| Capítulo 26 |

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       Golpe

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       Golpe.

Um toque íntimo e estranho sobre minha pele, foi o que detetei enquanto recuperava a consciência e outros sentidos de modo vagaroso. Logo após isso, um latejar infernal na cabeça tentou trazer minhas memórias enterradas sob a breve névoa de esquecimento para superfície.

O rosto de Papai.

Tiros.

Mikhail.

Traição

Tudo escorregou na minha cabeça como imagens de um filme de terror.

Sobressaltei, assustada, ao receber com lucidez todos últimos acontecimentos em um único golpe. Todavia, minha primeira visão fez com que eu desejasse permanecer inconsciente ao embrulhar meu estômago. Um soldado horripilante e enorme, tem sua mão asquerosa espalmada por minha pélvis em baixo do tecido da calcinha, friccionado a peça rispidamente pelo canal vaginal em uma espécie de fetiche, antes de arrancá-la por completo do meu corpo num puxão brusco.

Eu quis gritar mecanicamente, porém não tive fôlego para fazê-lo.

Demorou mais sete segundos para que minha cabeça pudesse deduzir que o maldito havia me deixando nua como vim ao mundo, sem uma única peça de roupa sobre meu esqueleto magro. Tentei usar minhas mãos para cobrir a vergonha da nudez e o facto de estar sendo exposta como menos que uma prostituta, porém as correntes impediram no mesmo instante. Merda!

Meus pulsos estão juntos e presos em uma espécie de círculos de aço – quase como algemas – acima da minha cabeça, pendendo do instrumento ligado na estrutura esburacada do teto. Enfurecida diante de tudo, rugi para atrair a atenção do cão de guarda.

— Seu porco, nojento! — Cuspi em seu rosto no respetivo momento em que ele levantou o olhar para cima, encontrando o meu. Uma bofetada imediata e satânica fez meu rosto virar para o lado sem cerimônia ou contenção, em resposta pelo atrevimento.

Sangue inundou toda saliva em minha boca, porém a ação só fez com que eu lutasse ainda mais nas correntes e produzisse  barulho contra o ferro. Esperneei, esticando os músculos dos pés para ao menos tentar pontapear sua barriga ou qualquer outra parte sensível do corpo, mas ele se esquivou de mim com uma facilidade mecânica.  Marcou dois passos para fora do meu alcance, sorrindo com todos os dentes pobres na minha direção enquanto verbaliza sua ofensa irrelevante.

— Puta!

Torci o nariz para me recompor.

— Já chega, Nacro! Que Sergey não tenha tempo de saber que você fez isso com a cadela.

Reconheci a voz grave logo que apitou em meu tímpano ao alertar o outro infeliz sobre sua atitude. Procurei por ele em meio ao ambiente sujo, impregnado de fedor e abafado em que estávamos. Mais tarde, observarei toda estrutura com uma maior atenção e minuciosidade para tentar descobrir em que inferno eles nos atiraram, mas por agora tenho problemas muito mais assustadores.

BRATVA - Czar da Máfia (+18)Where stories live. Discover now