Submissão-Romance Dark

7

Eram sete e meia quando Vegas entrou no quarto com suas habituais roupas de mafioso, uma camisa social larga de seda vermelha aberta até o começo do abdômen revelando seu peitoral malhado e uma correntinha de prata e anéis. Uma calça jeans apertada com um cinto de fivela prateada e coturnos altos.

—Levanta—Puxou a coberta de Pete.

—Não—O garoto resmungou cobrindo o rosto com as mãos.

—Agora!—Vegas alterou a voz fazendo Pete se sentar na cama.

O garoto coçou os olhos feito um gatinho e bocejou. Vegas balançou a cabeça se amaldiçoando por ter achado fofo—Ele cruzou os braços esperando o mais novo raciocinar a vida e acordar completamente—Pete o encarou de cima abaixo e arqueou a sobrancelha.

—Vai sair?—Perguntou curioso bocejando logo em seguida.

—Consegui uma reunião com o Yoshida—Arrumou o rolex no pulso—Presta atenção Pete! Eu vou sair e te deixar solto pelo quarto, não quero que ninguém venha aqui te ajudar ou te ver quase sem roupa...—Pete o interrompeu com um sorriso meigo cheio de deboche no rosto.

—Ciúmes? Que bonitinho—Vegas cerrou os dentes e balançou a cabeça se afastando.

—Abused—Tirou a chave do bolso e puxou a corrente da algema sem qualquer cuidado—See you bunny—Abriu as algemas e deu dois tapinhas suaves no rosto de Pete e saiu do quarto.

☁︎𝙵𝚎𝚒𝚘☁︎

—See you bunny—Imitou Vegas fazendo caras e bocas—Vou ficar entediado—Resmungou fazendo um biquinho.

***

Cinco horas depois...—Tóquio/Japão

Vegas suspirou saindo do jato particular, ele odiava viajar de avião, a  turbulência o deixava com náuseas por dias e seu cérebro parecia que seria esmagado. Ele desceu as escadas e viu vários homens vestidos de terno preto—Isso o lembrou de Pete—Ele balançou a cabeça e andou até o carro que o esperava. Um homem oriental de meia-idade com uma barba grisalha bem cultivada. Ele usava um terno vermelho escuro com uma gravata verde com detalhes dourados formando um dragão. O perfume do homem era forte e tinha um cheiro de chá e madeira.

—Vegas—O homem falou seu nome em um sotaque arrastado.

—Senhor Yoshida—Vegas o cumprimentou sentindo o carro andar.

—Imaginei que nossa conversa não demoraria a acontecer—O homem coçou a barba mostrando o anel que usava.

—Posso ir direto ao assunto?—Yoshida concordou—Preciso que continue com nossa aliança, mesmo que meu plano não tenha dado certo o Senhor conseguiu o que queria—Vegas Umedeceu os lábios—A Família Principal juntou as três famílias e firmou a aliança propondo casamentos...

—O meu filho está disponível, Vegas—Sugeriu dando um sorriso sem mostrar os dentes.

—Me perdoe, eu tenho companheiro!—Yoshida coçou a barba.

—A quanto tempo?

Vegas pensou por um momento, seu interesse por Pete havia começado quando o garoto começou a segui-lo a mando de Kinn. Vegas o achava interessante e sempre gostou do seu jeito arisco e um péssimo mentiroso—Mas eles não tinham nada, certo?

—Faz alguns meses, nossa relação se consolidou e estamos juntos—Afirmou sério—Bom, o que eu posso oferecer ao Senhor é a minha lealdade, armas e drogas.

—Drogas...—Yoshida se inclinou olhando nos olhos de Vegas—A minha produção caiu depois que alguns policias confiscaram minha plantação. Eu perdi dois hectares de maconha e ópio, o prejuízo foi grande e a demanda e exportação foi atrasada. Mas eu matei aqueles que tentaram me derrubar—Sorriu mostrando seu dente de ouro.

—Eu dou ao Senhor dois hectares em minha ilha, o Senhor pode fazer o que quiser com eles, desde que não afete o solo dos meus produtores—Yoshida arrumou sua postura.

—Está me dizendo que enfim vai me mostrar sua ilha?—Vegas concordou vendo o homem sorrir grande—Que bom que enfim confia em mim Vegas. Sabe que te vejo como um filho, não é?—O mais novo concordou desconfortável.

—Mais um pedido—Suspirou—Macau ainda está na Tailândia, daqui a um mês é o Natal e eu preciso tirá-lo de lá.

—Não se preocupe, eu darei um jeito—Estendeu a mão para Vegas e o mesmo a segurou firme—Estou ansioso para conhecer seu companheiro!

***

Em algum lugar no meio do mar perto de Camboja...

Pete estava entediado, já era noite e ele não havia visto ninguém. Quando ele voltou do banheiro depois de passar horas dormindo na banheira, sua comida já havia sido deixada ali e um anti-inflamatório também—O que o fez se lembrar de suas feridas—Ele comeu e tomou o remédio com certo medo de ser veneno, mas Vegas já teve tantas chances de matá-lo e não fez.

Ele acordou no meio da madrugada com a porta sendo aberta, ele se assustou mas tentou não mostrar muita reação e a luz foi acessa e ele fingiu estar dormindo. Vegas tinha uma expressão cansada no rosto e estava meio pálido, o mafioso se livrou da camisa e foi em direção ao banheiro enquanto desfivelava o cinto. Pete olhou a porta aberta e viu a chance de fugir.

Ele mordeu o lábio inferior sentindo seu coração palpitar, se levantou rapidamente e quando estava chegando na porta ouviu Vegas vomitando. Ele apertou os olhos mas não olhou para trás e correu para fora do quarto o mais rápido que conseguia, aquela casa parecia um labirinto sombrio e aqueles quadros felizes ficavam assustadores de noite.

Pete viu uma porta de vidro que dava para um gramado e por sorte ela estava aberta. Ele correu por ela e desceu as escadas e sentiu a grama em seus pés, Pete olhou para os lados e foi em direção a praia, pulou uma mureta com dificuldade sentindo seus machucados repuxarem pelo esforço e correu pela areia.

Dois tiros seguidos foram ouvidos e um passou de raspão em seu braço e o outro de raspão em sua perna o  fazendo cair na areia. Pete tentou se levantar mas outro tiro quase pegou em sua mão, ele se encolheu quando ouviu os passos raivosos na areia, seu cabelo foi puxado com força e Vegas o arrastou pela areia até o gramado.

Pete foi levantado com brutalidade e Vegas o puxou até uma escadaria, o garoto tentou e soltar mas levou uma coronhada que o deixou zonzo. Vegas desceu a escadaria escura e abriu uma porta de metal que rangeu fazendo o cheiro de ferrugem subir e enjoar Pete.

Pete foi jogado num chão gelado e quando ele olhou em volta ainda meio atordoado, seu sangue gelou e ele engoliu em seco sentindo o medo invadir seu corpo.