Thank you for loving me

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You pick me up when I fall down

You ring the bell before they count me out

If I was drowning you would part the sea

And risk your own life to rescue me

Thank you for loving me – Bon Jovi

- Annie, o que você descobriu?

As respirações eram altas, sobressaindo-se ao som dos poucos carros e conversas descontraídas ao redor. Depois de nos acomodarmos em uma das mesas ao ar livre do restaurante Santa Lucia e fazermos nossos pedidos todos os olhares se voltaram para Annie e Percy fez a fatídica pergunta. Todos pareciam ansiosos, os olhos voltados para a filha de Atena com expectativa vívida, mas não o meu. Sim, a ansiedade me consumia, provavelmente mais do que a qualquer outro ali, mas ouvir o que Annie contaria parecia ser a prova real do que me esperava dali para frente. Depois de saber onde a missão começaria de verdade não teria mais volta, era apenas cumprir meu destino mesmo que ele me levasse a um caminho sem volta. Então ouvir era suficiente, não queria olhar para Annie e acabar percebendo olhares de relance de pena ou medo voltados para mim. Já era suficiente o medo que sentia por mim mesma. Apenas voltei os olhos para a rua de pedra que parecia ter sido preservada no tempo, da época em que a modernidade era apenas um sonho distante. Na verdade todo o restaurante parecia um lugar preservado no tempo. Ele ficava um pouco distante do centro da cidade o que o tornava um lugar meio isolado, mas com os poucos clientes que eram fieis a ele. Um dos motivos que fez Nico nos levar ali, era um lugar calmo e silencioso com apenas algumas pessoas espalhadas pelas mesas enfeitadas de flores ao ar livre. Ninguém se importou com um hipotético grupo de jovens viajantes de férias e os garçons apenas lançavam sorrisos brilhantes por ver a clientela aumentar, ou seja, completamente fora de suspeitas. Meus olhos estavam na estrada no momento que um carro passou, uma mulher sorridente ao volante com uma garotinha ao seu lado que falava animadamente. Senti meu peito apertar, memórias de viagens de carro com minha mãe, do típico chocolate crocante que não faltava em seu porta-luvas, da música de viagens que criamos quando nosso ford enguiçou na fronteira entre estados e nos planos que ela fazia sobre conhecermos a Europa no meu aniversário de dezoito anos. Pensar nisso me fez rir e chorar ao mesmo tempo e tirei os olhos da estrada, Não, aquele não era o momento para isso. Forcei um sorriso quando o garçom deixou meu milk shake de morango na mesa e distribuiu o resto dos pedidos. Annie ainda organizava algo no notebook antes de começar a detalhar sua descoberta e eu apenas esperei sua voz soar enquanto olhava para meu vestido florido.

Na verdade, não meu. Logo após nossa pequena reunião no corredor do hotel, as meninas se dirigiram para um dos quartos e os meninos para o outro. O banho na enorme banheira da suíte com todos os sais e óleos que encontrei pareceu reanimar meu corpo destruído e eu senti que estava pronta para enfrentar o que viesse. É, a água faz isso comigo! Estava pronta para vestir meu típico short jeans e uma camiseta simples para encontrar o resto do grupo no hall de entrada do hotel quando Piper me barrou resmungando sobre o quanto minha roupa era simples e brega principalmente para andar nas ruas luxuosas de Roma e que nunca, jamé, deixaria que amiga sua passasse tamanha vergonha, não quando ela estava ali para impedir. Em um piscar de olhos vi um vestido florido e alegre ser lançado em minha direção e Piper me empurrou para o banheiro. O vestido caiu perfeitamente, o rodado no fim dando um ar leve e descontraído. Pela primeira vez me senti uma simples garota vestindo-se apenas para se sentir bonita, não alguém vestida para enfrentar monstros a qualquer momento, e gostei da sensação. Abracei Piper e agradeci, no fundo não apenas pela roupa emprestada, mas por involuntariamente ela ter me feito sentir como alguém normal ao menos por um tempo, alguém que rodopia na frente do espelho com um sorriso e que aproveita a visão de Roma como uma simples turista ao lado de seu grupo de amigos, alguém que sente as bochechas rosadas ao perceber que o garoto de seu sonhos a observa de cima a baixo e sorri com aprovação como eu estava me sentindo naquele momento, sentada na cadeira fria com os dedos mexendo no vestido macio que batia no meio das coxas. Mesmo com os olhos no vestido percebi Nico me encarar da mesma forma que vinha me encarando desde o caminho do hotel até o restaurante. Não com pena ou medo por mim. Seus olhos me analisavam com malícia e podia jurar que vi algo mais em seu sorriso descarado. Aquilo era....?

Realidade ImagináriaWhere stories live. Discover now