CAPÍTULO · 2

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Here we go!

A história vai começar em um ritmo mais tranquilo, tomando forma sem pressa. Teremos todo um desenvolvimento das personagens, de sentimentos e revelações/plot, não vou simplesmente "jogar" todo mundo aqui dentro desse universo e largar.

Simbora!
Espero que aproveitem essa história junto comigo.
Boa leitura 💚

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2
Humano · Reino de Alynthia
Estado de Halston, Capital Athelon

⚜️

   O sonho era o mesmo quase todas as noites agora.

   Sua amiga, Portia, vivia dizendo que ela estava passando por algum tipo de tormento astral, um período de turbulência antes dos aniversários decimais. Uma superstição tola ali em Alynthia, Averly pensava. Nunca acreditou nisso, até porque não se lembrava de ter passado por nada parecido ao completar dez anos. Fica mais forte depois do primeiro décimo aniversário, Portia insistira. Ela acreditava mesmo naquela porcaria.

   No sonho – pesadelo – ela estava sempre correndo. As ruas eram escuras, ladeadas por sombras, como se corresse por um estreito caminho na encosta de um abismo. Havia uma luz prateada que dançava diante de seus olhos, fora de alcance, e Averly a seguia como se ela pudesse salvá-la. Ela estava sozinha, mas ao mesmo tempo não estava. Os pelos de sua nuca estavam eriçados à uma ameaça invisível, espreitando nas sombras, rosnando e batendo os dentes para pegá-la ao primeiro passo em falso que desse à beira daquele abismo de escuridão. Como sempre acontecia, ela tropeçava. Sentia a dor das palmas e joelhos rasgando contra o chão de pedra fria úmida e afiada. Quando erguia o olhar, um par de ferozes olhos de fogo dourado eclipsava sua visão, cegando-a por um instante. Então, o chão se abria e ela caía para a escuridão infinita abaixo de si antes que pudesse se levantar e voltar a correr.

   Aqueles olhos assombravam sua mente durante todo o dia – o globo era todo escuro como um abismo da morte e a pupila nada mais era que um fino aro dourado refletindo um brilho iridescente, ardendo como um filete de fogo selvagem. Jamais havia visto olhos como aqueles, ou escutado qualquer relato de algo parecido. Ali em Alynthia, eles possuíam um vasto bestiário espreitando nos vários hectares da Floresta Sombria, que circunda o reino e os agraciava com ataques repentinos e furtivos. Criaturas tão antigas quanto o mundo.

   Como uma serva da Rainha Dhalia de Alynthia, Averly servia e residia no famoso Castelo de Mármore localizado na capital Athelon, no estado de Halston, e tinha acesso limitado à biblioteca real em seus dias de descanso – em várias dessas folgas ela já havia lido muitos volumes a respeito das feras de Alynthia; nenhuma descrição batia com aqueles olhos de seus sonhos. O que era difícil dizer se era um alívio ou um problema.

   Averly morava no castelo desde seus onze anos de idade, quando sua mãe faleceu e ela foi tirada das ruas pelas Acompanhantes da Rainha. As Acompanhantes eram moças bem treinadas e educadas que faziam parte de um círculo mais íntimo de Dhalia Elwood, nem todas eram nascidas de famílias ricas do reino, embora as de sangue baixo fossem poucas; Dhalia as escolhia pela excelência comportamental e educacional.

   No total, haviam sempre entre 20 e 30 moças entre as Acompanhantes, residindo no grande castelo assim como mais de trezentos criados de todas as alas. Elas serviam intimamente a rainha Dhalia de seus dezesseis até os vinte anos, depois eram dispensadas com dotes de volta para suas cortes ou, no caso das de sangue baixo, acabavam sendo vendidas para os Duques dos mais ricos estados do reino.

A Rainha de Sangueprata ✤ Fantasia SáficaTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon