CAPÍTULO · 11

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11
Castelo de Mármore · Reino de Alynthia
Estado de Halston, Capital Athelon

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Averly fez o caminho até a ala médica sem qualquer interrupção e sem atrair nenhum olhar suspeito.

Dentro do cômodo vazio, correu para procurar os rolos de faixas de pano, os tecidos de algodão, gazes de linho e emplastros e uma mistura antisséptica para a limpeza. Colocou tudo dentro do balde e dali ainda passou na ala leste para buscar um dos carrinhos com panos e rodos e alvejante, para limpar a sujeira do quarto.

Quando adentrou a ala norte, os guardas de imediato questionaram onde ela estava indo com tudo aquilo àquele horário da noite e Averly se limitou a dizer que havia sujado o chão enquanto limpava a lareira do quarto da Rainha das Bruxas. Falar na Rainha foi o suficiente para os guardas perderem o interesse no interrogatório, logo eles assentiram e a deixaram ir.

De volta ao quarto, ela ignorou o incômodo que ainda atingia seu braço em ondas e ajudou a higienizar o ferimento da comandante. As bruxas a colocaram sobre a cama e mesmo com a extensão preocupante daquele ferimento, Kalina parecia semiconsciente e resmungou alucinada durante todo o processo.

Averly percebeu que elas já haviam se livrado da parte do braço decepado e tentou não pensar demais nisso, mas pelo cheiro estranho no ar imaginou que elas haviam jogado aquilo nas chamas da lareira. Puta merda. Seu estômago ameaçou protestar, mas ela apertou os dentes e espantou esses pensamentos.

As bruxas observaram em silêncio e intrigadas enquanto Averly limpava o sangue do chão com destreza e rapidez. Ela havia pensado em tudo. Só depois que tudo parecia em ordem e Kalina parecia ter adormecido, as comandantes então deixaram o quarto; ela ficaria ali até se recuperar, decretou Skyler.

Averly estava diante da pia do cômodo de banho tentando inútilmente limpar o pano que havia usado para tirar o sangue do chão, mas o melhor que podia fazer era queimar aquela porcaria, pois o sangue o havia manchado como uma tinta impossível de lavar. Desistiu daquilo e jogou o pano de volta no carrinho, voltando para a pia para lavar as mãos. Por sua visão periférica, notou a silhueta parada na porta do cômodo e desviou o olhar, encontrando Skyler escorada no arco da porta com os braços cruzados, olhando-a fixamente.

A Rainha de Sangueprata queria mesmo estar torcendo o pescoço de um certo curandeiro naquele momento, mas ao questionar Averly sobre o homem, ela disse que o curandeiro Malkiel não residia no castelo e sempre ia embora ao cair da noite, e ela não sabia onde ele morava. Portanto, sua visitinha a ele aconteceria no dia seguinte. E não seria agradável.

Averly voltou o olhar para suas mãos e terminou aquilo e pegou um pano limpo para se secar.

— Preciso agradecer pelo o que fez por Kalina — disse Skyler, alguns instantes depois. — Não precisava ter feito nada daquilo.

Averly a olhou com um pouco mais de atenção. Tentava evitar seus olhos, como fora tão obstinadamente ensinada a fazer, mas quando se tinha olhos como aqueles diante de si a tarefa se tornava mil vezes mais difícil. Queria olhá-la o tempo inteiro, quase como se estivesse em um tipo de transe hipnótico.

   A única coisa que a puxava de volta para a realidade era a lembrança daqueles olhos transformados, completamente negros e com as veias em evidência ao redor. Ainda não conseguia assimilar o significado daquilo, passara aquela fatídica noite inteira em claro se lembrando, tentando entender porquê os olhos dela povoavam seus piores pesadelos.

A Rainha de Sangueprata ✤ Fantasia SáficaOnde histórias criam vida. Descubra agora