, acho que ele seria capaz de qualquer coisa.

- Do que você tá falando? - Nico se afastou da árvore caminhando em minha direção.

Antes que ele se aproximasse mais dei de ombros e me virei, seguindo em direção ao refeitório. Como suspeitei, Nico me seguiu, ficando com o ombro a centímetros do meu o que me fez pensar em lembrá-lo sobre nosso acordo. Dei um passo para o lado, mas ele estava tão interessado na história que nem percebeu. Seus olhos curiosos e inquisidores fizeram as palavras saírem de mim gradativamente. Contei sobre a carta e sobre minha antiga família horrenda. Nico era um bom ouvinte, mas, mesmo estando ao seu lado e não olhando seu rosto, percebi seu corpo mais tenso ao falar sobre meus tios e sobre Poseidon saber tudo o que eu passava. Pude ver seus punhos cerrados, os dedos brancos pela força, e imaginei sua face contorcida em fúria, mas não arrisquei olhar, continuei com os olhos voltados ao chão, a cabeça envolta em pensamentos. No fim do relato o silêncio se instalou entre nós. Suspirei pronfundamente como se tirasse algo pesado de minhas costas e fechei os olhos, ainda tentando entender as escolhas de meu pai. O que era basicamete impossível já que ele era um deus. Meus passos foram interrompidos quando Nico segurou meu pulso, encarei seus olhos negros. A raiva que imaginei em seu rosto sumia aos poucos dando lugar a compreensão. Seus olhos eram firmes sobre os meus e soltou meus pulsos ao perceber nossa proximidade. Limpou a garganta.

- O que Poseidon fez não foi certo nem justo... mas acho que entendo sua decisão. - Olhei-o confusa e quase com raiva, voltando a andar e lhe dando as costas. Nico deu alguns passos até me alcançar novamente e me fazer encara-lo. - Swan estou aqui a quase 5 anos e já vi mais mortes do que posso contar. Missões, monstros, guerras. Aqui pode ser o lugar mais seguro para semideuses que já sabem quem são, mas no fim o mais seguro é continuar no anonimato e protegido entre os mortais que escondem nosso cheiro dos monstros. Soube que o Brasil é um dos países com menor índice de monstros, Poseidon provavelmente achou que lá seria ainda mais seguro do que aqui.

Realidade ImagináriaWhere stories live. Discover now