| Capítulo 04 |

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             Desumano

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             Desumano.

As lágrimas formaram uma poça no chão sujo em que piso meus pés. Aperto os olhos com toda minha força para conseguir mantê-los fechados, porque ardem como fogo e me recuso a chorar mais. Eu nem ao menos desejo continuar a ouvir o som caótico da minha voz em gritos de dor e súplicas de misericórdia em cada chibatada que o monstro atrás de mim deposita em minhas costas, sem nenhum pingo de pena. Sei que nada do que eu diga ou faça vai fazê-lo parar com sua brutalidade. Ele mesmo disse a mim antes de começarmos que isto lhe diverte muito, então decidi ficar quieta para poupar minhas energias e não alimentar seu prazer. Quem sabe assim eu não morreria tão rápido.

O ruído trovejante do açoite de ferro estalou por todo ambiente contra minha pele. Mordi o lábio inferior pela milésima vez, fazendo com que mais sangue saísse da minha boca e ficasse impregnado por todo ambiente junto com o cheiro de mofo e poeira. Eu não enxerguei qualquer janela por onde a luz do sol e o oxigénio pudessem entrar com liberdade aqui, muito pelo contrário. O lugar é fechado, escuro e abafado, parece até que foi abandonado faz muito tempo.

Eu nem ao menos me lembro como vim parar aqui. Num momento, estava dormindo de exaustão no meu quarto após mamãe ter gritado muito comigo sem nenhum motivo. Desejei mais do que nunca que papai retornasse logo da sua maldita viagem de negócios para que eu pudesse contar as coisas horríveis e bárbaras que ela vem fazendo comigo nessas últimas semanas. Porém, quando acordei, minha estranheza foi indescritível ao perceber que estava nesse lugar, completamente nua e com um homem horripilante amarrando meus dois pulsos nas correntes que pendem do teto acima da minha cabeça.

Fiquei confusa e entrei em choque no primeiro momento, mas logo percebi que estava encurralada em um beco sem saída ao tentar lutar para escapar, de modo estúpido. Um soco fez meu nariz estalar como resposta. Provavelmente tudo isso é mais uma das obras demoníacas de Natalie e do seu amigo monstruoso. Nunca vi o rosto daquele homem e nem preciso dizer que é oitenta mil vezes pior do que a mamãe. Ele me enforca ou afoga sob tortura, fazendo com que muitas vezes eu acabe por mijar em mim mesma quando me recuso a cumprir uma de suas ordens sujas e nojentas.

É errado. Eu sei que é errado tudo que eles me obrigam a fazer, mas espero que ao menos Deus entenda que não é culpa minha.

Quando o primeiro golpe atingiu meu rabo, eu gritei tão alto que minha voz pareceu fugir de mim enquanto o carmesim deslizava por minhas pernas. Nada tinha me preparado para aquilo, mas a frequência fez com que eu deixasse de me importar um pouco com a dor. Só queria me desligar, ir para um mundo só meu. Lá não existiria mamãe e nem outros homens maus.

Seu ferro enorme deslizou contra o cimento, fazendo círculos em torno de mim e produzindo um som tão ruidoso que me despertou do refúgio em minha consciência. Meus músculos latejam pela posição em que estão e fui incapaz de levantar a cabeça para encarar seu rosto podre quando ele parou na minha frente.

BRATVA - Czar da Máfia (+18)Where stories live. Discover now