| Capítulo 12 |

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             Dúvida

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             Dúvida.

Tem alguma coisa errada comigo?

Minha cabeça não retém uma única justificativa concreta, no entanto, a resposta irrefutável para pergunta que me faço todos os dias é um "sim". Eu posso sentir isso no fundo da minha alma confusa. E agora mais do que nunca esse sentimento pulsa, tão forte quanto o coração no meu peito. Algo aconteceu! Alguma coisa sobre mim escapou das minhas mãos em algum momento dessa existência insignificante. Eu não conheço minha própria personalidade, e talvez por isso algumas decisões e atitudes que tomo são como uma Esfinge para mim mesma.

Eu verbalizo as palavras sem pensar e depois me encho de vergonha pelo peso que carregam. De nojo. Como a estupidez de sugerir que Sergey fodesse a minha boca. Por Deus!

Relembrar do momento soa tão ridículo e insano que custa acreditar que tamanha degradação saiu de dentro de mim. Parece que eu não tenho nenhuma gota de amor próprio no sangue ou que sou uma retardada irracional e completamente à mercê da carência e afeto. O calor toma conta da minha face, e não preciso olhar no espelho para saber que estou completamente vermelha.

Meu nariz pareceu se fechar e prender o ar, bruscamente, impedindo o suspiro de sair ao perceber – após um perturbador segundo de reflexão – que minhas cogitações eram em grande parte verdade. Uma verdade dolorosa e esmagadora.

Eu nunca tinha recebido qualquer demonstração de amor vindo de uma pessoa tão próxima antes e tudo isso embrulha minhas ideias e sentimentos em mais nós duros. O novo me faz parecer estúpida e tola diante de um homem que pouco conheço, mas certamente não é essa a impressão que quero passar a ele.

Uma irracional e gritante vontade de chorar dominou os meus olhos enquanto a bile ameaça subir para garganta com o passar de cada segundo. A náusea cruel dobra novamente meu estômago como faz nos meus pesadelos. Os horripilantes e malditos pesadelos!

Reunindo toda força que tenho, lutei para afastar essa névoa sombria até o lugar mais escuro do subconsciente. Um ponto morto, onde o medo nunca me permitia permanecer por muito tempo. Ele paralisa, me inibe de pensar, porém não impede de sentir tudo desmoronar internamente, pedra por pedra, dia após dia. Entretanto, ainda assim eu não deixaria nenhuma única gota de lágrima sair pelo meu rosto. Não na frente dele.

Fiz o choro descer goela abaixo, exactamente como venho fazendo em todos esses anos, toda miserável vez que me sinto confusa e frágil.

Voltei atenção para outro lugar fora do desejo enfraquecedor; então, espaireci um pouco. Meus músculos tensos e endurecidos pelo mau momento relaxaram. Captando sua presença, olhei para Sergey por um instante: suas mãos transpiram contra o volante que aperta rispidamente enquanto ele dirige cheio de pressa, aflito para chegarmos ao nosso destino. Apesar dos seus olhos estarem completamente na estrada, eu não acho que sua concentração também esteja lá. Ele mal percebeu o meu momento de síncope, e por isto optei por não questionar tampouco, interferi no seu.

BRATVA - Czar da Máfia (+18)Where stories live. Discover now