| Capítulo 03 |

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              Tentação

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              Tentação.

Os miseráveis murmúrios da menina rasgam meus tímpanos enquanto o cheiro do seu medo se infiltra em meu nariz. Cheios de alarme e incredulidade, muitos olhares estão voltados para nós, porém nenhum deles ousa liberar uma única palavra audível, me abordar no caminho ou tentar me impedir. Isto é uma sentença de morte, e eles querem continuar vivos... Da mesma maneira medíocre e subordinada em que estão, mas ainda assim querem.

Impulsionei um leve salto no meu ombro direito, e isto foi suficiente para fazer seu corpo frágil como pena escorregar ainda mais pelas minhas costas. Intuitivamente, suas unhas afiadas seguraram minha camisa com uma força capaz de perfurar a pele enquanto viramos na curva do longo corredor até meus aposentos. De modo quase inconsciente, eu já havia reagido ao gesto da criança estalando uma bofetada brusca no seu rabo com a mesma mão que garantia que ela não cairia ao chão.

Ao invés de se mexer, queria que ela ficasse tão quieta e inerte quanto um morto para facilitar o meu trabalho. Confesso que minha resposta veio dos meus instintos selvagens e dominadores e não da racionalidade em si. Seu grito preencheu o ar, fazendo meu pau inflamar, excitado, sem qualquer motivo certo - muito mais rápido do que eu gostaria, mas da mesma forma entorpecida e suja que me caracteriza em todos esses anos. Apesar de estar faminto e querer muito, não estou a levando até ao quarto com essa intenção. Que esse dia chegará é um facto, mas não será hoje tampouco aqui.

Há três meses, quando Nicolai me comunicou sobre a possibilidade dessa cerimônia ridícula ser programada para breve, achei que tinha sido claro ao lhe responder que só tomaria Lana para mim quando ela possuísse as vestes de uma mulher adulta, ou seja, chegasse aos seus malditos dezoito anos. Mais uma vez, parece que o velho de merda ignorou absolutamente tudo e deu vida a todo esse cenário pelas minhas costas, se aproveitando do facto de que até ontem eu estava em Sicília.

Após meu acordo com Vostok, havia finalmente percebido que se quisesse vencê-lo, tinha que me juntar a ele invés de só lutar com violência. Precisava estudar seu comportamento como um verdadeiro discípulo e entrar no jogo como seu companheiro de campo. Por isso finalmente aceitei o cargo no conselho da Bratva que Nicolai quis dar para mim desde que regressei do caos da Fortaleza. Eu era seu mercador da morte, praticava tudo que fui treinado para fazer. É a mim que aqueles vermes recorrem quando desejam garantir que qualquer alma inoportuna e desnecessária vire menos que um cadáver neste mundo. Eu me tornei o homem que limpava a sujeira deles.

Eu nunca falho ou decepciono em minhas tarefas, no entanto, qualquer decisão referente a menina era o meu limite de paciência e tolerância. Lana estava fora do alcance de qualquer outro, e pelo meu histórico, achei que todos já sabiam disso. Ainda assim, Nicolai ousou intervir, erguendo seu achismo e abusando do poder que detém enquanto chefe. Porém, mesmo fervendo em fúria ácida, não agi na emoção e até pensei na possibilidade de deixar o evento decorrer com tranquilidade. Vê-la um pouco mais adulta e bonita no vestido de renda branca em seu corpo quando estava sozinha na mesa despertou meu interesse, o problema era ela estar distraída e exposta para o deleite de outros infelizes. A insolente teve coragem para me encarar nos olhos sem temer minha presença e ainda entoar uma voz de desafio quando precisou apelar para minha ajuda.

BRATVA - Czar da Máfia (+18)Where stories live. Discover now